Como Vladimir Putin lucra na geopolítica do gás natural
O preço do gás natural, em megawatts/hora, subiu de 60 dólares em setembro para 112 dólares na última semana. O reajuste decorreu de uma combinação de fatores, que incluem o aumento da demanda por energia nos países que vacinaram a maior parte da população e problemas com o fornecimento. "A demanda por energia está crescendo...
O preço do gás natural, em megawatts/hora, subiu de 60 dólares em setembro para 112 dólares na última semana. O reajuste decorreu de uma combinação de fatores, que incluem o aumento da demanda por energia nos países que vacinaram a maior parte da população e problemas com o fornecimento.
"A demanda por energia está crescendo muito rapidamente, e a oferta não tem acompanhado esse ritmo. Além do mais, toda vez que um governante, no intuito de fazer uma transição energética, fecha uma usina nuclear, a óleo ou a carvão, piora ainda mais esse quadro e causa uma explosão nos preços", diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o CBIE. "Um dos que mais estão comemorando isso é (o presidente da Rússia) Vladimir Putin (foto), que fornece 40% do gás natural usado na União Europeia", acrescenta.
O aumento no valor do gás natural fez com que fábricas interrompessem a produção e deixou os europeus preocupados com a proximidade do inverno, uma vez que o gás natural é usado para o aquecimento das casas e escritórios.
Para Putin, que fez 69 anos na quinta-feira, 7, a elevação no preço foi um presente de aniversário, pois o ajuda a projetar seu poder no exterior e conter as críticas de americanos e europeus.
Na quarta-feira, 6, o presidente da Rússia foi à televisão criticar o que chamou de "frenesi especulativo" e dizer que o país cumprirá os contratos de fornecimento de gás natural para a Europa.
A mensagem foi interpretada como uma pressão para que os europeus aprovem o gasoduto Nord Stream 2. Com 1.230 quilômetros, a obra acabou de ser concluída, passa pelo fundo do Mar Báltico e entrega o gás na Alemanha.
O Parlamento Europeu, a Polônia e os Estados Unidos faziam oposição ao gasoduto, temendo que o Kremlin usasse a obra para chantagear os países europeus e atenuar as sanções impostas contra o país após a invasão da Ucrânia, em 2014. Com os europeus mais dependentes do gás natural russo, será difícil evitar essa situação.
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Comentários (3)
KEDMA
2021-10-11 11:11:38Ótima reportagem Duda.
MARCIO
2021-10-10 20:06:16Com a Europa cada vez mais russófila, Putin não vai precisar fazer nada para que os europeus fiquem de 4 para a Rússia, eles farão automaticamente
Simplício
2021-10-10 19:50:03Ou os Europeus diversificam as fontes de energia ou sentam no colo do Putin ...