Aras recebeu 87 pedidos de investigação sobre Bolsonaro, mas só um virou inquérito
Indicado para mais dois anos à frente da Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras (foto) recebeu do Supremo Tribunal Federal pelo menos 87 pedidos de investigação sobre Jair Bolsonaro, realizados por políticos e cidadãos comuns, desde o início de seu mandato como chefe do Ministério Público, em setembro de 2019, conforme levantamento realizado por Crusoé. Do total,...
Indicado para mais dois anos à frente da Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras (foto) recebeu do Supremo Tribunal Federal pelo menos 87 pedidos de investigação sobre Jair Bolsonaro, realizados por políticos e cidadãos comuns, desde o início de seu mandato como chefe do Ministério Público, em setembro de 2019, conforme levantamento realizado por Crusoé.
Do total, apenas a petição que sugeriu a prática do crime de prevaricação pelo presidente no escândalo Covaxin virou inquérito -- e somente após um duro recado de Rosa Weber, que afirmou que, “no desenho das atribuições do Ministério Público, não se vislumbra o papel de espectador das ações dos poderes da República”.
A rigor, a Polícia Federal ou o Ministério Público Federal são as vias adequadas para a apresentação das “notícias-crime”, como são intitulados no jargão jurídico os pedidos de apuração. Porém, diante da lentidão da PGR para responder aos pedidos em algumas situações, políticos passaram a acionar preferencialmente o STF, que costuma cobrar um posicionamento do órgão em poucos dias, seja com a definição de prazo ou não, a depender da gravidade de cada caso.
Diante das intimações, sob o comando de Aras, a PGR defendeu de forma sumária o arquivamento de 44 das 87 notícias-crime recebidas contra o presidente. Nesses casos, o órgão disse ao Supremo não ter identificado qualquer indício de irregularidade na conduta de Bolsonaro e nem sequer abriu apurações preliminares.
Foi assim que a PGR reagiu, por exemplo, diante do pedido de investigação sobre os depósitos de 89 mil reais realizados por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, e pela mulher dele, Márcia Aguiar, na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro -- as transferências foram reveladas por Crusoé.
Nesse caso, Aras desqualificou o advogado Ricardo Bretanha Schmidt, responsável pela notícia-crime, e afirmou que, embora ele tenha anexado aos autos a reportagem, baseada em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, não havia elementos suficientes para uma investigação.
Alguns dos pedidos de apuração se repetem -- acionada cinco vezes, a PGR se negou a investigar uma ameaça pública de Bolsonaro a um repórter do jornal O Globo. As notícias-crime foram apresentadas depois que, questionado sobre os repasses de Queiroz a Michelle, Bolsonaro respondeu em tom intimidador: "Eu vou encher a boca desse cara na porrada. Minha vontade é encher tua boca na porrada".
À época, o procurador-geral da República não viu crime de constrangimento ilegal. “Não é possível extrair dos fatos narrados ou da matéria acostada à petição inicial que o jornalista tenha sido obrigado, coagido, forçado a fazer algo específico que a lei não manda ou a não fazer algo em particular que ela permite”, escreveu Aras.
Houve, ainda, casos em que Aras topou abrir apurações preliminares sobre ministros, mas não sobre Bolsonaro. Foi assim quando o presidenciável Ciro Gomes acusou o ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça André Mendonça e o presidente da República de usar a Lei de Segurança Nacional para perseguir críticos do governo. “Não há como se pretender, unicamente em razão do vínculo precário de agente político, responsabilizar criminalmente o Presidente da República por atos praticados por seus Ministros de Estado, que, caso adentrem a seara da ilicitude, devem responder de forma individual por seus atos”, avaliou o PGR.
Nas demais 42 notícias-crime, Aras abriu apurações preliminares sobre a postura de Bolsonaro. Algumas seguem em tramitação há meses, outras foram arquivadas. Os pedidos de investigação tratam dos mais diversos temas: omissão diante da pandemia, ataques às urnas eletrônicas, uso político da Agência Brasileira de Inteligência para beneficiar a defesa de Flávio Bolsonaro no caso do “rachid” e advocacia administrativa em favor do advogado da família, Frederick Wassef. Na PGR, a aposta é de que todas as investigações, ainda em estágio inicial, irão para o fundo das gavetas do órgão.
O procurador-geral da República passará por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado na próxima terça-feira, 24. O colegiado avaliará se ele está ou não apto a passar mais dois anos à frente da PGR. Caso a indicação seja aprovada, segue para o plenário, onde precisa do sinal verde de pelo menos 41 dos 81 parlamentares.
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Comentários (10)
Georgvan Gondim Barretto
2021-08-23 16:25:28Vai ser aprovado é do time dos políticos do senado,o povo é quem elege estes senadores para eles reconduzir um cara desse a um novo mandato, vergonha deste senado.
Sônia Adonis Fioravanti
2021-08-23 11:15:50O office boy do Bozo ,de olho no STF
Júlio
2021-08-22 17:41:43Transitar nesse serpentario não é facil. 87 pedidos por quem não tem moral, comportamento e muito menos honestidade para tal. Se nosso país fosse serio, grande parte deveria estar presa e nosso parlamento seria composto de homens honestos, que defenderiam a população. Aí sim teríamos governantes mais equilibrados que nosso presidente. Mas como a coisa está no caos total, esse é o único que temos para enfrentar as serpentes. Força Bolsonaro. Brasileiros, agradeçam esse homem.
Edmundo
2021-08-22 17:30:20Quero ver se CRUSOÉ tem coragem de investiga a Denuncia do Senador Marco Rogério de investigar o Butantã pela a $10 dolar e Consórcio da SMS vendeu a mesma vacina a $5 dolar. Porque vcs protejem o Governo de São Paulo? O existe outro motivo para atacar que governo federal !
Maria Lucia
2021-08-22 16:51:59O Senado, se estiver do lado do Brasil e dos brasileiros tem que rejeitar a indicação de Aras! Ele já dei inúmeras provas de que usa o cargo para proteção dos bandidos de luxo e para desestabilizar o MPF.
Odete6
2021-08-22 15:22:52E vamos traduzir esse recadinho: """se o senado tocar em mim, não poderei mais soltar os meus bandidos mas, também não soltarei mais os seus bandidos nem os bandidos do marginal luladrão, entendeu, colega de bandidagem"""????
Odete6
2021-08-22 11:27:18Pois tem, ou deveria ter, mais um pedido de investigação: "o ódio às crianças"!!!! Primeiro tirou-lhes as cadeirinhas nos veículos; tira-lhes as máscaras em plena pandemia à revelia da Ciência e dos pais; e agora, mais uma covardia coletiva contra a infância: 👉👉👉👉👉👉 https://taboolanews.com/summary-page/7855303787144788769?utm_source=taboola&utm_medium=referral&dc_data=3318626_samsung-browser-android-brazil-portuguese
Vasconcellos
2021-08-22 11:04:04Aras apenas faz parte da máfia que vive no Planalto. Ele é somente um mafioso do segundo escalão. Sem a dignidade que o cargo exige e sem escrúpulos. Por que esperar algo diferente de alguém nomeado pelo capitão? A raposa tomando conta do galinheiro. O Congresso precisaria fazer alguma coisa. Mas cadê o Congresso?
José
2021-08-22 10:32:19Se correr o bicho pega! Se ficar o bicho come. Quem é pior ele ou Lindôra????
MARCOS
2021-08-22 10:27:51PERDEMOS. ESTÁ TUDO DOMINADO.