Países da Otan debatem orçamento militar: 2% do PIB já é insuficiente
A agressividade da Rússia reafirma a necessidade de um aumento significativo nos investimentos para garantir a segurança coletiva da aliança ocidental
As discussões sobre os investimentos em defesa entre os países da Otan têm se intensificado, especialmente em resposta à crescente ameaça representada pela Rússia.
O debate gira em torno de quais percentuais do PIB devem ser alocados para a defesa, com sugestões que variam entre 2% e 5% da produção econômica de cada país.
Após mais de duas décadas pressionando os membros europeus da Otan a priorizarem suas capacidades de defesa, os Estados Unidos finalmente veem um avanço, com a média de gastos na Europa alcançando o objetivo de 2%.
Contudo, a nova realidade geopolítica indica que esse percentual já é considerado insuficiente. A agressividade da Rússia reafirma a necessidade de um aumento significativo nos investimentos para garantir a segurança coletiva da aliança ocidental.
A incerteza sobre qual percentual deve ser estabelecido gera uma série de especulações. Recentemente, Mark Rutte, secretário-geral da Otan, insinuou que 3% poderia ser um novo objetivo, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, em sua fala no Fórum Econômico Mundial de Davos, chegou a sugerir um percentual ainda mais alto, de 5%.
Em resposta à proximidade com a Rússia, a Lituânia anunciou um orçamento militar que pode chegar a 6% do seu PIB no próximo ano.
Bilhões de dólares para fins militares
Esses números não são meras abstrações; representam bilhões de dólares em novos gastos. Em 2022, os 30 países europeus da Otan destinaram aproximadamente US$ 480 bilhões para fins militares.
Um objetivo de 3% implicaria um aumento anual estimado em US$ 230 bilhões ao longo de dez anos, acumulando um total que pode superar trilhões de dólares. No entanto, essa disposição política para investir variam amplamente entre os países membros.
Diferentes ambições defensivas
A análise das despesas militares revela disparidades significativas nas ambições defensivas dos países da Otan.
Enquanto as nações ao leste tendem a gastar acima do limite de 2%, muitos países ocidentais e do sul ainda não atingiram esse padrão.
Por exemplo, a Espanha se destaca negativamente com gastos abaixo de 1,3% do PIB, enquanto Polônia lidera com uma taxa que deve ultrapassar 4% em 2024.
A crítica ao atual alvo de 2% não é nova e é baseada na percepção de que uma meta rígida não garante a segurança efetiva da Europa.
As disparidades nas formas como os diferentes países gerenciam seus orçamentos militares dificultam comparações diretas entre eles.
Além disso, enquanto alguns países utilizam suas forças armadas para proteger a segurança coletiva, outros também as utilizam para expandir sua influência global.
Guerra fria
A reflexão sobre o contexto histórico revela que durante a Guerra Fria, os gastos militares eram consideravelmente mais altos.
Na década de 1970, por exemplo, o Reino Unido gastava cerca de 5%, enquanto França e Alemanha investiam cerca de 3% do PIB.
Essas cifras diminuíram drasticamente após o colapso da União Soviética em 1991, levando a um desejo por uma "dividendo da paz", refletindo uma política de austeridade até meados dos anos 2010.
Quanto gastar?
Atualmente, há uma necessidade urgente de reavaliar esses gastos à luz das novas ameaças. Embora haja consenso sobre a inadequação do alvo atual de 2%, ainda não existe um acordo claro sobre um novo valor.
O comando da Otan tem enfatizado que são as necessidades operacionais que devem guiar esses investimentos e não meramente metas percentuais arbitrárias.
Com a implementação dos novos planos defensivos da Otan desde o início deste século XXI e as descobertas sobre lacunas significativas nas capacidades militares atuais dos membros, há uma pressão crescente para que os países aumentem seus orçamentos.
Informações vazadas indicam que haverá uma expansão significativa no número de brigadas e comandos divisórios disponíveis.
Além disso, aspectos críticos como defesa aérea estão sendo reavaliados devido à eficácia limitada atual das capacidades disponíveis. A urgência dessas decisões é evidente e está alinhada com as mudanças nas prioridades globais e regionais enfrentadas pela Otan hoje.
O novo secretário-geral Rutte busca acelerar essas discussões e está planejando apresentar propostas concretas aos ministros da Defesa até maio. Isso ocorre em preparação para a cúpula da Otan programada para junho.
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