Foto: Gage Skidmore

Por que a Eurasia considera os EUA (e Trump) como o maior risco global de 2024

08.01.24 11:31

A consultoria Eurasia divulga todos os meses de janeiro uma lista com os dez maiores riscos globais do ano que se inicia. As previsões de 2024 foram divulgadas em um relatório nesta segunda, 8.

O primeiro item da lista é “os Estados Unidos contra si próprio“. O país terá eleições presidenciais em novembro. Para a Eurasia, a polarização e a divisão da sociedade americana pode alcançar um nível nunca antes visto, e ter reflexos ao redor do mundo.

Embora as Forças Armadas e a economia da América permaneçam excepcionalmente fortes, o sistema político dos EUA é mais disfuncional do que qualquer outra democracia industrial avançada. Em 2024, o problema ficará muito pior. As eleições presidenciais aprofundarão a divisão política do país, testando a democracia americana a um nível que a nação não experimentava há 150 anos e minando a credibilidade dos EUA a nível internacional. Com o resultado da votação próximo do cara ou coroa (pelo menos por enquanto), a única certeza são os danos ao tecido social, às instituições políticas e à posição internacional da América”, diz um resumo do relatório publicado o site da consultoria.

A Eurasia está particularmente preocupada com a possibilidade de uma vitória do republicano Donald Trump (foto), o mais provável desafiante do presidente democrata Joe Biden.

Num mundo assolado por crises, a perspectiva de uma vitória de Trump enfraquecerá a posição da América na cena global, à medida que os legisladores republicanos assumirem as suas posições de política externa e os aliados e adversários dos EUA se protegerem contra as suas prováveis políticas“, diz o texto da consultoria.

 

Como seria um novo mandato de Trump

O relatório da Eurasia traz um texto especial fazendo conjecturas sobre como poderia ser um novo mandato de Trump.

Algumas possíveis consequências apontadas pela consultoria são:

  • Fortalecimento do Executivo, redução dos freios e contrapesos e enfraquecimento do Estado Democrático de Direito
  • Expulsão de milhares de funcionários públicos e a substituição deles por “lobistas inexperientes
  • Protecionismo comercial (algo que também marca a gestão de Joe Biden)
  • Conflito comercial com a China
  • Imprevisibilidade no Departamento de Defesa
  • Retorno de conselheiros políticos, como Steve Bannon, que não têm contato com empresários ou com líderes internacionais
  • Uso do poder presidencial no FBI, no Departamento de Justiça e na Receita Federal para bloquear as ações contra Trump na Justiça americana. “O quão longe esse revanchismo macarthista irá — congressistas da oposição, figuras da mídia, doadores, críticos — é uma questão de enorme importância“, diz o relatório.
 

A Eurasia entende que o mercado financeiro seria beneficiado com um novo mandato do republicano, mas que os danos à democracia poderiam ser mais prejudiciais.

Mesmo que os mercados encarem as suas políticas concretas de maneira positiva, uma segunda presidência de Trump – com todos os seus aspectos personalistas e tendências autoritárias e mercuriais — seria preciso lidar com danos graves à democracia dos EUA. Também começaria a levantar questões fundamentais sobre a estabilidade a longo prazo dos EUA como destino de investimento, a confiabilidade das suas promessas financeiras, a credibilidade dos seus compromissos parceiros estrangeiros e a durabilidade do seu papel como eixo central da ordem de segurança global“, escreve a Eurasia.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Seria preciso entender um pouco mais do quanto isso é análise racional ou bias de empresários do outro lado do balcão, entidades multilaterais, globalistas, etc Trump é execrável, mas não há virgens no bordel em que esse mundo se tornou.

Mais notícias
Assine agora
TOPO