De vitrine a problema: currículo de Decotelli deve levar à demissão do ministro
Recém-nomeado ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli foi mantido no cargo pelo presidente Jair Bolsonaro na noite de segunda-feira, 29, depois de questionamentos sobre o currículo do militar da reserva. Mas a sequência de desgastes ganhou mais um elemento nesta terça-feira, quando a Fundação Getulio Vargas informou que Decotelli nunca foi professor ou pesquisador da...
Recém-nomeado ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli foi mantido no cargo pelo presidente Jair Bolsonaro na noite de segunda-feira, 29, depois de questionamentos sobre o currículo do militar da reserva. Mas a sequência de desgastes ganhou mais um elemento nesta terça-feira, quando a Fundação Getulio Vargas informou que Decotelli nunca foi professor ou pesquisador da instituição, ao contrário do que indicava o currículo do ministro. O episódio deve sepultar definitivamente o futuro do economista à frente da pasta.
Ao escolhê-lo para comandar o MEC, Jair Bolsonaro pretendia pacificar o ministério, que enfrentou uma longa paralisia durante a gestão de Abraham Weintraub. As polêmicas e trapalhadas do ex-titular atrapalharam o andamento de projetos e políticas públicas da pasta e sepultaram o diálogo com o Congresso. Decotelli chegou ao primeiro escalão com a promessa de fazer “um trabalho técnico”. Mas, em poucos dias, teve que dedicar-se em tempo integral a explicar as inconsistências de seu currículo.
Na semana passada, a Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, informou que Decotelli concluiu os créditos, mas não defendeu sua tese e, portanto, não tem título de doutor. Ontem, veio um novo desmentido: a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, afirmou que ele não o economista não fez pós-doutorado na instituição.
Somam-se a essas falsas declarações questionamentos de que ele teria plagiado trechos de sua dissertação de mestrado. Todas essas incongruências não foram detectadas em checagens da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, durante a análise da vida pregressa do militar da reserva da Marinha. Até mesmo na ala militar, Decotelli perdeu sustentação.
Jair Bolsonaro volta-se agora a um velho dilema: escolher um representante da ala ideológica, como defendem seus seguidores mais radicais; selecionar um nome com traquejo político, como pedem parlamentares; ou buscar novamente alguém com perfil 100% técnico e que ostente um currículo respeitável, como Decotelli apresentou-se antes de ser desmascarado.
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