Foto: Gage Skidmore/Wikimedia Commons

Trump está voltando

16.01.24 11:36

Boa parte da imprensa internacional acordou nesta terça, 16, tentando se reconciliar com os fatos.

Donald Trump (foto), o homem que foi rotulado como a maior ameaça à democracia ocidental, capaz de incendiar o mundo e que estava prestes a ser condenado por 91 crimes, não apenas não foi parar na prisão, como fez campanha em Iowa e ganhou com trinta pontos de vantagem sobre o segundo colocado as primárias republicanas no estado de Iowa.

É o nome de Trump que quase certamente estará nas urnas representando o Partido Republicano nas eleições gerais, no dia 5 de novembro.

As primárias republicanas em Iowa eram a grande chance que seus rivais tinham de mostrar força e projetar o nome nacionalmente. Mas isso não aconteceu. Os resultados divulgados na noite de segunda, 15, confirmaram as pesquisas eleitorais.

Trump ficou com 51%. Em segundo lugar, veio o governador da Flórida, Ron DeSantis, com 21%. Em terceiro, Nikki Haley, com 19%.

O ex-presidente obteve essa vitória mesmo tendo sido bloqueado em várias redes sociais, após a invasão do Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021. A maior parte dos veículos de imprensa só o cita quando é para falar de seus casos judiciais.

Trump também gastou menos na campanha em Iowa, comparativamente: 18 milhões de dólares entre 1º de janeiro de 2023 e 12 de janeiro deste ano. DeSantis investiu 35 milhões no estado, o dobro. Nikki, 37 milhões de dólares.

DeSantis ainda perambulou por todos os 99 condados de Iowa. Não venceu em nenhum deles.

O esforço de DeSantis e Nikki não teve efeito algum. Com trinta pontos atrás de Trump, fica até difícil para DeSantis dizer que ficou em segundo lugar.

Nos próximos estados que terão primárias, a colocação de DeSantis nas pesquisas é ainda menos animadora. Como ele tinha maior apelo entre os cristãos evangélicos, sua maior esperança era ganhar um empurrão em Iowa, mas isso não ocorreu.

Nikki só foi bem votada entre americanos ricos e com formação universitária, mas esse público não é a maioria entre os membros do Partido Republicano, o que indica que ela não terá mesmo chance de ganhar a nomeação.

Trump foi muito bem-sucedido em inverter o discurso contra ele. O presidente Joe Biden o tem atacado como sendo uma ameaça à democracia. Seus rivais gostam de dizer que uma condenação na Justiça é iminente.

Mas o republicano conseguiu convencer os eleitores de que ele é vítima de uma perseguição judicial, que tem sido alimentada pelo presidente Biden.

Eles querem tirar a minha liberdade porque eu nunca vou deixar que eles tirem a liberdade de vocês. Eles querem me calar, porque eu nunca vou deixar eles silenciarem vocês“, disse Trump em campanha, em setembro. Ao final, eles não estão atrás de mim, eles estão atrás de vocês. Acontece que eu estou no caminho deles, e eu sempre estarei no caminho deles.” Esse raciocínio tem sido repetido em várias ocasiões.

Ao se fazer de vítima e colocar-se contra o poder de Washington, Trump voltou ao lugar em que ele se sente mais confortável, o de um outsider que defende o povo simples americano contra a elite corrupta.

Essa fórmula deu certo em 2016. Deu certo nas primárias em Iowa nesta segunda, 15. Dará certo nas primárias do Partido Republicano.

A ver o que acontecerá nas eleições de 5 de novembro.

Trump está voltando.

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