O economista argentino Javier MileiJavier Milei: candidato sui generis em um país sui generis - Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Milei da selva

Candidato à Presidência argentina é uma espécie de Bolsonazi de direita; não só é contra o sistema, mas também contra pente, escova e tesoura
18.08.23

Ao contrário daquela parte remota da minha anatomia, o bolsotrumpismo de extrema direita anarconeoliberal radicalista continua vivo e pulsando. O novo representante desta estirpe de políticos antipolíticos é Javier Milei, o descabelado candidato à Presidência da Argentina. Pelas suas ideias extravagantes e reacionárias, Milei é uma espécie de Bolsonazi de direita.

A primeira coisa que chama a atenção é que esse tal de Milei não só é contra o sistema, mas também contra o pente, a escova e a tesoura. Radical. Milei pretende cortar todos os ministérios do país, o Banco Central e os partidos políticos, mas se recusa veementemente a cortar o cabelo, o que, aliás, só o Guga Chacra é capaz de explicar.

Mas as semelhanças com o careta e conservador Bolsonaro acabam por aí. Milei não defende a família, até porque não tem nenhuma: brigou com o pai, brigou com a mãe e saiu de casa, igualzinho à Larissa Manoela.

Em vez de ir morar com a avó (ia dar muito na pinta), resolveu dividir a casa com a irmã em companhia de cinco cães da feroz raça mastim, um para cada dia na semana. Um mastim devora por dia a mesma quantidade de carne que uma família de brasileiros come num semestre.

Mas, apesar de argentino, Milei tem alguns defeitos. É a favor do casamento gay entre pessoas do mesmo sexo e também defende a venda de órgãos, entre eles o Banco Central. Pensando bem, acho essa ideia de comércio de órgãos vitais uma boa. No meu caso, poderia gerar alguma renda por fora, quer dizer, por dentro, já que alguns deles eu nem uso mais, nem lembro mais como se chamam. E tem alguns órgãos que, igual figurinha, vêm em duplicata, como os rins, os pulmões e os testículos; dá pra viver perfeitamente com um só deles. As mulheres, por exemplo, não têm nenhum testículo e passam muito bem sem eles. Aliás, não tenho mais saco para escrever sobre esse assunto tão escroto porque feministas radicais reivindicam a colocação desse acessório como política de inclusão morfológico-social da mulher em cirurgia paga pelo SUS.

Já vi muitas coisas estranhas na vida, aliás, vejo todo dia no espelho do banheiro aqui de casa. Mas uma coisa que não me causa nenhuma surpresa é a atração de homens (e das mulheres do sexo oposto também) pelo poder. Todos querem poder e poder, com ou sem PH! O poder nos dá o poder de poder com todo mundo e, o que é melhor, não ser preso por isso. Vejam os casos do Trump e do Bolsonaro, que estão aí, livres, leves e soltos. Pode isso, Arnaldo?

Para você chegar ao poder é preciso, antes de tudo, falar mal de quem estava no poder antes. E, depois que assumir o poder, botar a culpa na herança maldita que recebeu do governo anterior. É o caso do presidente Luísque Inácio Lula da Silva, o Janja. Para justificar o recente apagão de energia, mandou seus ministros dizerem que a culpa do apagão foi da privatização da Eletrobras. Mas o brasileiro não tem medo do escuro, e a prova disso é o afrorrapaz da Light que está aqui em casa trocando um fusível e deixou a Isaura, a minha patroa, toda acesa.

 

Agamenon Mendes Pedreira é jornalista anarcoanarquista.

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  1. Pobre Argentina. Um país que nas decadas de 1940 e seguintes caminhou para o precipicio. Se não me falha a memoria o país começou a morrer com a marcha fúnebre do peronismo. Até hoje não se reergueu e não se vê perspectiva de voltar a ser o que era; país rico autosufciente em trigo, petroleo e carne. É uma pena mas sobrou o tango. Ainda bem. Arriba Argentina.

  2. Luisque no primeiro mandato quando era Luis51, culpava o antecessor FHC pela heranca maldita. Falta de criatividade.....

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