A linguagem é um vírus
Depois de ouvir pela enésima vez Jair Bolsonaro vomitando impropérios contra jornalistas, lembrei-me da música da americana Laurie Anderson: Language is a vírus (from outer space). Anderson, artista experimental inigualável -- assisti maravilhado a um show dela no Rio de Janeiro, no longínquo início da década de 1990 — transformou em composição a tese do escritor William...
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Depois de ouvir pela enésima vez Jair Bolsonaro vomitando impropérios contra jornalistas, lembrei-me da música da americana Laurie Anderson: Language is a vírus (from outer space). Anderson, artista experimental inigualável -- assisti maravilhado a um show dela no Rio de Janeiro, no longínquo início da década de 1990 — transformou em composição a tese do escritor William S. Burroughs, igualmente americano, segundo a qual "a palavra não é reconhecida como um vírus porque atingiu um estado de simbiose estável com o hospedeiro". O mais curioso dessa curiosidade é que esse vírus teria vindo do espaço sideral. Não vou adentrar a tese de Burroughs, mas usá-la como metáfora, esquecendo o espaço sideral porque o fenômeno é bem terrestre — e pedestre. A linguagem pode ser um vírus tão danoso quanto o da Covid-19. No Brasil, ele vem demonstrando ser de alta letalidade para as formalidades da democracia. Mesmo num país informal como o nosso, tais formalidades continuam importantes para separar o público do privado, a personalidade política da sua vida pessoal. Se elas são exigidas, em maior ou menor grau, de profissionais da iniciativa privada, não importa a área de atuação, tornam-se ainda mais essenciais no caso dos cidadãos com mandato popular e dos que ocupam posições oficiais por mérito ou indicação.
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Comentários (10)
VARLICE
2021-02-03 12:52:29Como sempre, artigo irretocável. Lembrei-me do Jânio tirando do bolso do paletó seu sanduíche de mortadela, pedindo ao eleitor mais próximo um cigarro para fumar mais tarde e apresentando caspas nos ombros do paletó mal ajambrado. Nada se cria, tudo se copia.
JOSE
2021-02-02 21:15:53Votei no "traste" por falta de opção, influenciado por amigos. Quando vi o "traste"exaltando a sua poderosa caneta Bic, saindo em chinelos para provar ser do povo. Lembrei de Jânio proibindo biquíni na praia, corrida de cavalos, condecorado Guevara, e tantas outras asneiras e incompetências de um Presidente de todos nós, o mais alto cargo da República, sendo desonrado, triste muito triste. Pobre Brasil.
Luis
2021-02-02 13:52:01Esse comentário, por extensão, se aplica a nossa grandiosa imprensa. Estamos na era pós-pós moderna do linguajar rasteiro, que não encontra limites...Entonces, oremos...
Ana
2021-02-02 08:19:24É exatamente o que estamos vendo nos consultórios , o paciente nos confronta com uma certeza absoluta porque a vizinha falou ou viu na Internet. É insano. É cansativo, É desanimador
Rogério Nogueira
2021-02-01 17:10:05Parabéns pelo comentário! Aproveitando, entreviste por favor o Economista André Lara Resende à respeito do Teto de Gastos. Veja esse excelente vídeo dele: https://youtu.be/uF5BDh8xx5c
Maia
2021-01-31 23:40:55O "tiozão do Zapp" palpite vale mais que conhecimento
Edmundo
2021-01-31 22:17:11Meu caro intelectual unca elegeu presidente da República!
SONIA SANTOS
2021-01-31 20:07:57Fico feliz por não ser só comigo... um simples comentário entre amigos, parentes, face ou twitter, pronto ninguém se falava mais. Acho que no fundo o gado e outros sabem a real, mas um "no teu c..." ou vai prá pqp dá uma aliviada
Ana Silvia F Peixoto P Machado
2021-01-31 19:29:34Excelente
Fernando
2021-01-31 18:18:35Perfeito. Tem gente que aprova os discursos pornográficos deste inconsequente alegando liberdade de opinião; isto é outra coisa; isto não passa da continuidade da ignorância de Lula e Dilma ao dizer as mesmas coisas ainda na falta de boas palavras. Não esqueçamos o que Lenin já dizia: “onde passa a palavra passa o resto”. Bolsonaro consegue ser mau exemplo em tudo... quando faz e quando diz!