O Antagonista

Xico Graziano: “O MST criou uma fábrica de sem-terras”

O engenheiro agrônomo e ex-deputado afirma que assentamentos não melhoram renda dos beneficiados e nem combatem a fome, mas geram massa de manobra para o movimento
06.07.23

O engenheiro agrônomo, produtor rural e ex-deputado federal pelo PSDB Francisco Graziano Neto, conhecido como Xico Graziano, estuda a reforma agrária desde o seu doutorado, em 1989, na Fundação Getúlio Vargas. Hoje, ele dá aulas no curso de MBA dessa instituição.

Graziano conhece com profundidade o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o MST, com quem negociava na época em que era o presidente do Instituto da Reforma Agrária, o Incra, em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, o movimento atualmente não passa de uma fábrica de sem-terras.

Ao contrário da crença de que há uma população de potenciais agricultores que conhecem a lida no campo mas que estão privados do acesso à terra, Graziano afirma que muitos integrantes do movimento habitam as cidades e têm pouco conhecimento da zona rural. “Não são mais trabalhadores rurais que querem trabalhar. Eles são desempregados, desajustados urbanos ou oportunistas, que pegam carona e invadem terras”, diz Graziano. Depois de receberem verbas governamentais para se instalarem ou construírem suas casas, o que eles normalmente fazem é comprar um carro velho e ir embora do lugar, segundo Graziano.

No Crusoé Entrevistas, ele afirma que é falsa a ideia, muito difundida pelo presidente Lula e pelo PT, de que a produção de alimentos por agricultores familiares pode reduzir a fome no Brasil. Isso porque a maior parte do que vai para a mesa dos brasileiros é produzido pelo agronegócio. Na produção de feijão, apenas 27% vem de pequenos produtores familiares. “Se alguém não come feijão, não é porque não tem feijão. Se tem gente que passa fome, é porque as pessoas não têm renda para se alimentar”.

Acreditar que a distribuição de terras seria uma maneira de gerar renda para a população carente é outro engano. Pesquisas citadas por Graziano mostram que a renda dos assentados não melhora com o tempo. Para ele, seria melhor que o dinheiro gasto pelo governo fosse dado diretamente para essas pessoas. Com o que é gasto fazendo a reforma agrária seria possível pagar um salário mínimo para cada família assentada por 13 anos.

Outra opção seria incentivar as pessoas a ocupar as vagas de emprego abertas no campo. “Hoje, se alguém quiser trabalhar na agricultura, pode ir que acha emprego. Existe um apagão de mão de obra no agro brasileiro e os salários são melhores do que os salários urbanos, na média geral, para tratorista, ferramenteiro, caminhoneiro, operador de máquinas agrícolas. Pode procurar que tem”, diz Graziano.

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