Tuiteiro não é jornalista
O bolsonarismo criou a figura do comentarista que se considera jornalista sem nunca o ter sido. Fico surpreso com a quantidade deles. O sujeito passa o dia inteiro no Twitter e um belo dia (pode ser também feioso) lá está ele no rádio e na televisão, armado de um microfone coloridão, dando palpites sobre qualquer...
Este conteúdo é exclusivo para assinantes
O bolsonarismo criou a figura do comentarista que se considera jornalista sem nunca o ter sido. Fico surpreso com a quantidade deles. O sujeito passa o dia inteiro no Twitter e um belo dia (pode ser também feioso) lá está ele no rádio e na televisão, armado de um microfone coloridão, dando palpites sobre qualquer assunto que lhe despenque pela frente, e sempre com ares de sapiência, o que está longe de ser atributo de um jornalista. É curioso que sob o bolsonarismo tenham surgido tantos comentaristas que se acham profissionais da imprensa. Ao mesmo tempo, é explicável pelo desprezo que o bolsonarismo nutre por jornalistas. Trata-se de substituí-los por “gente nossa”. E quando a “gente nossa” se arrepende das fidelidades prestadas, ela recebe dos bolsonaristas o atestado de integrante da “extrema imprensa”. Ou seja, o comentarista criado por eles se torna ainda mais jornalista aos olhos de si próprio e do seu novo público.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (10)
CLECIO OLIVEIRA CAMARGO
2021-01-22 02:06:20Excelente.
Scully
2021-01-21 07:47:23Nunca houve motivos racionais para o diploma de Jornalismo ter caído no Brasil. Nenhum argumento apresentado à época me convenceu. Oportunismo daquele governo. Para completar, vivemos uma transição profunda para uma racionalidade tecnológica cada vez mais pragmática, esvaziada de sentido. Nós professores não sabemos mais se somos youtubers, tuiteiros, se faremos pod cast, lives, hangahouts. É meu caro, não está fácil para ninguém! O dilema é geral, rende pano pra manga e longas histórias...
José Fiuza Neto
2021-01-20 14:31:29Na mosca, Sabino. A propósito, outro dia tive a pachorra de contar quantos colunistas e blogueiros escrevem na Folha digital, sem importar a periodicidade. Parei quando cheguei em 100. É muita opinião e pouca substância (com as exceções de praxe, claro).
Ruy
2021-01-20 11:50:37E dai Mario ? O que ganhamos e temos hoje com os "profissionais" da informação ? A imprensa mais ideologicamente comprometida e, como consequência, menos confiável possível ...
Marcelo Augusto Faria Moreira
2021-01-18 20:51:15infelizmente, para os senhores repórteres, essa profissão não pode ser regulamentada para que continuamos viver em uma democracia. Vocês estão sofrendo do excesso de concorrência que está assolando muitas profissões, mas os melhores sempre prevaleceram, apesar da estrada tornar-se um pouco mais turbulenta.
Vald
2021-01-18 14:04:10Por mais críticas que se tenha em relação ao atual governo, não jogue na conta (só) dele as opiniões rasas desses comentaristas que proliferam na imprensa em geral. São sim, profissionais despreparados, superficiais e medíocres em suas abordagens, militantes à esquerda e à direita movidos em sua maioria por uma militância nojenta. O que nós, leitores e telespectadores enfadados, temos feito: cada vez mais seletivos, cancelado assinaturas e/ou usado o bom e velho controle remoto.
Márcia
2021-01-18 01:08:24É bem isto Mario e creio que o conselho dos jornalistas é tão ruim como os outros. Estes a quem se referes são torcedores e não profissionais
Paulo
2021-01-17 23:41:39Temos hoje veículos de imprensa que tem mais de 60 articulistas. Pra quê tudo isso? Jornalista e Veículo de Imprensa não é só aquele que não mente, mas aquele que não omite também! Parabéns pelo seu texto lúcido!
Denise
2021-01-17 22:51:09Estava com saudades dos seus artigos! Sempre certeiro.
PAULO
2021-01-17 18:51:06Bela colocação Mario. Faltou dizer que até alguns repórteres, mal sabem ler, que diremos pois dos "Tuiteiros"