A olimpíada dos países autoritários

Ministro do Esporte, André Fufuca (foto) indicou nesta semana que o Brasil deve enviar atletas para os Jogos dos Brics — competição esportiva organizada pelo bloco cada vez mais extenso de nações e fundados originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O grupo, além de inchado, têm em sua composição um altíssimo número de países autoritários ou autocratas — quase 80% dos seus membros, indicou o instituto V-Dem. Todos eles devem estar em Kazan, cidade russa que receberá a edição deste ano dos jogos.

“Viemos convidar nossos parceiros brasileiros para participar este ano dos Jogos dos BRICS e dos Jogos do Futuro, que incluem os esportes cibernéticos”, avaliou Alexey Labetskiy, o embaixador russo em Brasília, ao visitar Fufuca na última quarta-feira, 31.

Os jogos ocorrerão em duas semanas, entre 12 e 23 de junho, com 3 mil atletas representes de mais de 60 países, de acordo com a organização russa dos jogos.

Além do quinteto original, os países do bloco ampliado (Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia, do qual apenas esta última teve um chefe de Estado reconhecidamente eleito em um processo democrático) também estarão lá. Países que manifestaram desejo de entrada no bloco como Cazaquistão, México, Turquia, Uruguai, além de vários países africanos e alguns convidados, devem participar de competições em 29 modalidades, do atletismo ao breaking.

A expectativa é que alguns atletas levem a competição de fato à sério, já que ela ocorrerá seis semanas antes da abertura das Olimpíadas de Paris, em 26 de Julho. Desta forma, os jogos dos Brics ganham uma improvável importância — a de “aquecimento” para os jogos olímpicos.

Os jogos, desconhecidos de uma grande parte da população, existem desde 2018 — quando foram sediados pela primeira vez em Guangzhou, na China. Depois da segunda edição, ocorrida na China em 2022, eles passaram a ocorrer anualmente, alinhados com o país que ocupa a presidência do bloco e que recebe a reunião anual de líderes. A última ocorreu no final de 2023, na cidade sul-africana de Durban.