Insultos de Lula visam a fama e votos
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente brasileiro em entrevista no domingo 18 de fevereiro último, assim como se estivesse num bar. Sua ignorância é pública e notória e não precisava de tal desenvoltura para exibi-la à luz dos holofotes. Ele já fez visitas acompanhadas a museus em número suficiente em ambientes no país e no exterior para saber que o disparate teria repercussão à altura de sua ousadia. Numa simples consulta a qualquer arquivo virtual seu instrutor de fama mundial, o diplomata Celso Amorim, poderia ter evitado o “não existe” sem provocar nenhum trauma ou mossa.
Afinal, a palavra Holocausto, que se tornou o símbolo representativo da barbárie no século 20, tem sido usada sem economia para o bem e para o mal. Suas raízes vêm do grego holókauston, têm conotação bíblica para judeus e cristãos e significam “sacrifício em que a vítima é queimada viva”, ou “sacrifício pelo fogo”. Em 9 de dezembro de 1948, sob a sombra então recente do Holocausto de judeus por nazistas e em grande parte pelos esforços incansáveis de Raphael Lemkin, advogado judeu polonês, o termo foi cunhado para definir o massacre de 1,4 milhão de um total de 2 milhões de armênios pelo império otomano. Até hoje os turcos não reconhecem tais evidências. Para realizar seus intentos inventaram campos de concentração e execuções em massa de velhos e crianças caminhando no insuportável calor do deserto. Outra fonte das diatribes do marido, dona Janja não foi a Istambul para atender a convite da mulher de Erdogan, Ermine, para falar mal do inimigo israelense na invasão de Gaza, ao lado de Cília Flores, primeira-dama de Nicolás Maduro.
Celso Amorim, soprador de todo insulto, sabe que a ONU aprovou a Convenção para a Prevenção e Punição de Crimes de Genocídio. Esta estabeleceu o “genocídio” como crime de caráter internacional, e as nações signatárias dela comprometeram-se a “efetivar ações para evitá-lo e puni-lo”. Era só consultar a revista Galileu, apta a visitas de Janja e Amorim, em que são narrados este e mais cinco holocaustos. É algo que faz parte da história humana desde a Antiguidade, ou seja, a destruição de Cartago por Roma em 146 a.C é considerada por muitos historiadores como o primeiro genocídio da história.
O Holocausto dos judeus na Alemanha nazista, de 1941-45, fez seis milhões de mortos. Nesse período, estima-se que dois terços dos europeus de origem judaica tenham sido exterminados pelos nazistas. A mortandade foi planejada sistematicamente com uma mentalidade industrial. E os próprios alemães a batizaram de “Solução Final”. Na mesma ocasião, ou seja, de 1939 a 1945, de 6% a 10% da população polonesa (de 1,8 a 3 milhões) foram eliminadas pelas tropas de Adolf Hitler..
De 1975 a 1979 os comunistas do Khmer Vermelho de Pol Pot assassinaram em série de 15% a 33% da população do Camboja. Milhões de circassianos, primeiras vítimas do holocausto em nossos tempos, de 1864 a 1867, foram trucidados pelos czares russos e ignorados na entrevista de Lula. Assim como o foram armênios, caso de Fernando Gasparian, colega do sócio de Artur Lira na Constituinte. De 1915 a 1922 a população armênia em seu território foi varrida pelos turcos. Em 2021, 32 países reconhecem o fato histórico, incluindo o Brasil e os Estados Unidos.
No entanto, Amorim e Janja não informaram a Lula de seu erro. Amorim tomou, contudo, atitude ainda mais grave ao bajular o patrão, dizendo: “Quem tem que pedir desculpas é Israel, e não ao Brasil, mas à humanidade”. Num imaginário jogo de truco com o subordinado, o chefão ignorou a morte suspeita de Alexei Navalny na Rússia de Putin. Felipe Moura Brasil, editor-chefe do jornalismo de O Antagonista, focou seu holofote nele no X, após lembrar a obra de Alexander Soljenítsin, Prêmio Nobel de Literatura de 1970, contra a arbitrariedade dos eslavos sob qualquer regime tirânico em séculos recentes.
No último parágrafo do texto “Como a infâmia de Lula marca a tragédia brasileira”, Felipe escreveu: “No Brasil, onde políticos condenados por corrupção acabam impunes com a cumplicidade de uma geração frouxa de opositores e de uma imprensa indisposta a ‘revirar o passado’, e os críticos que erguem a voz contra o sistema são cassados ou censurados com ajuda de tribunais superiores, o vício ressurge milhares de vezes, a perversão apodrece o debate público e a tragédia culmina na infâmia.” Como diria Nélson Rodrigues, “batata”.
Nesta tragédia de erros em que, sofrendo com o pesadelo de uma vitória do Hamas em qualquer guerra nos deixe ao dispor do arbítrio escravizante de seus sicários. Apesar dos reconhecidos defeitos do governo de direita de Israel, fica o alerta deixado pelo gênio de Albert Camus, autor de A Peste e Prêmio Nobel de Literatura de 1957: o maior inimigo da democracia e em última instância da sobrevivência da liberdade é o terror.
José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor
Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.
#SEM ANISTIA! Uma figura do porte e da coragem do COMPANHEIRO JOSÉ DIRCEU não aparece todos os dias no campo de batalha da politica...Com certeza certissíma o EX-CROTO olha p/ o CORAJOSO ZÉ DIRCEU e pensa assim: COMO GOSTARIA DE SER TUDO ISSO QUE ÊLE O É , Mas sou covarde e pulha demais p/ sequer sonhar com isso ...Enquanto isso, O ASSASSINO DE CHICO MENDES ASSUME PRESIDÊNCIA DO PL NO ACRE !!! Não foi a toa que a POSSE DO 3 X PRESIDENTE LULLA FOI ADIANTADA P/ 12/12/2023 !!! Detonou com os planos
Nêumanne, sua honestidade intelectual poderia ser contagiosa.... Obrigada
Para variar, muito bem escrito. Claro, conciso e verdadeiro.
Muito bom Nêummane!
Gostaria muito que Lula soubesse ler, assim, artigos como os seus poderiam estar educando esse nosso presidente a ser uma pessoa mais equilibrada, não só nas falas, mas também na arte de gerir um país.
Ele poderia comparar Gaza à Baixada Fluminense e às demais áreas dominadas pelo terror dos traficantes e milicianos , cuja existência o PR insiste em não enxergar. São verdadeiros "territórios ocupados" onde as populações civis são subjugadas ao mando das regras impostas ao custo de ocupação dos espaços que o estado não consegue reaver. Guerrilhas urbanas , mortes de civis, crianças, mulheres, jovens cooptados pelo crime .É o nosso "sacrifício pelo fogo".
JN. Pinto dando na moleira desses políticos
E terror é terrorismo. E terrorismo é perpetrado por terroristas. Conclusão, se eles tomarem o poder, será o fim da civilização.
Parabéns! Brilhante