Milei demonstra ter a determinação que faltou a Jair Bolsonaro

O presidente da Argentina, Javier Milei (foto), anunciou na noite da sexta-feira, 1º, que irá fechar a agência estatal de notícias Télam. Na manhã desta segunda, 4, os funcionários que chegaram para trabalhar foram avisados de que serão dispensados por sete dias. O edifício foi cercado com tapumes metálicos para impedir a entrada dos 700 empregados (imagem abaixo).

ReproduçãoAgência Télam de Buenos Aires cercada por tapumes metálicos

A Télam é o equivalente argentino da Empresa Brasileira de Comunicação, a EBC, que já teve seu fechamento prometido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Quem tenta entrar no site da agência encontra o símbolo do governo argentino e a frase: “Página em reconstrução” (imagem abaixo).

ReproduçãoAnúncio no site da agência Télam, da Argentina: página em reconstrução

Ao meio-dia desta segunda, os trabalhadores, organizados em dois sindicatos, prometeram um “abraço simbólico” em volta do prédio da agência.

Nos anos de governo kirchnerista, a agência foi instrumentalizada para fazer propaganda do governo. Com isso, passou a ser vista como um veículo partidário e a ser rejeitada por muitos argentinos que não comungavam da ideologia oficial. “Vamos fechar a agência Télam, que tem sido utilizada nas últimas décadas como agência de propaganda kirchnerista“, prometeu Milei em um discurso no Congresso, no dia 1º;

Além disso, Milei está empenhado em conseguir superávits nas contas públicas e, para isso, precisa cortar custos.

Ao fechar a agência com tapumes metálicos, Milei faz o que Jair Bolsonaro nunca ousou fazer.

Durante a campanha de 2018, Jair Bolsonaro prometeu que iria privatizar a EBC, que ficou conhecida como “TV do Lula” por fazer muita propaganda petista. Eleito, Bolsonaro desistiu da ideia

De acordo com o então ministro das Comunicações, Fábio Faria, a EBC era deficitária e não havia ninguém interessado em comprá-la.

Como Bolsonaro não cumpriu o que prometeu, a EBC seguiu funcionando. Com a volta de Lula ao Palácio do Planalto, a agência voltou a fazer propaganda partidária, contratando jornalistas que criticaram a Operação Lava Jato, fazendo lives com jornalistas chapa-branca, entrevistas com a primeira-dama Janja e produzindo conteúdo a favor do governo de turno.

Um portal criado para analisar “fake news“, o Brasil contra Fake, tornou-se uma ferramenta de propaganda do governo.

Leia também na Crusoé: Checagem chapa-branca

Milei, assim, demonstra ter a firmeza que Jair Bolsonaro nunca teve. 

O presidente argentino Javier Milei também falou que irá acabar com a compra de anúncios em veículos de imprensa, o que é uma forma de comprar apoio editorial. No Brasil, esse trabalho é feito pela Secretaria de Governo, a Secom, comandada pelo ministro Paulo Pimenta.

Leia também na Crusoé: Adiós, Uchôa!