Os limites do humor
João Cabral de Melo Neto, o Garoto Enxaqueca da poesia brasileira (literalmente: ele sofreu de enxaqueca por décadas), também sabia contar piada, por incrível que pareça. Em sua entrevista aos Cadernos de Literatura Brasileira do Instituto Moreira Salles, ele se lembrou de uma referente à Guerra Civil Espanhola: um prisioneiro dos franquistas estava sendo levado...
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João Cabral de Melo Neto, o Garoto Enxaqueca da poesia brasileira (literalmente: ele sofreu de enxaqueca por décadas), também sabia contar piada, por incrível que pareça. Em sua entrevista aos Cadernos de Literatura Brasileira do Instituto Moreira Salles, ele se lembrou de uma referente à Guerra Civil Espanhola: um prisioneiro dos franquistas estava sendo levado para o fuzilamento numa região especialmente fria da Espanha. "Puxa, como faz frio neste lugar", disse o prisioneiro aos seus captores. Ao que um dos franquistas respondeu: "Sorte tem você, que não vai precisar fazer o caminho de volta".
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Comentários (4)
Manolo
2023-10-24 13:57:59Qdo era moço, contei uma piada "suja" para um grupo de amigos, alguns pertencentes à organizações ultra religiosas. Quem não era carola riu; quem era ficava olhando pro vazio, sem reação. Então é isso: censura prévia só deve existir pra si mesmo. E deixem os outros em paz.
Francisco
2023-10-22 08:26:16Sempre a minha primeira leitura da Crusoé, nunca decepciona! Com esses exemplos lembrei do Ricky Gervais, sempre polêmico e engraçado.
José
2023-10-20 13:20:23No fim da década de 90, quando os crimes do Maníaco do Parque estavam sendo investigados, no calor dessa tragédia urbano, uma piada, estilo humor negro, era corrente nos grupos de amigos. Dizia-se, à época, “brasileiro faz piada de tudo…”. Reconto aqui: o Maníaco do Parque, tarde da noite, entra com a namorada no parque. Em certo momento, preocupada, a moça indaga: - amor estou ficando como medo. Eis que o namorado responde: - imagine eu, que vou voltar sozinho.
Marcia Elizabeth Brunetti
2023-10-20 10:14:41Maravilhoso seu texto. Quase todo dia comento sobre a necessidade de deixarmos mais amenas as dores do dia a dia. Não é debochar, mas acabamos sofrendo mais e mais sem podermos fazer nada. Além do mais, estou cansada dessa onda de censura prévia. Dias atrás respondi a uma pesquisa do Bradesco sobre o que eu achava de colcar mais humor em suas propagandas. Adoro a ideia. Mas fico indignada ao pensar que hoje é preciso perguntar antes se pode ou não brincar.