Protesto contra a Braskem no bairro de Mutange, em MaceióNo bairro de Mutange, o protesto de famílias que foram desalojadas - Gésio Passos/Agência Brasil

Maceió afunda e a elite de Lula Lira se refestela

A mina 18 da Braskem afunda e o desgoverno Lula Lira levou 1.337 turistas, 5,5% do total, para na COP 28 debater miragens no deserto
08.12.23

A Braskem é uma empresa mista cuja maioria das ações (51%) é da Novonor, disfarce fajuto para ocultar Odebrecht, sobrenome do patrono, Norberto, cujo neto, Marcelo, cumpriu pena por corrupção. O sócio minoritário (47%) é a Petrobrás, vítima do maior assalto ao Tesouro Nacional da história. Enquanto a casta, sob liderança de Lula Lira, se refestela nas Arábias, é cometido o mais absurdo crime ecológico do mundo no momento: o afundamento de uma mina de sal-gema que ameaça 200 mil famílias que moram em cinco bairros de Maceió sob indiferença da casta dirigente de políticos, governantes, militares, marajás da máquina pública, sindicalistas e nababos. Os brasileiros somam 5,5% dos 24.888 representantes dos 195 países restantes na inócua reunião em Dubai.

O feito é comemorado como sendo a prova de que o Brasil salva o planeta submetido a intempéries climáticas, não pelos méritos de nossa elite estroina, mas pelo fato fortuito de ter em seu território a maior concentração vegetal do planeta. Mas deveria mesmo enojar de vez que até agora nenhum desgoverno vigente ou passado combateu o desmatamento dessa Hileia. O desgoverno Lula Lira insiste em patrocinar uma aventura escatológica de depredação da área gigante para extrair óleo bruto em benefício da Petrobrás, roubada vergonhosamente no Petrolão, e pretendendo instalar campos de extração de combustível degradado e degradante às margens do rio-mar. Isso num momento que não teria como ser mais impróprio. De um lado, o crime ecológico da Braskem leva proprietários de imóveis sobre a mina que cede, cujo teto cresce ameaçando-as no mínimo de despejo involuntário, à perspectiva da perda total de patrimônio. E a ditadura sob o chavista Maduro ameaça passar sobre território brasileiro para invadir a mútua vizinha Guiana, contrariando decisões negociadas internacionalmente e baseada apenas num plebiscito que teve baixíssimo comparecimento para a tomada da decisão e uma aprovação incrível de 96% dos consultados por uma ditadura fascista, que se fantasia de ideologia comunista para enganar os bobões ao sul. O desgoverno Lula Lira não conta com apoio da população que o elegeu nem com forças armadas equipadas o suficiente para evitar a aventura do tiranete ambicioso. E a Braskem afunda Maceió sem dó.

Conforme o site Poder360, “a Agência Nacional de Mineração (ANM) e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) falharam na fiscalização das atividades da Braskem, em Maceió”, segundo ação civil pública protocolada em 2019 pelo Ministério Público Federal em Alagoas. Ligados aos governos federal e estadual, os órgãos tinham a função de fiscalizar e conceder licenças ambientais para a extração de sal-gema – minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC. Em 2019, o presidente era o direitista Jair Bolsonaro e o governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho, é hoje ministro dos Transportes do governo Lula Lira. Apoiadores do atual desgoverno federal utilizam todo o seu estoque de insultos e palavrões para acusar críticos da situação de pouparem o ex-presidente, transferindo a alça de mira para o derrotado nas urnas por Lula.

Na verdade, todos os governos federais e estaduais nos últimos cinco anos têm culpa pela tragédia que atinge direta ou indiretamente 20% da população nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol em Maceió. Cabe a Bolsonaro, obviamente, responder por quatro dos últimos cinco anos de calvário desses maceioenses. No entanto, de nada adianta cobrar responsabilidade do ex-presidente, cuja gestão foi reprovada nas urnas, mercê das quais o petista Luiz Inácio Lula da Silva o substituiu no comando do Poder Executivo federal. Só a este cabe resolver o problema, pois de nada adianta cobrar ação impossível do antecessor.

O caso de Alagoas é complicado, por serem os dois políticos mais importantes do Estado adversários, ou melhor, inimigos figadais. Arthur Lira é o líder do Centrão, que controla as bancadas na Câmara, que preside, e é obedecido por seus líderes, tornando-o sócio proprietário da gestão republicana. Sendo ministro da atual gestão, o filho de Renan Calheiros carrega parte da culpa, dividindo-a com o chefe, Lula. Portanto é deste que tem de ser cobrada ação federal para resolver o problema, assim como do atual governador alagoano, Paulo Dantas, do MDB, aliado de Renan pai ou filho. O prefeito de Maceió, João Henrique Holanda Caldas, do PL, é aliado de Lira. A mistureba toda facilita a paralisia. Renan pai conseguiu 25 assinaturas para compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem no Senado, mas os líderes partidários, fiéis a seu inimigo número um, não indicam os componentes. Apoiado pelos dois adversários, chefe do filho de um deles e dependente do outro para vencer votações para seus projetos, Lula continua fugindo para o exterior. Como no caso dessa assombrosa comitiva que foi a Dubai debater teorias sobre o clima global para não ter de resolver coisa nenhuma sobre o maior crime ambiental em curso no mundo inteiro, ao alcance de sua caneta e de suas mãos.

Enquanto a mina da Braskem afunda desafiando a decisão do Ministério Público e do Supremo sob Bolsonaro, agrando a Lula, de extinguir a Operação Lava Jato, o parceiro de Lira no desgoverno voa para longe sem atinar que o lero-lero petista para culpar Bolsonaro desse crime desumano a humanidade poderá até salvar-lhe a pele, talvez não a faixa.

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. Infelizmente nenhum dos responsáveis por essa catástrofe será punido. E, se há uma multa, o dinheiro não será direcionado para as famílias. E pensar que essa Brasken poderia nem existir mais se a LAVA-JATO estive ativa.

  2. A cpi no Brasil, não passa de um circo. Aonde deputados de esquerda e direita se gladiam por algumas horas de fama, na tv.

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