Ricardo Stuckert/PR

O silêncio e a violência misógina de Lula

Silêncio sobre visita da “dama do tráfico” a seu gabinete e violência contra jornal e jornalista que o publicaram normalizam chegada de Dino ao STF
01.12.23

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a “falta de união” da comunidade internacional para lidar com a crise no Oriente Médio entre terroristas palestinos e o Estado israelense, exigindo do Conselho de Segurança da ONU “fazer mais pela paz”. E alertou que apenas um acordo político pode trazer uma solução para israelenses e palestinos. As críticas foram feitas pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que participou na quarta-feira, 29 de novembro, de reunião do colegiado convocada para lidar com a crise no Oriente Médio, no dito Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. O título da reunião revela sem pudor nenhum que ninguém tratou nela do massacre covarde, bárbaro, desumano e cruel infringido pelo Hamas ao executar, prender e sequestrar civis inocentes num show musical. Em tal avaliação, os acordos que estabeleceram uma trégua nos conflitos não resolvem nada.

Enquanto isso, à véspera de embarcar para Riad, na Arábia Saudita, em teoria para pedir investimentos para o Brasil, o presidente deixou aqui suas patrulhas de produtores de fake news disponíveis para deletar duas visitas de Luciane Farias, a “dama do tráfico”, ao gabinete do ministro da Justiça, Flávio Dino, que ele indicou para o Supremo Tribunal Federal (STF). A visita do petista também ao Catar e aos Emirados Árabes Unidos é ainda o óbvio sinal que ele quer dar aos ditadores aliados, em especial Xi Jinping, Vladimir Putin, Nicolás Maduro, Daniel Ortega e Miguel Díaz-Canel, de que continua fiel à aliança intransigente tanto à postura conivente de seu governo em relação ao celebrado terrorismo do Hamas quanto à invasão pelo exército russo, comandado pelo ex-agente da KGB da União Soviética Vladimir Putin, da vizinha e independente Ucrânia. A argumentação de Lula, que trata de questões internacionais para deixar o desgoverno do País com o chefão do Centrão, Arthur Lira, é surrealista: para ele, invasor e invadido têm a mesma culpa pela invasão imperialista do czar da vez. E o Estado democrático de Israel deve ser condenado pela desproporcionalidade de sua reação ao ataque de seus inimigos do Hamas, agressores confundidos com as próprias vítimas inocentes. A ida ao Catar para participar de uma benévola discussão do clima omite o fato de que a elite do grupo terrorista vive à tripa forra abrigada pelos governantes do país. Mas até aí, como se diz na Minas do doutor Tancredo, morreu Neves.

A escala na Arábia Saudita tem a atenuante de ser aquele país o pretexto absurdo dos invasores de território israelense para tentar justificar seu morticínio além das fronteiras de Gaza, em que usam os civis palestinos como propaganda para reduzir o revide do inimigo milenar. Pois os mesmos sauditas, que deram joias de valores milionários ao adversário que ele derrotou nas urnas, Jair Bolsonaro, negociavam no momento da entrada do Hamas no show musical além de suas fronteiras a mesma paz usufruída por outros vizinhos árabes. A saber: Egito, Jordânia, Líbano e Síria, que se rendem nos próprios domínios à flagrante superioridade do poderio militar do vizinho hebreu, atingido no ataque dos terroristas sunitas, ferozes aliados também sustentados pelos aiatolás xiitas persas do Irã.

A pressa com que Lula abusa de sua falta de familiaridade com história, geografia e outras matérias que cabulou no grupo escolar, associada à certeza da fidelidade de seus devotos e à fé na própria impunidade, metabolizam a facilidade com que adota o que lhe vem à telha. Em Riad, ele foi recebido por Muhammad Bin Salman, príncipe herdeiro da casta bilionária e cruel que governa superprodutores de petróleo. O rei é Salman bin Abdulaziz Al Saud, que tem 87 anos e 13 filhos. Um deles, que recebeu o petista nesta terça-feira 28, é um tipo de regente, que até hoje não apresentou versão satisfatória sobre a acusação de haver mandado esquartejar o jornalista compatriota Jamal Kashoggi nas dependências do consulado saudita em Istambul, antiga capital do colonialista e escravagista Império Otomano. Que colonizava Palestina e Israel da queda do Império Romano Oriental, no século 15, à derrota para franceses e britânicos na primeira grande guerra mundial.

O príncipe reinante na velhice paterna destaca-se pela violência com que trata quem diverge da tirania feroz da família e cultiva com rigor tradições religiosas misóginas de seus ancestrais. Lula também recorre à violência da patrulha ideológica petista para esconder seus deslizes. Submeteu a notícia das duas visitas da mulher do chefão do Comando Vermelho ao gabinete do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, ao silêncio cúmplice e à violência misógina. Em vez de pedir desculpas pela mancada, empenhou seu porta-voz, Paulo Pimenta, e a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, a atacar com mentiras cabeludas a jornalista Andreza Matais e o jornal dela, o Estadão, recorrendo a vinganças nazissindicalistas de silêncio e violência, de preferência misógina. Empregada no senso de humor grosseiro que usou para humilhar sua assessora Clara Ant (“entraram cinco homens no quarto dela, ela pensou que era um presente de Deus, era a PF”, comentou em telefonema grampeado e revelado). Mas tem razões para tanto, pois, em vez de execrar seu silêncio sobre as visitas impróprias, bajuladores de plantão elogiam o saber jurídico do vassalo, que nunca foi notório. Nem notável, como exige a Constituição, que ele jurou em vão cumprir na posse.

 

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. O Alibabá demonstra nunca ter gostado de estudar. Odeia a realidade e veste a capa de super herói fake e "ultrapassado" - como disse Macron. Com o currículo acadêmico de 1° grau completo, emite opiniões "profundas" sobre as guerras e democracias.

  2. Sim, mais do que nunca, Lula está fazendo o que lhe dá na telha. E Crazy, digo Gleisi, é encarregada de abafar ou reduzir o choque das besteiras que o presidente tem feito quase diariamente. E quando não é o nosso sumo mandatário é algum dos ignóbeis que ele colocou para destruir nossa dignidade, cultura, economia, justiça etc.

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