André Coelho/Folhapress

Helicóptero utilizado em assassinatos leva PF a operadores de Marcola e a contador do PCC

01.10.20 07:34

A meta estipulada há cerca de dois anos pela Polícia Federal de asfixiar financeiramente o Primeiro Comando da Capital, maior facção criminosa do país, teve um dos seus principais capítulos na quarta-feira, 30, com a Operação Rei do Crime. Em busca de explicações para o assassinato de dois líderes da facção em fevereiro de 2018, o Grupo de Investigações Sensíveis, criado pela PF de São Paulo para investigar a organização criminosa, chegou a uma rede de 20 pessoas e 78 empresas envolvidas na lavagem de bilhões do PCC. Arquitetadas por um contador, elas eram operadas por famílias que mantêm relações com importantes lideranças do grupo criminoso, entre elas, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Quem guiou os investigadores até a intrincada rede de lavagem de dinheiro da cúpula do PCC foi o helicóptero utilizado no assassinato de Fabiano Alves de Souza, o Paca, e Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue no Ceará. A investigação do crime concluiu que Marcola foi quem ordenou as execuções enquanto que o encarregado de organizar a missão foi Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, à época foragido da Justiça e principal nome da facção fora dos presídios. Gegê do Mangue e Paca acabaram mortos depois de serem levados pela aeronave até uma reserva ambiental próxima a Fortaleza.

Como se tratava de uma ação articulada pela mais alta cúpula da facção, as pessoas acionadas para participar do crime pertenciam ao círculo próximo de Marcola. A investigação mostrou que o antigo proprietário do helicóptero era José Carlos Gonçalves, o Alemão, um antigo sócio de uma tia do líder do PCC na Sames Center Serviços Automotivos. O atual endereço da empresa é um posto de combustível localizado no Jardim Brasil, em São Paulo, na rede Boxter. Ao chegar em Alemão, a PF alcançou ainda outras três famílias cujos integrantes eram laranjas de empresas utilizadas pelo PCC e pelo contador Valdinei Aparecido Borges.

Borges é classificado como “arquiteto contábil” da rede de 78 empresas cujas contas bancárias eram abastecidas com bilhões do narcotráfico. “Ao longo da investigação identificamos uma clara evolução no processo de branqueamento de capitais, o que somente foi possível em virtude do seu assessoramento, desde o envolvimento de laranjas até uma sofisticada rede de holdings, com camadas de proteção, visando distanciar o efetivo proprietário de movimentações patrimoniais e financeiras atípicas”, diz a PF sobre Borges.

As empresas operadas por Borges e em nome das famílias ligadas a Marcola aparecem também em transações com outras lideranças importantes da facção e reforçam a tese de que o grupo mais próximo a Marcola no PCC, além do narcotráfico, é financiado com o roubo a bancos e empresas de transporte de valores. Uma dessas firmas, ligada Antônio Vieira Martins, o Tonhão,  aparece em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, em transações suspeitas com Jean Ricardo Galian.

Integrante do PCC, Gallian é conhecido por ser um dos criminosos envolvidos no assalto ao Banco Central em Fortaleza, em 2005. Apelidado de “gordo”, ele é apontado como padrinho do executor dos assassinatos de Paca e Gegê do Mangue, a mando de Marcola: o traficante Wagner “Cabelo Duro”, morto dias depois do crime.

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  1. Importante salientar que a implantação de vários órgãos de inteligência se deu graças ao ex-ministro ministro Sergio Moro. Graças tbm ao ex-ministro vários acordos internacionais no âmbito da justiça foram acordados. Tais acordos, sem dúvidas trouxeram maior agilidade a toda polícia, e, em especial às policias Rodoviária e Federal. Parabéns a todos!!

  2. O PCC é muito mais organizado, forte e ramificado do que muitos pensam. Seu faturamento é extremamente alto e eles ampliar cada vez mais o poder econômico, geográfico e de lavagem de dinheiro. Usam postos de combustível desde o começo dos anos 2000. Atuaram livremente em SP durante muitos anos, após acordos obscuros. São um exército, podem causar grandes danos ao país e a sociedade em possíveis enfrentamentos futuros, que são quase inevitáveis. Atacá-los e dimunir capacidade financeira é urgente

  3. Parabéns à PF. Infelizmente, o desmonte do combate à corrupção e à lavagem de dinheiro - em curso - facilita a vida dos criminosos de colarinho branco e a dos criminosos de colarinho sujo de sangue, como os do PCC. Toda a bandidagem ganha com as facilidades oferecidas aos criminosos por tarte significativa Legislativo e do Judiciário, com a conivência do Planalto.

  4. E quando vão prender os bandidos das rachadinhas, Queiroz, Bozofascistas das fakes, integrantes do Gabinete do ódio, políticos do centrão e os mandantes dos crimes e da corrupção? Moro Presidente.

    1. Alberto (Belém-Pa). Não esqueça dos milicianos e dos "amigos dos milicianos", esses, por sua vez, ocupam cargos no aparelho do Estado para protegê-los.

    2. Ele, Fernandinho beira mar, lula, aécio, Calheiros, Jader barbalho....e tamos outros grandes criminosos desse País!! Se os sinistros não atrapalharem as investigações vamos ver lá frente as interligações entre esses bandidos.

  5. É assim que se combate o crime organizado, sem disparar um projétil. Ótimo trabalho. Vamos até o final, todos devem perceber que o crime não compensa mais. MORO 2022 no Ministério da Justiça e Segurança Pública com o COAF.

    1. Moro 2022 e vamos acabar com a rede de traficantes que estão BILIONARIOS enquanto nós aindaestamospresos em casa por conta da PANDEMIA. Só Moro resolve este problema.

    1. Interromperam justamente porque tinham noção do estrago que nunca será apagado. A punição virá a depender de quem o povo eleger no legislativo e no executivo.

  6. “Follow the Money”, esse é o caminho para prender esses ladrões, assassinos, traficantes e políticos envolvidos em transações suspeitas. Aí tem dedo do MORO22.

    1. PF dando show , era isto que Bolsonaro queria . Deixando a polícia trabalhar, o resultado aparece. Parabéns.

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