Marcelo Camargo/Agência BrasilEduardo Cunha: método semelhante para manter

Ex-presidentes da Câmara, Cunha e Chinaglia são denunciados por propinas da Odebrecht

24.02.21 15:18

A Procuradoria-Geral da República denunciou os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Arlindo Chinaglia por suposto recebimento de propina da Odebrecht para favorecer a empreiteira no contrato de construção da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. A obra foi iniciada no governo Lula e inaugurada pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Além do deputado cassado e do parlamentar petista, outras 15 pessoas envolvidas no suposto esquema também foram denunciadas pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, braço-direito do procurador-geral Augusto Aras. Todos já tinham sido indiciados pela Polícia Federal em setembro de 2019, quando o inquérito foi concluído e enviado para a PGR

Chinaglia é acusado de ter recebido 8,7 milhões de reais em 36 pagamentos ilícitos da Odebrecht que teriam sido intermediados por Cunha, entre os anos de 2008 e 2014. Na denúncia, a PGR afirma que o deputado petista que o ex-presidente da Câmara dos Deputados recebeu parte dos repasses por meio de intermediários em um quarto de hotel em São Paulo, em setembro de 2014.

Os nomes e os endereços são os mesmos que foram revelados por Crusoé há um ano, em reportagem sobre o delivery da propina da Odebrecht. Um dos portadores é um dirigente estadual do PT chamado Vilson Augusto de Oliveira, que teria recebido 500 mil reais no dia 18 de setembro de 2014 no hotel Braston, e também foi denunciado. Chinaglia responderá pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, enquanto Cunha somente pelo crime de corrupção passiva.

Crusoé também havia revelado que o nome e o telefone do dirigente apareciam nas mensagens de Skype trocadas pelos agentes da Transnacional, a transportadora de valores usada pelo doleiro Álvaro Novis para fazer as entregas de propina da Odebrecht em São Paulo, na mesma data e com a mesma senha de pagamento vinculada ao codinome de Chinaglia na planilha da empreiteira, “Grisalho”.

No curso da investigação, a PF obteve os registros de hóspedes do hotel e constatou que o dirigente do PT ficou hospedado no quarto 908 na mesma data da entrega de 500 mil reais da Odebrecht endereçada a Chinaglia. Ainda segundo os policiais, extratos de ligações telefônicas mostram que o deputado ligou dez vezes para seu intermediário na véspera do pagamento.

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