Congresso dos EUA, o mais preguiçoso em nove décadas
Desde que tomou posse em 3 de janeiro deste ano, o 118º Congresso dos Estados Unidos já tem algo para ser marcado como único: com 21 propostas aprovadas até meados de novembro, é o mais lento desde 1931-1932, quando o país estava afundado na Grande Depressão. Na legislatura de 92 anos atrás, os parlamentares americanos...
Desde que tomou posse em 3 de janeiro deste ano, o 118º Congresso dos Estados Unidos já tem algo para ser marcado como único: com 21 propostas aprovadas até meados de novembro, é o mais lento desde 1931-1932, quando o país estava afundado na Grande Depressão.
Na legislatura de 92 anos atrás, os parlamentares americanos também aprovaram 21 propostas. A diferença é que eles só trabalharam nos três meses finais do ano, enquanto os atuais parlamentares levaram 10 meses para a mesma marca.
Neste ano, o Partido Democrata tem uma maioria mínima no Senado: 51 cadeiras —contando com 3 independentes— contra 49 nomes dos Republicanos; na Câmara dos Representantes, a folga é maior para os republicanos, que tem 221 representantes contra 213 dos democratas.
Só que, internamente, as coisas não rodam muito bem: com facções brigando entre si no Partido Republicano, a Câmara perdeu a primeira semana com 15 votações até que Kevin McCarthy (Republicano-Califórnia) fosse eleito presidente. Em outubro, nova rebelião do partido o tirou do cargo, em decisão inédita. O impasse para que Mike Johnson (R-Louisiana) fosse alçado ao cargo paralisou a Casa por mais três semanas.
Isso afeta diretamente o funcionamento da maior economia do planeta — já que é nela onde começa a tramitar os projetos mais importantes. Um exemplo é o Orçamento: ao contrário do Brasil, o Legislativo americano tem bases irregulares para determinar, por exemplo, a verba do governo federal.
Isso significa que o orçamento aberto pelos parlamentares não dura um ano completo, precisando ser discutido periodicamente. De servidores públicos à ajuda do país a guerras na Ucrânia e agora em Israel, todo o planejamento do país está comprometido se os Republicanos não se acertarem sobre quanto o país poderá gastar.
E mesmo os parlamentares se sentem incomodados. Na quarta-feira, dia 15, o deputado Chip Roy (R-Texas), que atuou para que esses textos do Orçamento travassem na casa, fez um discurso no plenário da Câmara recheado de críticas ao próprio partido. "Eu quero que meus colegas republicanos me deem uma coisa — uma só! — que me faça sair em campanha e dizer 'nós fizemos'", ele protestou. "Qualquer um aqui no prédio, se você quiser vir aqui até o plenário e explicar para mim, uma coisa significante que o Partido Republicano fez."
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