Fonte: Banco CentralOs nove integrantes do Copom: quadra, trinca e dupla

O Copom nunca foi só Campos Neto

Ao contrário do que diz a caricatura petista, o comitê jamais foi um órgão inteiramente dominado pelas ideias de seu presidente
04.08.23

Durante meses, Lula atacou pessoalmente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, responsabilizando-o pela manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano, mesmo número de agosto de 2022.

Nesta quarta-feira, Campos Neto votou com o governo no Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, favorecendo a redução da Selic em 0,50 ponto percentual, em não apenas 0,25. Isso deu aos petistas a oportunidade de dizer que obrigaram o “sabotador” Campos Neto, “o infiltrado de Bolsonaro”, a se curvar.

Essa é uma caricatura que satisfaz o desejo de Lula de ter um bode expiatório a quem atribuir dificuldades da economia, mas que não corresponde à realidade. O Copom jamais foi um órgão inteiramente dominado pelas ideias de Campos Neto, sem qualquer espaço para divergências. Mesmo antes da chegada de dois diretores indicados por Lula Gabriel Galípolo, na Diretoria de Política Monetária e Ailton Aquino, na de Fiscalização – já se podia observar uma divisão no órgão, entre um grupo mais “ortodoxo” ou “conservador” e outro mais “moderado”.

Com Galípolo e Aquino, a situação se tornou um pouco mais complexa. Pode-se dizer que os nove integrantes do Copom se agrupam agora em uma quadra, uma trinca e uma dupla. Isso se refere, obviamente, ao modo habitual de encarar a economia de cada um dos integrantes. A cada votação, é possível que os votos se distribuam de maneira diferente do esperado, tendo em vista as informações que são trazidas para cada encontro e o peso dos argumentos utilizados para defender esta ou aquela tese.

Foi assim nesta semana. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os dois diretores alinhados com o governo, Galípolo e Aquino, mas também Carolina de Assis Barros e Otávio Ribeiro Damaso, em geral tidos como moderados. No entanto, um outro moderado, Maurício Costa de Moura, votou  por uma redução de 0,25 ponto percentual, juntamente com Diogo Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado e Renato Dias de Brito Gomes, tidos como mais conservadores. Diante do empate, Campos Neto, usualmente alinhado em pensamento com esses três últimos nomes, usou seu voto de qualidade para decidir a parada em favor de uma redução mais forte na taxa de juros.

A QUADRA

É importante entender o sentido da palavra “conservadorismo” dentro do Copom. “Estamos falando dos diretores que dão um peso maior às previsões da inflação e que se preocupam bastante com o tamanho da dívida pública. Além disso, uma grande desvalorização do Real em caso de uma queda abrupta dos juros está entre os seus temores”, diz um técnico do BC.

Além de Campos Neto, há outros três conservadores no Copom: Diogo Guillen, diretor de Política Econômica, tido como o mais sintonizado com o presidente; Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e Riscos Corporativos; e Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução.

Nesta semana, eles defenderam que era prudente aguardar mais tempo antes de acelerar a queda da taxa de juros.

A TRINCA 

Carolina de Assis Barros, diretora de Administração; Maurício Costa de Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; e Otávio Ribeiro Damaso, diretor de Regulação, são os moderados do Copom. Isso significa que prestam mais atenção que os conservadores às vozes que vêm de fora do comitê de empresários, investidores, economistas e políticos.

“Na reunião anterior, em junho, esse grupo defendeu que mesmo sem um corte na Selic, era importante sinalizar para o governo e para o mercado que a possibilidade de mudar a trajetória estava sendo estudada a sério”, diz um  analista do mercado de capitais. 

A DUPLA 

Gabriel Galípolo e Ailton Aquino chegaram ao Banco Central com uma missão clara: fazer com que a taxa básica de juros fosse revisada para baixo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou que Galípolo é a voz da equipe econômica no colegiado. “O objetivo dele é aproximar as equipes, a gente ter uma interação maior, trocar informações. Nem sempre as informações batem. Então o ele vai ser uma ponte muito importante”, diz Haddad.

