Republique du HaitiAriel Henry, de gravata, na chegada ao Quênia: um de seus últimos paradeiros

Apertem os cintos, o presidente do Haiti sumiu

06.03.24 10:58

Ariel Henry, o presidente do Haiti, não está no país durante o mais grave agravamento da crise social e de segurança em anos. Ao mesmo tempo em que gangues invadiram prisões, libertaram detentos e demandaram a sua renúncia, Henry está em Porto Rico, território americano no Caribe, após seu avião ser impedido de entrar no país.

O presidente haitiano deixou o país na semana passada para participar da reunião da Comunidade do Caribe (Caricom) na Guiana. Após participar do evento, ele partiu para o Quênia, onde tenta ajustar os detalhes de uma participação do país africano nas forças de pacificação do país.

Neste momento, aproveitando a ausência do chefe de Estado, as gangues que dominam a capital Porto-Príncipe deram mais uma demonstração de força e invadiram uma das principais cadeias do país, liberando mais de 4.000 criminosos. No meio da situação de emergência do país, o líder dos criminosos afirmou que Henry tem de renunciar para evitar uma guerra civil no país.

“Se Ariel Henry não renunciar e se a comunidade internacional continuar apoiando seu governo, seguimos no caminho de uma guerra civil que levará ao genocídio”, disse Jimmy Chérizier, conhecido como Barbecue, em entrevista à imprensa. Seu grupo, inclusive, domina a capital.

Durante todo o período, Henry (que assumiu o cargo interinamente em 2021, após o assassinato de Jovenel Moïse), sumiu, e não falou nem a seu povo, nem à comunidade internacional. Após sua agenda no Quênia, o presidente viajou em segredo aos EUA e retornaria na noite desta terça-feira, 5.

Os dados disponíveis em plataformas abertas mostram que o jatinho que levava o presidente haitiano decolou de Teterboro, aeroporto privado próximo de Nova York, rumo a Santo Domingo, capital da República Dominicana — país que divide a ilha de Hispaniola com o Haiti. O avião, explicou a Bloomberg, também foi impedido de entrar no país, indo então para Porto Rico.

A crise desta semana é mais uma na longa cadeia de problemas que acorrentam o país. Desde 2018, um misto protestos e distúrbios civis contra o governo, aliado a um crescimento de violência das gangues armadas, um surto de cólera, escassez de combustível e água potável e fome aguda generalizada levou ao colapso do governo.

Desde 2015, o governo haitiano opera de maneira provisória, sem que seus representantes tenham mandatos — e a ameaça de Barbecue não parece ajudar a ver uma nova eleição no horizonte.

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