Foto: Speaker of the House via Wikimedia CommonsMike Johnson, ao centro: o desconhecido parlamentar que usou a inexperiência a seu favor

Novo presidente da Câmara dos EUA é uma vitória para Trump

26.10.23 14:34

Mike Johnson era um congressista dos EUA que se assemelhava ao que, no Brasil, se convencionou chamar de “baixo clero”: com dois mandatos (em uma Casa com pessoas chegando ao oitavo), vindo de um estado pequeno, o congressista evangélico nunca teve muita projeção nacional.

Até que, no turbulento redemoinho que o partido Republicano se meteu, sua inexperiência se tornou um ativo para ser eleito o 56º presidente da Casa, substituindo o também republicano Kevin McCarthy (Califórnia) e encerrando três semanas de paralisia na Casa.

A ascensão de Mike Johnson é uma vitória da base do ex-presidente Donald Trump na Câmara. Mais barulhenta (mas não necessariamente a maioria), a facção dentro do partido defende uma radicalização do establishment, tendo papel fundamental para, pela primeira vez na história destituir um presidente como ocorreu com McCarthy.

Em algumas questões, ele chega a ser mais conservador que Trump: ele defendeu, após a reversão do direito ao aborto nos EUA, que o número de procedimentos de interrupção de gravidez chegaria a zero no país. Em grupos pró aborto, ele tem uma nota “A+”.

Após a derrubada de Roe v. Wade, ele passou a defender a revisão do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Suprema Corte dos EUA. O caso, conhecido como Obergefelll v. Hodges, foi concluído em 2015 — mas pode ser revisto com base na decisão sobre o aborto.

“A sociedade não pode dar seu selo de aprovação a um estilo de vida tão perigoso”, escreveu o parlamentar em 2004, antes de ingressar na carreira política. “Não haverá base legal para negar um bissexual a ter um parceiro de cada sexo, ou a uma pessoa de casar com seu animal de estimação.”

Agora, caberá ao presidente menos experiente em 140 anos na Casa destravar o orçamento do país, antes que o governo fique sem fundos — o que pode acontecer em meados de novembro. Se negociar com Biden, pode conseguir manter o governo da maior economia do planeta funcionando. Da mesma forma, pode perder o frouxíssimo apoio que tem e que impediu três nomes antes do seu de assumirem o cargo.

Ele tem uma maioria de quatro nomes na Casa. Se ele perder o apoio destes, entre 224 Republicanos, um novo caos pode se instalar no Congresso de Washington.

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