Os dois devem continuar fazendo pressão para que a redução da Selic seja acelerada, favorecendo os objetivos de Lula — a retomada dos investimentos, o aumento de contratações no mercado de trabalho e o estimulo ao consumo.

Até que Lula possa indicar a maioria dos integrantes do Copom, o que só deve acontecer no final de 2024, a dupla deve garantir que as reuniões do órgão tenham uma dinâmica diferente daquela que se observou desde a sua fundação, em 1995. Historicamente, as dissidências no comitê tiveram dois ou três votos. Uma divisão como a que se viu na quarta, forçando o uso do voto de qualidade pelo presidente, foi inédita. Mas a expectativa é que se repita nos próximos meses.

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  1. Esclarecedora a matéria acerca da atual composição do copom. Só caiu na ladainha do governo de que o campos neto era um infiltrado do Bolsonaro quem gosta de se fazer de tolo. Era um bode expiatório clarissimo

  2. O Brasil voltando a ser dos brasileiros, qual o pecado dos juros baixarem? Só porque está no governo do Lula? se fosse do imbecil....boçal....que não governava, só criava confusão estaria certo? Por favor comenta com a razão (cabeça 🗣️ inteligência) e não com fígado....o Brasil está melhorando sim, se não quiserem fiquem quietos e mais decente.

    1. É isso, Adriano, além de demente e, também por isso, é burro; apesar de todas as chances chafurda na ignorância por opção, o que, em acréscimo, acha """lindo"""; é perverso pq se compraz em enganar os ignorantes q o são por falta de chance; e é um repugnante moleque pq Ñ se importa em desmoralizar e humilhar o BRASIL p/ doentia e narcisísticamente exibir-se planeta afora; e, claro, sem noção pq nos envergonha ainda mais ao Ñ perceber como o planeta o tem como acachapantemente boçal e ridículo!!!

    2. 2. O melhor de tudo é que o PT é igual ao reino de edir Macedo: o dia que ele morrer, o reino acaba. Já Lula, o dia que morrer, o PT (quiçá a esquerda) serão enterrados também, para a alegria geral da nação.

    3. 1. Esse governo de corruptos está quebrando a Petrobrás novamente por pura ingerência. Mantendo artificialmente o preço pra querer exigir que baixem os juros. Mas o alcóolatra só vive viajando e falando o que não deve, como o agradecimento da escravidão os negros. Lula tinha que ser interditado mesmo. Tá gagá. Isso se o alemão ainda não veio visitá-lo...

    4. Vá se limpar imbecil você está todo cagado e o seu cérebro é merda pura ... e fede a léguas.

  3. A irresponsabilidade fiscal e (i)moral deste desgoverno comuno-fascista cujo projeto é a bolivarização do regime escravizando a nação questão de tempo com o STF cooptado e comprado o Congresso Nacional impõe juros escorchantes que freiam o bando no poder mas esmaga a nação que paga caro sua insanidade eleitoral e em situação normal a taxa poderia ser de 9% ou 4% real alta ainda mas o BC está certo e este como o IBGE já foi será aparelhado em 2025 com novo comuna para facilitar o golpe em curso.

  4. A maioria desse COLEGIADO de BRASILEIROS DECENTES E RESPONSÁVEIS DO BC, magistralmente presidido pelo seu SR. PRESIDENTE DR. ROBERTO CAMPOS NETO, é a salvaguarda do BRASIL E DO POVO BRASILEIRO contra os criminosos aproveitadores, populistas, oportunistas, irresponsáveis, ignorantes, inconsequentes e perversos q Ñ titubeiam em prejudicar o NOSSO PAÍS p/ a consecução dos seus espúrios objetivos de se manterem no poder a todo custo, bancando inadequadamente os falsos "bonzinhos" p/O POVO BRASILEIRO

    1. Segure firme, COLEGIADO. Façam em conjunto o que for necessário para segurar o pavoroso dragão da inflação enquanto for preciso. O POVO BRASILEIRO não deixará de confiar nos senhores para confiar em ladrão.

  5. Essa perda de 122% precisa ser melhor explicada. Esses furtos das classes abastadas vai ao encontro do PSOL, PC do B e Solidariedade, defensores de grandes conglomerados que roubaram o erário por décadas.

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