MP de São Paulo diz que quebra de sigilo de Ricardo Salles é 'imprescindível'
O procurador Ricardo Dias Leme, do Ministério Público de São Paulo, afirmou em um recurso apresentado à Justiça paulista que a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (foto), é "imprescindível" para a investigação sobre um suposto enriquecimento ilícito no período em que ocupou cargos públicos no governo do...
O procurador Ricardo Dias Leme, do Ministério Público de São Paulo, afirmou em um recurso apresentado à Justiça paulista que a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (foto), é "imprescindível" para a investigação sobre um suposto enriquecimento ilícito no período em que ocupou cargos públicos no governo do estado.
Desde julho, o MP paulista apura a evolução patrimonial de Salles, cujos bens declarados saltaram de 1,4 milhão de reais em 2012 para 8,8 milhões em 2018, um aumento real de 335%. No período, ele alternou a atividade de advogado com os cargos de secretário particular do governador (entre 2013 e 2014) e secretário do Meio Ambiente (entre 2016 e 2017), ambos no governo Geraldo Alckmin, do PSDB.
Entre os bens declarados por Salles na eleição de 2018, quando não conseguiu se eleger deputado federal pelo Partido Novo, estão dois apartamentos de 3 milhões de reais cada, além de 2,3 milhões de reais em aplicações e um barco de 500 mil reais. A lista não inclui uma BMW preta avaliada em 100 mil reais que o atual ministro comprou em 2016, quando era secretário estadual, por meio de seu escritório de advocacia, como revelou Crusoé.
Em agosto, o promotor Ricardo Manuel Castro tentou por duas vezes autorização judicial para quebrar os sigilos do ministro. Os pedidos foram negados na primeira instância. Na ação, o promotor destaca que, em 2014, Salles alegou queda de seus rendimentos por causa do cargo público, em uma ação judicial na qual conseguir reduzir o valor da pensão dos dois filhos de 8,5 mil reais para 5 mil reais.
Castro acrescentou que Salles foi condenado em dezembro do ano passado por fraudar o plano de manejo de uma área de proteção ambiental no estado para beneficiar empresas de mineração, quando era secretário do Meio Ambiente. O ministro nega a acusação e recorreu da decisão. Sobre a evolução patrimonial, ele diz que enriqueceu no período em que trabalhou como advogado e que seus bens foram declarados à Receita Federal e à Justiça Eleitoral.
Dias Leme, que representa o MP na segunda instância, entrou com um agravo de instrumento nesta terça-feira, 8, defendendo a quebra de sigilo do ministro. Ele afirmou ser "no mínimo curioso" a forma como Salles elevou seu patrimônio, após ter declarado ganho mensal de 1,5 mil reais como advogado em 2013, 12,4 mil reais como secretário particular de Alckmin em 2014 e 18,4 mil reais como secretário do Meio Ambiente entre 2016 e 2017.
"Considerando que o agravado (Salles) não era, antes de ocupar as relevantes funções governamentais que exerceu, um advogado afamado, nem depois do referido exercício ganhou projeção especial na advocacia, é necessária a investigação de suas receitas e despesas no período postulado pelo Ministério Público, para o que é imprescindível a quebra dos sigilos bancário e fiscal, considerada a vultosa elevação de seu patrimônio para se averiguar a possível prática de ato de improbidade administrativa ou para se assentar a legitimidade da sua evolução patrimonial", argumentou o procurador.
O processo está na 10.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo. O relator é o desembargador Antonio Celso Aguilar Cortez.
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Comentários (10)
Ruy Pigatto
2019-10-12 11:14:46Quem não deve não teme.
Uira
2019-10-11 19:17:44Aliás, se o modus operandi dos CORRUPTOS é tentar imputar corrupção aos seus para colocá-los em patamar igual ou pior a eles, então não se pode descartar que, em uma fase mais aguda de desespero, eles venham a lançar mão deste tipo de tática para tentar dizer que todo mundo, sem exceção, é CORRUPTO. É o famoso "pega ladrão", se estiver todo mundo "contaminado", então quer dizer que ninguém pode ser condenado.
Uira
2019-10-11 19:13:38Se Lula aparecer em rede nacional de televisão confessando seus crimes e pecados, isto não parará os CORRUPTOS, pois ainda assim eles acharão que podem no mínimo distorcer e desvirtuar o sistema tão completamente, que não será possível pegá-los e condená-los. Eles tentarão colocar fogo em tudo, isto se não for literalmente.
Uira
2019-10-11 19:06:40Quando a coisa apertar de vez para os CORRUPTOS, não se deve esperar que eles venham a largar o osso. Eles tentarão sabotar o sistema inteiro, anular e sumir com provas, evidências, qq indícios que possam ser usados para condená-los. No entanto, desde que todas as ações deles sejam rastreáveis, todas as falcatruas e sabotagens que eles estão fazendo servem, na verdade, para que se obtenha farto material probatório para que eles sejam de vez removidos da máquina.
Uira
2019-10-11 19:02:48Mais uma vez, isto pode ser um indicativo de como a rede de corrupção atua não só em SP, mas em todo o país. Se utilizam de suas posições dentro do judiciário para obstruir e paralisar investigações referentes a integrantes da rede, enquanto se valem de inquéritos e investigações para perseguir inimigos políticos ou desafetos. Afinal, como dentro de uma máquina corrupta o ministro do meio ambiente teria vendido favor ou corrupção sem ser para alguém da rede?
Uira
2019-10-11 18:59:48"No mínimo curioso" é a diligência do MP-SP em um caso relativamente de menor importância se considerado tudo o que se sabe sobre a Lavajato. Aliás, se o ministro do meio ambiente, enquanto secretário de Alckmin, almejou elevar seu patrimônio de forma "vultosa", qual é a chance de que o chefe dele tb não sofresse dos mesmos "males" de caráter? Isto só comprova que a Lavajato em SP não anda pq não é de interesse do MP estadual, pois quando querem pegam até pelo em casca de ovo.
Jose
2019-10-10 11:32:46O Brasil está sendo passado a limpo. Zé fini. cadeias e mais cadeias para os ladrões que ROUBA in RAM o BRASIL. A pena deveria ser prisão perpétua. Zé fini, ponto final. nnn n
Eunice
2019-10-10 09:48:32Tem quebrar mesmo o sigilo ,quem não deve não teme.
GILMAR
2019-10-10 00:46:53O Ministro fez a sua obrigação de contribuinte, apresentou as suas declarações de ir com sua evolução patrimonial, cabe ao fisco avaliar, mas o ministério público quer jogar para plateia, coisa de moleque.
Aline
2019-10-10 00:31:33Quebra o sigilo dos advogados do Adélio...