Adi Schwartz: “O problema não é apenas o Hamas”

Autor do livro “A guerra de retorno” afirma que palestinos em geral rejeitam a existência de Israel e que a paz só poderá vir com uma mudança de mentalidade 
08.12.23

O historiador e cientista político israelense Adi Schwartz acredita que a ideia de que o Estado de Israel deve ser destruído não é exclusiva do grupo terrorista Hamas. Segundo ele, que escreveu com a ex-deputada Einat Wilf, do Partido Trabalhista, o livro A Guerra do Retorno, esse sentimento está presente em toda sociedade palestina.

Esse pensamento de que nós só temos de cuidar do Hamas que tudo ficará bem é um grande erro. O problema é muito mais profundo”, diz Schwartz ao Crusoé Entrevistas. Uma prova de que boa parte da população palestina compartilha dos mesmos objetivos do Hamas está no fato de que muitos civis desarmados entraram em Israel com os terroristas. “Sabemos hoje que civis de Gaza, que supostamente não são do Hamas, ainda retêm corpos ou pessoas sequestradas”, diz Schwartz.

Outra evidência de que o sentimento anti-Israel está presente na sociedade palestina como um todo pode ser constatada nas comemorações que ocorreram quando prisioneiros palestinos foram libertados dos cárceres israelenses, em uma troca negociada de reféns.

Estamos falando de manifestações com bandeiras verdes do Hamas. Isso é algo que você não pode deixar de perceber. Muitas pessoas se cobrem com as bandeiras verdes grandes do Hamas”, diz Schwartz. Pesquisas de opinião pública também mostram um apoio forte ao grupo terrorista. “O apoio ao Hamas e às suas atrocidades de 7 de outubro estava em torno de 70%, 80%, 90%”, diz Schwartz. Ele acredita que a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos, UNRWA, tem um papel importante na disseminação dessa ideologia.

Schwartz também alerta para o fato de que nenhuma figura pública, como um autor, um intelectual ou um político, apareceu para condenar os atos terroristas do Hamas. Isso não ocorreu nem na Faixa de Gaza, nem na Cisjordânia, nem em países do Ocidente.

Eu não acho que as pessoas não se manifestam contra o terrorismo somente porque têm medo do Hamas. Acho que é algo muito profundo no sentimento nacional e na compreensão dos palestinos”, diz Schwartz.

Para ele, que trabalhou como jornalista por dez anos no jornal israelense Haaretz, a situação agora é parecida com a que havia após o fim da Segunda Guerra Mundial. Naquele momento, os aliados tiveram de encontrar um meio para lidar com as pessoas que tinham sido radicalizadas, seja na Alemanha nazista ou no Japão imperial.

Ainda teremos de lidar com a motivação deles. Por ‘motivação’, digo ideologia. Será preciso mudar a mente dessas pessoas. É um desafio muito grande. Não tenho a resposta de como fazer isso. Certamente, precisaremos da ajuda e da assistência da comunidade internacional. Caso contrário, não será possível”, diz Schwartz.

Assista ao vídeo abaixo:

 

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  1. Difícil mudar "a mente dessas pessoas' vendo o histórico das atrocidades cometidas pelos israelenses (evidentemente os palestinos também cometeram, sendo o mais repugnante este último). Na guerra de 1948-49 os israelenses cometeram os massacres dos vilarejos de Deir Yassin e Dawayima e promoveram uma limpeza étnica. Em 1982 Israel apoiou a milícia libanesa cristã que massacrou a população nos campos de refugiados Sabra e Shatila. Há também as intifadas de 1987, 1993, 2000 e 2002 em que muitos palestinos foram mortos. A lista de massacres é grande. A faixa de Gaza é há muito tempo cercada por terra, mar e ar. A Autoridade Palestina na Cisjordânia é um mero aparato burocrático, a soberania é de Israel. É mesmo difícil de mudar.

  2. Opa!!! Nao é o mesmo sentimento que os israelitas nutrem pelos palestinos???? Entao 0 a 0 meu amigo!!! Ou tu tb é binario que nem os lulistas e bolsonaritas???

    1. Israel precisa urgentemente resolver a questão dos "colonos" que continuamente invadem os territórios Palestinos na Cis Jordânia e com isto alimentam os argumentos fundamentalistas do outro lado.

    2. Opinião sua ou existe alguma pesquisa que mostre isso por parte dos israelitas?

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