Tomaz da Silva / Agência Brasil

Por que o Brasil está deixando a força-tarefa da ONU no Líbano

26.07.20 18:31

Desde 2011, o Brasil participa da força-tarefa marítima das Nações Unidas no Líbano, a Unifil, criada para acompanhar a retirada de tropas israelenses e atualmente sob o comando das forças brasileiras. Mais de 4,1 mil militares da Marinha já passaram pela base, considerada vital para a manutenção da paz na região. Na semana passada, entretanto, após uma guinada diplomática, o Ministério da Defesa determinou que o navio de guerra da Marinha deixe a força-tarefa marítima. Hoje, 224 militares brasileiros atuam na região.

Na justificativa, o Ministério da Defesa alega que a ONU já delegou as atribuições atualmente sob comando do Brasil a outros estados-membros, que vão substituir a capacidade militar brasileira a partir de dezembro.

Em portaria publicada na semana passada, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, determinou que a Marinha crie uma comissão para coordenar a volta do navio de guerra e dos militares. O general definiu o dia 2 de dezembro de 2020 como limite para a retirada da força brasileira.

Questões diplomáticas foram vitais para a decisão brasileira. A força-tarefa incomoda Israel porque contribui para que o Líbano desenvolva sua própria Marinha. De igual modo, os libaneses demonstram desconforto quando percebem que a Unifil pende para o lado israelense. Nos corredores do Itamaraty, diplomatas avaliam que o Brasil perdeu a condição de neutralidade para comandar a Força ao se aproximar politicamente de Jerusalém. Por outro lado, aliados de Ernesto Araújo entendem que o país está mudando o foco de sua atuação na segurança internacional para concentrar esforços na proteção do Atlântico-Sul, importante rota da marinha mercante que atende o Brasil. No ano passado, o chanceler visitou Cabo Verde, Senegal, Nigéria e Angola com o objetivo de reativar a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul.

Em fevereiro, ao ser sabatinado no Senado, o embaixador Hermano Telles Ribeiro, indicado por Jair Bolsonaro para comandar a missão diplomática em Beirute, já havia admitido que a presença do Brasil na força-tarefa marítima da Unifil se encerraria ao final de 2020. “Nós temos um contingente de cerca de 200 militares da Marinha brasileira, que muito honram o Brasil e são muito reconhecidos, mas também temos oficiais do Exército em terra, o que, os expõe de alguma forma num cenário bastante delicado”, argumentou à época o diplomata brasileiro.

Segundo a Marinha, desde 2011, a manutenção da força-tarefa no Líbano custou 164 milhões de reais. Indagada por Crusoé, a força informou que a retirada do navio de guerra da missão da Unifil não representa o fim da atuação brasileira no Líbano e que o país seguirá no comando da força-tarefa Marítima da Unifil e no Estado-Maior multinacional da missão.

Sobre as razões para a retirada do navio de guerra e da tripulação, a Marinha informou que “por mais de nove anos consecutivos em que o Brasil esteve à frente do comando da força-tarefa marítima da Unifil, a liderança proporcionou valiosa experiência operacional aos integrantes dos sucessivos contingentes brasileiros”. A Marinha acrescentou que houve “ganhos operacionais e políticos com a atuação da força-tarefa marítima da Unifil e o esforço logístico em manter um navio de guerra por longo tempo afastado de sua base poderá ser redirecionado para uma atuação da Marinha mais presente em nosso entorno estratégico”.

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  1. É bom que venham cuidar do que é nosso e impedir que "joguem óleo no nosso quintal". Muito estranho que as manchas continuem aparecer em nosso litoral. "Cada macaco no seu galho".

  2. PORQUE BRASILEIRO Ñ É CACHORRO DE LIBANÊS P/SERVIR DE GUARDA COSTEIRA! Sem nem temos metade de navios necessária p/ patrulhar a nossa Costa temos o porquê de mandar o nosso Maior navio a costa Libanesa?? Só porque um POLÍTICO CORRUPTO LIBANÊS/BR QUIS!?

  3. A pergunta é : custa quanto? Se a ONU pagar ótimo, agora só ficar gastando com diária de militares que voltem e salvem os ribeirinhos na Amazônia do Covid. Já viram os números? Voltem para casa.

    1. NÓS TEMOS QUE PAGAR 30%, ISTOÉ ,MILHÕES DE DÓLARES! E Ñ TEMOS NAVIOS O SUFICIENTE PARA DEFENDER NOSSA PRÓPRIA COSTA

  4. É daí ? Já avaliam que é mais um passo em falso do presidente ? Se fica leva críticas se sai leva chumbo ! Como é que deve ser então ?

  5. Matéria com baixíssimo nível de informação. Afinal de contas, o Brasil vai ou não deixar a Unifil? Se deixará a missão, por que a Marinha diz que o país continuará no comando? E por que retirará o navio?

    1. Como o texto da Marinha no penúltimo parágrafo não está entre aspas, fica a impressão de que a Crusoé se embaralhou com as palavras. Caso seja transcrição exata, realmente não dá para entender qual será a nova posição do Brasil na missão.

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