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As armas dos candidatos a prefeito de São Paulo

10.10.20 09:02

O início do horário eleitoral na televisão deu mostras de quais são as armas que os candidatos a prefeito de São Paulo vão usar durante a campanha para tentar vencer a eleição de novembro e assumir o comando da maior cidade do país, com mais de 12 milhões de habitantes.

Como é praxe no receituário do marketing eleitoral, os candidatos utilizam os primeiros programas no rádio e na TV para se apresentarem ao eleitor, explorando histórias pessoais e vinculando suas imagens a padrinhos políticos ou cabos eleitorais famosos que possam influenciar na escolha das pessoas.

Líder nas pesquisas de intenção de voto até o momento, o deputado Celso Russomanno, do Republicanos, deu a largada em seu programa se associando ao presidente Jair Bolsonaro para tentar evitar o fiasco das duas últimas eleições, em 2012 e 2016, quando ele também aparecia na frente no início da disputa, mas sequer chegou ao segundo turno.

O próprio Russomanno fez questão de lembrar suas derrotas. Disse que em 2012 o eleito foi Fernando Haddad, do PT, “considerado o segundo pior prefeito de São Paulo. E que em 2016 o escolhido foi o tucano João Doria, “que abandonou a cidade”.

“Agora me diga: São Paulo melhorou com PT? Melhorou com o Doria? O que São Paulo precisa é de um prefeito que tenha apoio do presidente da República. Eu sou esse candidato. Depois de cuidar de você consumidor, eu quero, junto com Bolsonaro, cuidar de todos os cidadãos”, disse Russomanno, que apresentava um programa de defesa do consumidor na TV Record até o início da campanha.

Dono do maior tempo de TV, com mais de 30% dos dez minutos reservados às candidaturas majoritárias, o prefeito Bruno Covas, do PSDB, atrelou seu drama pessoal, o tratamento contra um câncer no sistema digestivo, às ações adotadas por sua gestão para enfrentar a pandemia de Covid-19 na capital paulista. Ao exibir as imagens do filho e do avô, o ex-governador Mario Covas, disse que os dois são suas “maiores inspirações”.

O tema da saúde vai permear toda a campanha tucana, que pretende estabelecer uma relação entre a evolução pessoal do prefeito na luta contra o câncer e a retomada da vida na cidade após o isolamento social imposto em razão da pandemia. A ideia é dissociar Covas da imagem de Doria, que deixou a cidade nas mãos do atual prefeito para se candidatar a governador, descumprindo uma promessa de campanha.

Assim como Bolsonaro, Doria também enfrenta um alto índice de rejeição na capital, ainda que menor do que o do presidente. Por isso, o ex-governador Márcio França, do PSB, pretende vincular a todo momento a figura de Covas a de Doria para tentar se eleger prefeito da capital. Em 2018, embora tenha perdido a eleição para o atual governador, França derrotou o tucano na capital. Acreditando que o cenário possa se repetir, embora o candidato do PSDB seja outro, ele tem reeditado o mote da campanha passada, sob o slogan “Aqui tem palavra”.

Mais à esquerda, o ex-deputado Jilmar Tatto resolveu assumir o risco de levar o ex-presidente Lula para seu programa de TV numa tentativa de evitar o maior fiasco do PT em eleições na capital paulista desde a redemocratização. Como se sabe, Lula é muito rejeitado na capital. Com apenas 1% das intenções de voto, Tatto também tenta jogar luz sobre seu trabalho como secretário nas gestões de Haddad e da ex-prefeita Marta Suplicy, quando iniciou a construção de ciclovias e corredores de ônibus.

O maior adversário do petista é o ex-presidenciável Guilherme Boulos, do PSOL, que tem conquistado o apoio de antigos cabos eleitorais do PT, como os músicos Chico Buarque e Caetano Veloso. Em seus parcos 17 segundos de TV, Boulos só apareceu em fotos até agora. A mensagem da campanha foi transmitida pelo ator Wagner Moura, que destacou, além do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, o MTST, a trajetória política da vice, a deputada e ex-prefeita Luiza Erundina. A estratégia, porém, resultou na suspensão da peça pela Justiça Eleitoral, porque o ator aparece mais tempo do que o próprio candidato, contrariando a legislação.

Já no campo da direita, a deputada Joice Hasselmann, do PSL, tenta abraçar a causa anticorrupção e se associar à Lava Jato para se distinguir dos demais candidatos. “Eu fui para as ruas. Eu saí do estúdio de jornalista e fui para a (Avenida) Paulista lutar pela Lava Jato, contra a corrupção”, disse a parlamentar, em uma peça feita com a linguagem da internet, recheada de memes e montagens que usam cenas de filmes e até de desenhos infantis.

Com pouquíssimo tempo de TV, o deputado estadual Arthur do Val, do Patriota, vai tentar explorar o fato de não usar verba pública em sua campanha e não fazer alianças com partidos fisiológicos. Ele tem usado seu canal no Youtube para expor suas ideias liberais, que enfatizam a privatização de equipamentos e serviços públicos e a redução dos benefícios do funcionalismo público.

Na mesma toada segue o candidato do Novo, Filipe Sabará, que tenta se desvincular do governador João Doria, de quem foi secretário, aproximando-se do bolsonarismo, o que já causou uma crise dentro do partido.

Já Andrea Matarazzo, candidato do PSD de Gilberto Kassab, diz não ser nem de direita, nem de esquerda, nem de centro e aposta suas fichas na experiência que acumulou ocupando cargos públicos, como ministro, embaixador, secretário estadual e municipal e vereador. Na maioria deles, pelo PSDB, antes de se transferir para o PSD.

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  1. se São Paulo, eleger o Russomanno será como a Argentina ter elegido a Cristina! uma tragédia! espero que os São paulinos sejam mais inteligentes!

  2. Ah, e o Andrea, depois daquela entrevista pro Gabinete de crise, já era! Quem vai acreditar num mentiroso daquele calibre? Um empresário de trocentos anos não conhecer seu CPF de cor? Me poupe!

  3. Coitado do Russomano, não acerta uma... Unir-se à barca furada de Bolsonaro só vai aumentar o peso e acelerar o naufrágio de ambos... O Sabará será cassado por enganar o Novo e ludibriar seus filiados (se tivesse um mínimo de honra, já teria desistido da candidatura). A esquerda está falida: está só perdendo tempo e dinheiro nas eleições... Os candidatos fisiológicos de sempre também não têm chance. A Joice seria uma potência, se não fosse oportunista... O Arthur é a solução, na minha opinião!

  4. A farsa se repete. Como ainda, temos estômago para ingerir tantos sapos. Esse sistema de governo é um engodo. Só serve à aventureiros, populistas, demagogos, que desejam somente o poder. O país não faz parte do projeto deles. Um sistema viciado, sem recuperação. Reforma Política!

    1. O melhor e votar no menos pior para tirar votos da esquerda

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