Ricardo Stuckert/PRMinistros de Lula na Assembleia-Geral: vergolha alheia ao gastar milhões com aliados e bajuladores na Grande Maçã

Lula na ONU: esmola e esbórnia

Na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Lula exigiu ajuda financeira para manter íntegra a floresta amazônica e esbanjou milhões com convivas
22.09.23

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aplaudido sete vezes na sétima vez em que usou o privilégio de qualquer presidente brasileiro de falar primeiro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Os aplausos comemoraram em parte o privilégio de uma comitiva gigantesca de áulicos, entre os quais 24 parlamentares tupiniquins, a ausência de seu antecessor, o ágrafo Jair Bolsonaro e a repetição de temas do gosto do público que comparece a tais eventos. Normalmente são membros das castas dirigentes de países emergentes, como o Brasil, que adoram belos conceitos, mas não têm a mínima ideia da correspondência em atos ou programas de governo de projetos inexistentes.

O início da fala foi o prenúncio do que viria a seguir nos 21 minutos do palavrório: “Presto minha homenagem ao nosso compatriota Sérgio Vieira de Mello e 21 outros funcionários desta Organização, vítimas do brutal atentado em Bagdá, há 20 anos. Desejo igualmente expressar minhas condolências às vítimas do terremoto no Marrocos e das tempestades que atingiram a Líbia. A exemplo do que ocorreu recentemente no estado do Rio Grande do Sul no meu país, essas tragédias ceifam vidas e causam perdas irreparáveis. Nossos pensamentos e orações estão com todas as vítimas e seus familiares.” Ou seja, a homenagem, no mínimo inócua e tardia, a vítimas de um atentado terrorista ocorrido há dois decênios e praticado em agosto de 2003 por ordem do grupo terrorista Al Qaeda, que o assumiu publicamente e informou que o brasileiro era o alvo preferencial. Sua Excelência omitiu esse dado fundamental por caracterizar a ação de um bando terrorista árabe, talvez algo impróprio a ser constatado no momento em que ele mantém relações amistosas com a ditadura assassina da Arábia Saudita, cujos príncipes presentearam seu adversário, o citado Bolsonaro, com joias caras, por este vendidas sorrateiramente no mercado. A citação en passant do ciclone que abalou os gaúchos não ameniza sua decisão desumana de não viajar para o extremo sul do país, que não é dele como disse no discurso, sem explicação.

Em outro trecho da oração, que antecedeu o pedido de esmola aos países ricos para combater o desmatamento da Amazônia, o chefe do Executivo pátrio sapecou: “O mundo está cada vez mais desigual”. É verdade. Mas uma questão se faz necessária: e o Brasil, presidente? Segundo a Oxfam (Comitê de Oxford para o Alívio da Fome), uma confederação de 19 organizações e mais de 3 mil parceiros, que atua em mais de 90 países na busca de soluções para o problema da inanição, pobreza e a extrema pobreza continuam, ano após ano, a ser uma grande marca na sociedade brasileira. Segundo os dados mais recentes do IBGE, em 2022 o país tinha 13,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, de acordo com critérios do Banco Mundial. Somadas aos que estão na linha da pobreza, chegam a 25% da população do país. A respeito, Lula disse o seguinte: “Reduzir as desigualdades dentro dos países requer incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrimônio. No Brasil, estamos comprometidos a implementar todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, de maneira integrada e indivisível. Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um décimo oitavo objetivo que adotaremos voluntariamente“. Seria sensacional se fosse verdade. Neste momento a sociedade brasileira clama pela substituição da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) por uma mulher negra. O PT escolheu e Lula na certa acolherá o cafuso maranhense Flávio Dino, ministro da Justiça, que nem de longe pode aproximar-se desse clamor social. Não se trata de um pleito igualitário, daqueles que seu ouvido esquerdo tem ouvido muitos apelos, mas a supressão de uma escolha sempre machista e com origem longe da senzala. Lula desfiou belas promessas na ONU, mas não age na mesma direção.

Recentemente, o petista resolveu meter uma colher torta de apoio ao russo Vladimir Putin que, em nome da história da “mãe Rússia”. Imitou Stalin invadindo a vizinha Ucrânia, ex-pertencente à tirania da União Soviética. Em Nova York, ele recuou mais uma vez do apoio explícito ao ex-policial dizendo: “A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo”. Que diálogo? A Rússia invadiu o país vizinho, também de eslavos, e bombardeia seguidamente sua população civil. Mas o presidente calou na ONU a respeito. O máximo que fez em Nova York foi marcar um encontro com Volodymyr Zelensky. E daí? Sua posição equivale a jogar uma bala de menta no colo do tirano russo.

O colega Josias de Souza, colunista do UOL, chamou a atenção para o fato de os discursos anteriores do presidente brasileiro naquele recinto agora se alteraram fundamentalmente com perda de veemência.

E ele ainda se superou em cinismo ao criticar o estúpido e inútil bloqueio dos EUA à ditadura cubana. E deslizou na fake news ao comentar: “Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa!” Deus do céu! Isso incluiria os fuzilamentos no paredón e a morte de ex-amigos que se tornaram inimigos como o lamentável episódio da morte de Che Guevara? E se supera em vergolha alheia ao pedir esmola dos países ricos para defender a Amazônia e gastar milhões para a esbórnia de aliados e bajuladores na Grande Maçã.

 

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. O q esperar de 1 idiota atrasado, ignorante, 1 indigente mental q pensa q ""trabalhadores"" são apenas os operários das fábricas e acha q os funcionários públicos, profissionais liberais, professores, empresários, estudantes, donas de casa, agricultores, agentes das forças de segurança, operários da construção civil, cientistas, artistas, desportistas, comunicadores, jornalistas, assistentes sociais, etc. e todos os demais profissionais q compõem o PIB são vagabundos, desocupados e malandros???

    1. O que esperar de um demente que imagina os demais CIDADÃOS BRASILEIROS PRODUTIVOS se comportando à sua imagem e semelhança, ou seja, malandros desocupados, ladrões e surrupiadores incorrigíveis do ERÁRIO????

  2. Como sempre, resenha perfeita e irretocável. Quem pariu Mateus que o embale por mais de 3 anos… L de lambança e de ladino tomou conta do país!

  3. Nêumanne, tenho medo de ver o que vai dar dessas atrocidades cometidas pelo vulgo Pai dos Pobres. Homem sem palavra, vinga.tivo, igno.rante. O que podemos esperar quando uma figura destas está recebendo apoio de juízes, congresso, mídia vendida e empresários corruptos?

  4. Lula tem que levar a sua claque se quer ser aplaudido. Mas as despesas disso vai tudo na nossa conta. Infelizmente não adianta reclamar agora. A besteira está feita.

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