As provas da participação cubana na invasão da Ucrânia

A ONG Prisoners Defenders divulgou nesta terça, 12, um relatório sobre a participação de Cuba na invasão russa da Ucrânia. Segundo a entidade, centenas de soldados cubanos foram enviados para a guerra por determinação da ditadura de Miguel Díaz-Canel (na foto, com o presidente russo Vladimir Putin).

O documento traz as conclusões de pesquisadores ucranianos que analisaram os relatos e os passaportes de 199 cubanos que foram ao campo de batalha:

1. A grande maioria chegou em aviões russos que fazem uma nova rota direta entre Varadero, perto de Havana, e Moscou. A rota foi criada pelo regime cubano e pelo regime russo em julho de 2023, enquanto todas as outras  companhias aéreas que operam em Cuba cancelaram suas rotas porque não há turistas para encher os seus aviões.

2. Todos foram recrutados por pessoal cubano e russo, que trabalham em plena colaboração. Do lado cubano, o responsável por tudo foi a coronel Mónica Milián Gómez, atual adida militar em Moscou e filha do falecido major-general Roberto Milián Vega, que lutou na revolução ao lado de Raúl Castro.

3. O governo facilitou a entrega de passaporte a esses soldados. Uma elevada percentagem dos recrutados recebeu hospedagem e outras formas de ajuda para conseguir retirar o passaporte em Havana dias antes de viajar para a Rússia.

4. A ditadura enviou pessoas que gostariam de resistir fora da ilha comunista e  que tinham participado dos protestos de 11 de julho de 2021, contra o regime. A elas foi prometida residência permanente na Rússia. Eles já foram chamados de “gusanos” (vermes) e “desertores” e mais recentemente também já foram rotulados de “mercenários” pelo regime. O objetivo é manter o controle social interno. “Isto é, o governo de Cuba não se importará minimamente com a morte deles“, diz o relatório.

5. As autoridades de imigração em Cuba, uma vez confirmado que o viajante se dirige à Rússia como mercenário do Exército russo, recusam-se a carimbar o passaporte de saída para que não haja registo da data de partida, como acontece com 100% dos cidadãos cubanos que viajam para fora do país. Seria uma maneira de escamotear a intenção da viagem.

6. Vários deles, como Andorf Velázquez García e Alex Vegas Díaz, ambos com 19 anos e presos pelo Exército russo por se recusarem a lutar, relataram que foram informados de que seriam designados para tarefas de construção civil para o exército russo. Contudo, os cubanos estão sendo enviados para o front.

7. Pelo menos vinte deles entraram pela Belarus, país para onde a ditadura cubana reconhece ter enviado tropas para receber formação militar.

De acordo com a Prisoners Defenders, “o regime cubano encheu os aviões da Aeroflot que fazem uma nova rota criada por ambos os governos desde julho, com centenas de cubanos, entre 500 e mil, que estão na Ucrânia e na Rússia alistaram-se para a guerra“.

Após as primeiras notícias sobre os soldados cubanos na Ucrânia, a ditadura reagiu afirmando que tinha descoberto uma “rede de tráfico de pessoas” russa. As evidências mostram, contudo, que não é possível desvencilhar a ditadura do envio de jovens cubanos para o conflito.