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‘O governo que se diz do povo ouviu que o povo não o quer’, diz historiador preso em Cuba

15.07.21 09:01

O historiador Manuel Cuesta Morúa (foto) foi detido no domingo, 11, em Havana, quando estava em um ônibus com um amigo, indo para uma manifestação no Capitólio. Na segunda de noite, os dois foram liberados. Morúa, que integra a Mesa de Unidade para a Ação Democrática (Muad), contou para Crusoé como foi sua prisão e qual é o significado dos protestos que já duram quatro dias.

Como foi sua detenção?
Eu estava com o artista Amaury Pacheco del Monte, um dos coordenadores do Movimento San Isidro. Nós tínhamos ido para uma manifestação no bairro de Alamar, que não pôde ser realizada. Então, subimos num ônibus e fomos para o Capitólio, no centro de Havana. Ao fazer isso, já era evidente que a polícia estava nos seguindo. Na metade do caminho, uma mulher com uma moto interceptou o ônibus. Um grupo de homens entrou e nos tirou do ônibus à força. Fomos colocados em um carro da polícia e levados a uma delegacia ao leste de Havana. Ficamos lá das 4 horas da tarde de domingo até segunda à noite.

O que eles falaram para vocês?
Eles tentaram nos dissuadir de participar de qualquer outra manifestação. Se fizéssemos isso, eles iriam nos acusar de perturbar a ordem pública. Nos deram uma advertência, que é a medida que a polícia e os serviços de segurança costumam fazer. Em seguida, nos soltaram. Nossa conversa com a polícia política foi muito breve. Entre eles também havia uma pessoa da penitenciária de Villa Marista, o centro de repressão por excelência de Cuba.

Qual era o objetivo deles?
A intenção deles era descobrir até que ponto nós estávamos envolvidos com todas as manifestações que ocorreram. Queriam saber se nós tínhamos preparado algo, organizado. A ditadura cubana acusa os opositores de receber dinheiro de Miami para organizar protestos. Mas eles sabiam que essas acusações não faziam nenhum sentido. O que nós notamos é que eles pareciam muito nervosos. Pela primeira vez, o governo está tendo de enfrentar protestos massivos em todo o país. Eles foram pegos totalmente de surpresa.

Por que vocês não ficaram mais tempo presos?
A questão é que, como as manifestações foram massivas e em todo o país, eles entenderam que não podem prender todo mundo. 

Como historiador, qual é o significado dos protestos atuais?
Pela primeira vez em toda nossa história, ocorreram protestos em todo o país, de longa duração, feito por pessoas das classes mais pobres contra o governo e pedindo liberdade. Essa combinação de fatores nunca tinha acontecido na ilha. Na Revolução de 1959, que deu origem à atual ditadura, tratava-se basicamente de um movimento de classe média, de pequenos grupos. Desta vez, é o povo de fato que foi para as ruas. São os setores de baixo da nossa sociedade que estão mostrando sua força. E com isso temos a situação em que um governo que se diz do povo — fundado pelo povo e que supostamente representa o povo — ouviu que o povo de verdade não o quer mais. 

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  1. Um povo que esperava que o comunismo iria dar tudo, uma sub-raça que acredita no comunismo. Num governo que vai sustentar vagabundos sem produzir nada. Merece mesmo e morrer de fome, e agora morrer de bala, pelos mesmos governantes que lhes prometeram o céu. Aos cubanos comunistas, boa morte.

  2. bastaram 2 anos de governo Bolsonaro pra Cuba e Venezuela entrarem em colapso! Nossas estatais e o BNDES não financiam mais o comunismo.

    1. Quem acabou e humilhou com a Lava Jato foi o STF bolivariano para poder absolver "de tudo" o ex-detento, na esperança de barrar a reeleição do PR. Bolsonaro. MOTIVO: Abstinência de grana, seca, torneiras$$$ fechadas, fim das propinas, mas ... para o total desespero dos capas pretas, principalmente do Beiçola e do Barroso, a reeleição do PR já é um fato irreversível para o bem da Nação.

  3. E o mais escandaloso disso é o sacripanta, tal de Dirceu, encher a boca, pra declarar que a partir de 2023, vão derramar, novamente, nos cofres do tesouro cubano nossos recursos financeiros (do tesouro brasileiro) como sempre fizeram nos governos petistas. Somos uns imbecís mesmo. Diplomados e juramentados.

  4. Agora que os Fidel se foram fica fácil. Basta assistir “How to Become a Tirant” Netfix, para saber que não é qualquer um que dá conta de uma nação do jeito que muitos desejam.

  5. Enquanto os cubanos são massacrados, Lula acende o seu charuto cubano, mandando sinais de fumaça de apoio ao regime que oprime o povo, e agora não é mais aceito pelo povo. Enquanto cubanos morrem pelo regime ditatorial, Chico Buarque e Lula tomam num "cálice", suas cubas livres. Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De de sangue derramado de cubanos. Para Chico Buarque e Lula, misturarem na cuba livre para beberem.

  6. Rezo para que o povo cubano continue sua luta pela liberdade e a democracia.Ditaduras de esquerda ou de direita são maléficas.Viva o povo cubano!#Cuba libre

  7. Castrismo é igual ao Bozismo: corrupto, militarizado, violento e medíocre. Lá, tal como aqui, o regime será derrubado pelos artistas e intelectuais.

    1. O PR Bolsonaro NUNCA usou a força militar para reprimir quem quer que seja, NUNCA roubou nada, mal criado sim, violento jamais e, medíocres são os opositores sedentos de cascalho. Portanto palhaço José, escute aí o meu sorriso de desprezo pra ti ... kkkkk! ... ki-burro!

  8. Força e proteção Divina aos cubanos! Que as nações e a imprensa possam apoiar o povo cubano nessa luta pela libertação!

  9. Aproveito o momento para convidar os defensores do regime Cubano, aliás nessa revista tem muitos, inclusive jornalistas, a mostrar agora seu apoio aos “Castro”.

  10. Se o atual ditador não quiser tornar-se um mero dejeto da história, deverá convocar eleiçôes livres imediatas e convidar jornalistas do mundo livre para assistirem e manifestarem, com total liberdade, notícias de então. E ordenar que cessem as repressões desde logo. Quem sabe, assim, deixará o poder sem mais sangue de inocentes ou orisões. Aliás, os militares e policiais, fardados e não-fardados, têm que deixar de praticar repressões político-ideológicas.

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