E aí, Guatemala? Como a política tirou o país do Pan 2023

Gabriela Martínez e María Renee Rodríguez ganharam, nesta terça-feira (24), a medalha de ouro nos Jogos Panamericanos realizados em Santiago do Chile. As duas atletas do squash — esporte que se assemelha ao tênis e é praticado em ambientes fechados  — venceram a dupla argentina na final. Antes, Sophie Hernandez teve a prata no pentatlo moderno e Alejandra Higueros teve resultado semelhante no taekwondo.

Em comum, as quatro atletas não puderam receber as medalhas pelo seu país, a Guatemala. Isso porque as cores azul-claro e branca do país na América Central estão suspensas dos jogos deste ano, por um caso de interferência política no comitê olímpico do país.

 

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O país está suspenso por ordem do Comitê Olímpico Internacional desde outubro do ano passado, porque o governo do país teria impedido ao comitê nacional “conduzir livremente suas eleições de acordo com seus próprios Estatutos e a Carta Olímpica”. Impugnações contra o funcionamento do comitê local (COG) acabaram sendo levadas à Corte Constitucional do país, que alterou parte do regimento interno do COG.

A interferência estatal no esporte olímpico é visto como uma infração pelo COI, que marcou o início da pena para o dia 15 de outubro do ano passado, quando o país não respondeu aos últimos apelos do organismo esportivo internacional.

A Panam Sports, entidade que organiza os Jogos Panamericanos, autorizou que 135 atletas do país competissem na edição de Santiago. Para isso, o país não poderia apresentar nenhum de seus símbolos, como bandeiras e uniformes. Eles são tratados, em quadros de medalhas, como “Equipe de Atletas Independentes” (EAI) ou simplesmente “atletas independentes.”

Como a pena é por um ciclo olímpico, a punição permanecerá ao menos até os Jogos Olímpicos de Paris, que começam em 26 de julho do ano que vem. O COI não enviou convites dos Jogos para a Guatemala e a história deve se repetir: os atletas devem competir de maneira independente, juntos de nomes da Rússia e Belarus. Moscou (já reincidente nesta punição) e Minsk estão suspensas de participar por sua participação na guerra da Ucrânia.

O caso guatemalteco atrapalha seus atletas, que perdem parte do financiamento olímpico internacional. Isso, no entanto, não tirou o brilho no olhar dos atletas.

“O uniforme diz  uma coisa, mas todos os guatemaltecos competindo aqui levamos o país no coração”, disse Maria Renée, a campeã no squash. “Ninguém pode mudar isso.”