Enterra, santa!

Graças a Jeová, moro num país tropical, abençoado por Alá e bonito por natureza! Aqui não tem maremoto, terremoto nem furacão…só enchente. Aqui não tem Hamas, Hezbollah, Al Qaeda. Só tem Comando Vermelho, PCC, Irmãos do Norte, Milícia, Terceiro Comado, Amigos dos Amigos e o Centrão. Por causa disso, venho às lágrimas ao assistir à carnificina na Guerra da Palestina Israelense, que acontece diariamente no Jornal Nacional. Ali, na Terra Sagrada, onde Moisés, que foi zagueiro no Vasco, recebeu das mãos do Todo Poderoso D’us, pessoalmente, a tábua dos Dez Mandamentos (dos quais só consigo cumprir uns quatro). Na verdade, eram 12 mandamentos mas o bom e velho Moishe, como sempre, pediu um desconto.

Depois de vagar pelo deserto por mais de 40 anos, por Seca e Meca de déu em déu, (aliás em Meca não foram bem recebidos), o povo judeu finalmente chegou à Terra Prometida. Não entendo por que sendo o povo escolhido por D’us o Todo Poderoso foi alojar os seus preferidos justamente no único lugar do Oriente Médio onde não tem petróleo.

Ali o povo encolhido (por conta da circuncisão) inventou o monoteísmo. Segundo os historiadores preconceituosos, sem graça e antissemitas, os hebreus criaram essa nova religião porque saía muito mais em conta adorar um só D’us do que ficar rezando para um monte de santos que, muitas vezes, nem são tão santos assim.

Eu, Agamenon Mendes Pedreira, jornalista investigativo e intimorato, estive pessoalmente naquela região inflamada da geopolítica internacional. De uma feita vinha do Egito na estrada para Cafarnaum quando, no caminho parei para rezar e tomar um banho nas águas do rio Jordão.

Fazendo as minhas abluções no córrego sagrado fui tomado por uma visão mística definitiva ao presenciar o finado apresentador Gugu Liberato ser batizado pelo sacerdote carismático Morcelo Rossi. Aquele ato de fé cristã foi devidamente registrado pelos fotógrafos da revista Caras.

O João Batista do SBT jogava água fora da bacia hidrográfica do rio Jordão à vista de uma multidão de fiéis da Igreja Universal dos Sete Dígitos que visitavam a Terra Santa. Foi então que surgiu o Todo Poderoso: Silvio Santos. Neste exato momento presenciei, embasbacado, ao milagre da conversão. Silvio, que é judeu, converteu todas a sua fortuna de reais para dólares e trouxe de volta o Gugu para apresentar seu programa.

Impressionado com aquela cena resolvi atravessar o Mar da Galileia a pé, ao lado do rei Roberto Carlos, onde passei pelo Velho e Novo Testamento. Depois de tantos quibes, esfihas e faláfeis (ou será falafels?), fui acometido por uma terrível dor de barriga.

Devido às precárias condições sanitárias daquele deserto, fui obrigado a utilizar a sarça ardente, um arbusto bíblico que abunda na região, para fazer minha higiene intima. Infelizmente, isso tornou a minha travessia ainda mais dolorosa, aumentando de forma insuportável a minha comichão espiritual.

Depois de vagar por Seca e Meca, de déu em déu, cheguei à cidade de Sodoma, onde experimentei o prato típico da região, a rabada sodomita. Estive também em Gomorra, outra cidade pecadora, onde foi inventada a gomorria, uma sacanagem indescritível praticada naquela região sino aramaica. O curioso é que, mesmo tendo religiões diferentes, na hora de praticar a gomorria reina a mais profunda harmonia entre judeus, árabes e cristãos, igualzinho no Saara, no centro do Rio de Janeiro.

Por essas e outras, rezo para Jeová e Alá todos os dias para que esse conflito bárbaro chegue ao fim. Mas uma coisa é certa: essa guerra só vai acabar quando judeus e palestinos conseguirem convencer o GugaChacra a dar uma penteada no cabelo.

Agamenon Mendes Pedreira é pacifista radical e acha que o Hamas tem mais é que Hezbollah