Adriano Machado/Crusoé

Ernesto ataca Kátia Abreu e amplia crise com o Congresso; Pacheco reage

28.03.21 21:19

Sob fritura política, o chanceler Ernesto Araújo (foto) decidiu dobrar a aposta contra o Congresso. Após deputados e senadores pressionarem o presidente Jair Bolsonaro a demiti-lo, o ministro das Relações Exteriores usou as redes sociais neste domingo, 28, para sugerir que o parlamento trabalha por sua saída devido a interesses escusos e não em razão do desempenho considerado insatisfatório na condução do Itamaraty frente à pandemia do novo coronavírus.

A ofensiva ocorreu no Twitter. Em duas postagens, Ernesto insinuou que as investidas do Congresso têm relação com o debate sobre o futuro da tecnologia 5G no país — a discussão sobre a implementação da rede envolve a possibilidade de banimento da empresa chinesa Huawei da concorrência. Ao sustentar a tese, o ministro fez menção direta ao nome de Kátia Abreu, do Progressistas de Tocantins.

Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado’. Não fiz gesto algum. Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria“, escreveu.

As palavras de Ernesto provocaram críticas em massa de deputados e senadores de todos os espectros políticos. Congressistas consideraram as publicações um ataque direto ao Senado como um todo. O presidente da casa, Rodrigo Pacheco, do DEM de Minas, pontuou que “a tentativa de desqualificar” Kátia Abreu ocorre no momento em que o parlamento busca “unir, somar e pacificar as relações entre os Poderes“. “Essa constante desagregação é um grande desserviço ao País“, afirmou.

Correligionário de Pacheco, o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre afirmou que a insinuação de Ernesto trata-se de “um ato contra todos que constroem a longa e honrosa tradição da diplomacia brasileira“.

Aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, o senador e presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira, disse, nas redes sociais, que “o Brasil e o povo brasileiro não merecem” o novo atrito provocado pelo chanceler. “No momento em que há um grande esforço para a pacificação e o entendimento, lamento muito que justamente o responsável por nossa diplomacia venha a criar mais um contencioso político para as instituições.”

Líder da oposição, Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, declarou que a ofensiva de Ernesto deve ser tratada “como um ataque a todas as instituições democráticas“. “É inaceitável que este senhor permaneça uma hora sequer a mais no cargo de representante da nossa diplomacia. Bem mais que repúdio, queremos a saída imediata de Ernesto Araújo“.

A senadora Simone Tebet, do MDB do Mato Grosso do Sul, engrossou o coro. Para a parlamentar, “Ernesto e democracia não andam juntos”. “Não há opção. Democracia fica. Ernesto tem de sair“, defendeu.

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