Adriano Machado/Crusoé

Caixa diz se importar com transparência, mas nega acesso a gastos com publicidade

16.10.21 14:10

A Caixa Econômica Federal alegou, em parecer de três páginas, que a imposição de sigilo sobre seus gastos com publicidade busca o “fortalecimento da democracia”. Nas edições semanais 179 e 180, Crusoé mostrou que as áreas de patrocínio, crédito e publicidade do banco têm sofrido forte influência do clã Bolsonaro.

Na sexta-feira, 8, a Procuradoria da República no Distrito Federal passou a investigar a atuação da primeira-dama Michelle Bolsonaro junto à Caixa com a finalidade de liberar empréstimos para empresários de Brasília próximos da família presidencial. Michelle chegou a fazer pedidos de liberação de empréstimo diretamente ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e depois enviou ao banco uma lista com nomes de empresas que deveriam ser contempladas.

Já Flávio Bolsonaro, filho 01 do presidente, tem indicado as entidades e confederações esportivas que recebem dinheiro do setor de patrocínio — mesma área onde Michelle também tem conseguido recursos para ONGs parceiras do programa Pátria Voluntária, que ela comanda. Já o setor de publicidade passou a destinar milhões de reais a artistas e personalidades ligadas ao bolsonarismo, como os apresentadores de TV Luciana Gimenez e Sikêra Júnior, e o cantor sertanejo Gusttavo Lima.

O parecer da Caixa justificando o sigilo dos gastos de publicidade foi emitido depois que Crusoé tentou acessar os valores por meio da Lei de Acesso à Informação. “Ressaltamos que, em cumprimento às disposições legais, buscamos o fortalecimento da democracia e desenvolvimento da cidadania, registrando todas as despesas com publicidade mensalmente no endereço eletrônico já informado acima”, diz um dos trechos do documento, assinado pelo superintendente nacional de compras da Caixa, Paulo Fernando de Lira Junior.

O banco alega “que registra todas as despesas com publicidade” em seu site institucional. O banco só não diz que, no mesmo endereço eletrônico, aparecem apenas os valores globais dos gastos. Dessa forma, não é possível ter acesso aos valores individuais pagos a cada artista, apresentador e entidades religiosas. Na prática, o sigilo permanece.

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