US Joint Chief of Staff via Wikimedia CommonsHunter Biden abraça o pai, Joe, durante a posse presidencial de 2021

Hunter Biden, a pedra no sapato do próprio pai

14.12.23 12:44

Aos 81 anos, Joe Biden perdeu dois de seus quatro filhos em tragédias familiares: um acidente de trânsito matou sua filha Naomi, de um ano, e sua primeira esposa, Neilia, em 1972. Em 2015 seu filho Beau Biden, um proeminente político estadual, morreu com um câncer no cérebro, aos 46. Hoje, Joe é sucedido por um casal, sendo ela a discreta Ashley Biden, uma assistente social no estado de em Delaware.

O “ele”, no entanto, é Hunter Biden, um advogado de 53 anos que se tornou um dos pontos mais sensíveis no governo e na campanha de reeleição do pai. Suas contas bancárias mal explicadas se tornaram um banquete para o partido Republicano que, nesta quarta-feira, 13, abriu um processo de impeachment contra o presidente na Câmara dos EUA.

O processo foi aberto sem uma causa específica. Sabe-se, no entanto, que as contas de Hunter Biden estão de fato mal explicadas. Na acusação da oposição, a empresa aberta por Hunter Biden, que atua no setor de lobby (que é regulado e legal em Washington) teria atendido clientes chineses e repassado dinheiro diretamente o hoje presidente da República.

A imprensa americana, no entanto, dá outra versão: os únicos pagamentos registrados seriam de um reembolso feito em 2018, quando Biden, fora da Casa Branca, pagou parte de uma picape para o filho. Seriam três parcelas de 1.400 dólares, ou 10,5 mil reais em valores corrigidos pela inflação.

Mas os deslizes de Hunter continuaram rendendo frutos: em outubro, a procuradoria apresentou denúncias por porte de arma ilegal. No caso mais recente, aberto no início de dezembro, ele responde a nove acusações por falta de declaração e não pagamento de impostos, além de evasão fiscal e declaração fraudulenta.

Em quatro anos, de acordo com investigadores designados para o caso, Hunter não teria pago cerca de 1,4 milhão de dólares em impostos de sua empresa, gastando o valor em despesas pessoais.

A ambas as denúncias, a defesa de Hunter alega que “baseado na lei, as acusações em Delaware, e agora na Califórnia, não teriam sido apresentadas se o sobrenome de Hunter fosse outro que não Biden.”

Apesar das fragilidades na denúncia, os republicanos devem acelerar a investigação e já admitem publicamente que o objetivo é apenas “empatar o jogo”ao passar o impeachment de Biden na Câmara, tanto o democrata quanto Donald Trump, seu virtual oponente nas eleições de 2024, terão sofrido o mesmo processo de destituição pela Câmara (Trump, no entanto, teve o processo aberto duas vezes). 

“[Quero dar a Trump] um pouco de munição para rebater”, disse o republicano Troy Nehls (Texas), um dos mais vocais defensores do impeachment, ao USA Today.

Hunter Biden é uma figura fora da política — que até esta semana não havia falado publicamente sobre as denúncias. Após a abertura do processo de impeachment, ele convocou uma coletiva de imprensa, onde garantiu que se coloca à disposição do Congresso, desde que a sessão seja pública.

“Durante seis anos, fui alvo da implacável máquina de ataque de Trump, que ficava gritando ‘Onde está Hunter?’”, disse, em seu discurso. “Bem, aqui está a minha resposta, estou aqui.”

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO