Rosinei Coutinho/SCO/STF

Indicado para a Lava Jato, procurador já renunciou à chefia no MPF em protesto contra Aras

27.10.20 07:32

Indicado para atuar junto à força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Ramiro Rockenbach já protagonizou um ato de protesto contra o procurador-geral da República, Augusto Aras (foto). Em setembro de 2019, ele se demitiu da chefia do Ministério Público Federal em Sergipe por discordar da indicação de Aras para o comando da PGR. Na ocasião, assinou uma dura carta em que criticou o “alinhamento” do então novo PGR com o presidente Jair Bolsonaro.

O ato de Rockenbach, à época, representou a primeira reação dentro da PGR ao nome de Aras, único procurador-geral escolhido fora da lista tríplice em 16 anos. Ele assinou um ofício endereçado à então procuradora-geral, Raquel Dodge, em que manifestou sua desistência para liderar o MPF no Estado. “A lista tríplice é uma construção e um legado pelo bem da nação brasileira. Mais grave que ignorar a lista tríplice, restou indicado um nome sob a justificativa de alinhamento”, dizia o documento.

“Um PGR indicado assim, independente de quem seja, com todo o respeito, não tem legitimidade para comandar o MPF e, como penso, não deve ter colaboração para isso, mas sim, resistência altiva e republicana”, acrescentou.

Curiosamente, o procurador se inscreveu em um edital aberto pelo procurador-geral para que membros do MPF se candidatassem a colaborar com as forças-tarefas, e foi designado para ajudar a Lava Jato em Curitiba pelo vice de Aras, Humberto Jacques de Medeiros. Ele não vai precisar se mudar nem será desonerado de seu trabalho em Sergipe. Rockenbach vai auxiliar a Lava Jato em parte dos processos escolhida pelo atual coordenador, Alessandro Oliveira.

Além de Rockenbach, a PGR também indicou os procuradores Filipe Andrios Brasil Siviero, Leonardo Gonçalves Juzinskas e Paulo Henrique Cardozo para colaborar com a Lava Jato em Curitiba. Já o procurador João Paulo Beserra da Silva, da Bahia, vai ajudar a força-tarefa Postalis, que investiga fraudes no fundo de pensão dos Correios.

Neste ano, o procurador-geral tem acumulado conflitos com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. O mais grave se deu quando a chefe do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR, Lindôra Araújo, tentou acessar dados sigilosos da Procuradoria da República em Curitiba. O ministro Dias Toffoli chegou a obrigar a força-tarefa a compartilhar o material, mas sua decisão foi revogada pelo ministro Edson Fachin. Por discordâncias com Aras, procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR também se demitiram em junho.

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