Preços dos combustíveis devem continuar altos, diz integrante do conselho da Petrobras
Um integrante do conselho da Petrobras, que falou a Crusoé sob a condição de anonimato, disse que as mudanças no comando da companhia não devem alterar a política de preços adotada desde 2016. Segundo essa fonte, o cálculo dos preços com base no mercado internacional deve prosseguir porque, do contrário, haveria risco de desabastecimento no país....
Um integrante do conselho da Petrobras, que falou a Crusoé sob a condição de anonimato, disse que as mudanças no comando da companhia não devem alterar a política de preços adotada desde 2016. Segundo essa fonte, o cálculo dos preços com base no mercado internacional deve prosseguir porque, do contrário, haveria risco de desabastecimento no país.
“A política de preços da Petrobras vai continuar exatamente como tem sido até agora. Não vai mudar em nada porque não tem outra opção. A Petrobras precisa da política de preços internacionais porque o Brasil não é autossuficiente em refino. Então, parte dos combustíveis que a gente usa aqui é importada pelas distribuidoras. Se o preço aqui estiver mais baixo que o preço lá fora, não é bom importar. Ninguém iria importar para não perder dinheiro, então faltaria combustível aqui. O alinhamento com o preço internacional tem que continuar, a não ser que o governo queira subsidiar a importação, chegar para as distribuidoras e dizer: ‘pode distribuir que eu pago a diferença’. Duvido que o Guedes deixe”, diz o integrante do conselho.
Além disso, observa, ainda há o fato de o próximo presidente da Petrobras, Adriano Pires, ser crítico da política de preços adotada durante os governos do PT e defender a paridade internacional nos preços, a despeito da vontade do presidente Jair Bolsonaro de conter a alta.
“Mesmo que o Adriano Pires quisesse mudar a política de preços, e ele não quer, pelo pouco que sei dele, ele não pode, a não ser que queria correr o risco de ver falta de combustível no Brasil. A Petrobras produz cerca de 80% dos combustíveis, o resto tem que vir de fora. Para vir de fora tem que ser importado por um preço competitivo. Acho que ninguém ia querer ver postos sem combustível, postos fechados, fila na porta de postos. Tenho certeza que as distribuidoras não vão importar para vender no prejuízo. E a importação tem que acontecer obrigatoriamente para abastecer o mercado completamente. Então para o preço cair, vai depender do mercado internacional.”
Na noite de segunda-feira, 28, a petroleira anunciou o economista Adriano Pires para assumir o lugar do general Joaquim Silva e Luna. Diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pires coordena projetos e estudos para a indústria de gás natural e atua como consultor na área de energia.
O Conselho de Administração da estatal, que será presidido pelo atual presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, ainda precisa aprovar a destituição do general Silva e Luna da presidência e a indicação de Pires, mas, como Jair Bolsonaro tem maioria no colegiado, a votação é apenas uma formalidade. As trocas deverão ser oficializadas no dia 13 de abril durante uma assembleia.
Conforme revelou Crusoé, em razão da proximidade de Pires com o presidente da Câmara, Arthur Lira, pela primeira vez após sete anos da deflagração da primeira etapa da Operação Lava Jato, os caciques do Centrão voltarão a ter bom trânsito na cúpula da Petrobras.
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Comentários (1)
Fabio
2022-03-30 14:31:45Fica a pergunta: nos não privatizados recentemente várias empresas de refino pelo Paulo Guedes? Agora o problema é que não temos o refino?