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A chance de uma guerra entre Irã e Paquistão

18.01.24 14:44

O Irã, comandado pelo aiatolá Ali Khamenei (foto), atacou alvos no Paquistão na terça, 16. A ação destoa do método de ação do Irã, que normalmente prefere usar grupos terceirizados como o Hezbollah, o Hamas ou os Houthis para atingir inimigos. Nesta quinta, 18, o Paquistão revidou com um ataque usando três drones.

Em nenhum dos casos, um país consultou ou avisou o outro antes de realizar as ações militares.

O estranhamento entre esses dois países aumentou e levantou temores de que possa ter início uma guerra maior entre os dois vizinhos, que compartilham uma fronteira de 900 quilômetros.

Os dois países estão em lados opostos na geopolítica e na religião. O Paquistão conta com apoio dos Estados Unidos e é de maioria sunita. O Irã, rival dos americanos, é de maioria xiita.

 

Qual é a chance de uma guerra entre Paquistão e Irã?

Apesar dos ataques desta semana, a chance de um conflito militar em grande escala é pequena.

Isso porque os dois países estão mirando principalmente grupos separatistas do Balochistão, uma região com características históricas e culturais semelhantes que inclui partes do Irã, do Paquistão e do Afeganistão.

Há, portanto, um inimigo em comum.

O Paquistão afirmou que seus alvos eram o Exército de Liberação do Balochistão e a Frente de Libertação do Balochistão. O Irã alegou que atingiu prédios do grupo terrorista Jaish al Adl. Todos lutam pela independência do Balochistão.

Em seus comunicados oficiais, ambos países trataram de usar uma linguagem tentando reduzir o escopo de suas ações, como ataques “precisos” e “altamente coordenados” contra “alvos específicos“.

O Irã também tem muito claro para para que só teria a perder ao iniciar uma guerra com o Paquistão neste momento. Primeiro, porque os paquistaneses, eternos rivais da Índia, têm bombas nucleares. Segundo, porque qualquer conflito maior poderia levar à queda da teocracia xiita em Teerã. É isso os que os líderes religiosos xiitas mais temem.

O motivo que teria levado os iranianos a atacar o Paquistão e iniciado essa escalada militar não tem relação com a guerra entre Israel e o Hamas. Tampouco vem do desejo de incomodar os americanos.

O objetivo foi o de causar danos aos “inimigos do Irã“. Tratou-se de uma resposta ao duplo atentado suicida que ocorreu no dia 3 de janeiro em um cemitério de Kerman, onde uma cerimônia lembrava o assassinato do general Qassem Soleimani. O Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados. Segundo as autoridades iranianas, 103 pessoas morreram.

Além de atacar o Paquistão, o Irã também disparou mísseis contra o Irã e a Síria, alegando a mesma intenção: eliminar grupos anti-Irã.

Ao deflagrar essas operações militares, o Irã portanto pretendia dar uma resposta aos ataques terroristas em Kerman.

O que os iranianos não calcularam é que o Paquistão devolveria na mesma medida.

Mesmo assim, os aiatolás sabem muito bem que não teriam nada a ganhar ao comprar briga com o vizinho.

 

Leia mais em Crusoé: Por que o Estado Islâmico odeia o Irã

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    1. O mesmo eu me pergunto em relação ao Lula…. Será que é porque gente ruim não morre?

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