Reprodução Venezuela Nicolás Maduro

Com 10,5 milhões de votos, Maduro ainda perde na Venezuela

04.12.23 10:53

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro (foto), declarou vitória no referendo sobre a anexação da Guiana, realizado no domingo, 3. Mas os números divulgados pelo regime não apenas indicam um teatro eleitoral, como mostram que a ditadura saiu perdendo ao medir forças com a oposição democrática.

O presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Elvis Amoroso, anunciou que 95,33% dos eleitores que participaram do pleito apoiaram a proposta de anexar o território guianense. A soma dos votos favoráveis seria de 10,5 milhões. O mesmo número foi repetido pela TV estatal.

Mas 10,5 milhões de votos é muita coisa. Quando Maduro foi eleito, em 2018, em uma eleição fraudulenta que não foi reconhecida por vários países, ele teve 6 milhões de votos. Naquela ocasião, o total dos votos chegou a 9,1 milhões.

Na Venezuela, o voto não é obrigatório. O comparecimento costuma ser baixo, tanto que nenhum dos centros de votação apresentou fila. Mas Amoroso não divulgou o índice de abstenção. Tudo foi feito para dificultar a interpretação dos dados.

A hipótese é que Maduro e os seus comandados estejam contando os votos nas cinco perguntas do referendo. Cada eleitor, então, votou cinco vezes.

Sendo assim, para calcular o número de eleitores, o correto seria dividir o total por cinco, o que daria 2,1 milhões de venezuelanos votando.

O valor é menor que o comparecimento nas primárias da oposição, que foram vencidas por María Corina Machado. Nessas prévias, que não foram reconhecidas por Maduro, votaram 2,4 milhões de venezuelanos.

Maduro inventou esse referendo sobre a Guiana como uma forma de demonstrar apoio popular, após o sucesso estrondoso das primárias da oposição, em outubro.

No ano que vem, se o ditador não inventar mais nada, o regime terá um encontro com os opositores nas urnas. O resultado deste domingo mostra que, mesmo com toda a máquina estatal para constranger e transportar eleitores, o regime ainda não conseguiu vencer os seus rivais em número absoluto de votos.

Embora a comparação numérica seja próxima, é preciso levar em conta os enormes recursos usados pelo Estado e a pressão para que as pessoas fossem votar“, diz o cientista político venezuelano Guillermo Perez. “E aí temos que a oposição, mesmo sem esses recursos, conseguiu mobilizar mais pessoas.”

 

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