Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

PF investiga Banco de Brasília por R$ 690 milhões em contratos de câmbio

11.02.20 09:42

A Polícia Federal investiga centenas de contratos de câmbio para importação efetuados entre 2013 e 2014, pelo Banco de Brasília, o BRB, no valor de cerca de 690 milhões de reais. As operações foram contratadas por três empresas que, segundo a Receita Federal, são ligadas ao doleiro Vinicius Paes de Figueiredo, o Vini, e serviram para lavagem de dinheiro e evasão de divisas de um grupo criminoso alvo da PF.

A informação sobre o inquérito está no material da Chorume, nome da 7ª fase da Operação Descarte. A investigação mira um grupo de doleiros e operadores que se valiam de empresas de fachada e contratos de câmbio fraudulentos para lavar dinheiro para um consórcio de empresas que atuavam no setor de lixo da cidade de São Paulo.

Um dos documentos anexados ao inquérito da Chorume é um relatório do Fisco com informações sobre o doleiro Vini. De acordo com ele, informações fornecidas pelo Banco Central mostram que as empresas Rhensons, RL System e Octan efetuaram contratos de câmbio para importação com o BRB mas, na prática, nenhum bem foi efetivamente importado.

A Octan, segundo o Fisco, assinou 319 contratos de câmbio no valor de 419 milhões de reais, a Rhensons outros 241 que somados alcançam 244 milhões. A RL System aparece no relatório com 29 milhões de reais divididos em 51 transações de câmbio.

As características das transações, afirma a Receita, demonstram que o objetivo das empresas do doleiro era “a evasão de divisas, lastreadas por meio de contratos de câmbio fraudulentos.”

O Banco Central, por sua vez, afirma que “as atipicidades observadas na análise dos dossiês configuram fortes indícios de que a documentação apresentada pelos clientes e aceita pelo BRB é fraudulenta, comprometendo a legalidade das operações de câmbio celebradas por essas empresas, o que possibilitou a remessa de valores indevidos ao exterior.”

Para se ter uma ideia da quantidade de contratos de câmbio efetuados, as transações das três empresas que seriam do doleiro Vini com o BRB representaram 73% do total celebrado pela instituição financeira no período entre agosto de 2013 e outubro de 2014. Chamou a atenção do Banco Central o fato de os contratos terem origem na agência do banco no centro na Sé, no centro de São Paulo.

O BRB, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que durante uma investigação interna feita pela atual gestão “tomou ciência de possíveis irregularidades cometidas em transações de câmbio na agência de São Paulo” e noticiou o Ministério Público Federal e a PF. “O Banco abriu ainda dois processos administrativos disciplinares (PADs) para apurar internamente possíveis irregularidades”, diz a nota.

 

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  1. Nós estamos colhendo as tempestades semeadas pelos petralhas. A corrupção grassava e ainda grassa em nosso país. Hoje, porém, em menores proporções, não dá pra acabar com tudo de uma vez, principalmente porque, grande parte dos criminosos ainda estão soltos e impunes. O Jornalismo sério e não comprometido com quadrilhas e quadrilheiros é peça fundamental. Esperamos contar sempre com Crusoé e Antagonista nesta empreitada.

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