Arquivo pessoalValentina Zenocrati: estudante atua na campanha do candidato Javier Milei

A eleição pela ótica de uma eleitora argentina

Como uma estudante de economia da cidade de Mendoza enxerga a disputa entre o peronista Sergio Massa e o libertário Javier Milei
16.11.23

Javier Milei está nas manchetes dos jornais brasileiros, sendo frequentemente retratado como uma ameaça à democracia argentina, mesmo em um cenário de inflação descontrolada, chegando a 160% por ano, e índices crescentes de pobreza, com 40% na pobreza infantil e 60% na pobreza geral. Seria a eleição do candidato libertário realmente o pior cenário para o nosso vizinho? Com essa questão em mente, decidi conversar com alguém que está vivenciando a eleição argentina na pele: Valentina Zenocrati. Ela é argentina, reside na província de Mendoza, é estudante de economia e tem 22 anos. Valentina é minha colega no movimento LOLA (Ladies of Liberty Alliance), uma rede global de mulheres liberais, e atua como líder do núcleo de Mendoza. Insatisfeita com o atual cenário político, decidiu dedicar-se como voluntária na campanha de Javier Milei desde antes das primárias. Vamos explorar o que a motiva e como ela percebe todo esse processo.

O primeiro passo para entender a sua decisão é analisar o cenário posto: Alberto Fernández, o atual presidente, representa a continuação do kirchnerismo e do peronismo, que há muito tempo têm impactado negativamente a Argentina. Na visão de Valentina, o presidente, além de perpetuar medidas populistas adotadas por governos de esquerda anteriores, também prejudicou o país com decisões tomadas durante a pandemia. Fernández foi visto como o principal responsável pelos problemas econômicos, decretando uma quarentena prolongada, o que fechou diversos estabelecimentos comerciais e fez com que argentinos sofressem até hoje as consequências de suas escolhas. No entanto, o que aumenta suas chances de eleger seu sucessor é o amplo acesso aos recursos públicos e à máquina estatal que Fernández possui. Isso não apenas permite a construção de uma campanha eleitoral bem estruturada, mas também o financiamento de grandes veículos de imprensa para melhorar sua imagem e prejudicar a do concorrente.

Com base nisso, Valentina considera a eleição de Sergio Massa um desastre inimaginável. Ela o vê como uma figura ainda mais problemática do que a ex-presidente Cristina Kirchner, que foi acusada de lavagem e desvio de dinheiro em mais de uma ocasião. Segundo a ativista, Massa é uma figura maquiavélica sem limites éticos, capaz de fazer qualquer coisa para se manter no poder. Ela afirma que, durante todo o mandato de Alberto Fernández, Massa trabalhou com um único objetivo: posicionar-se como o sucessor do presidente. Para alcançar esse objetivo, utilizou o Ministério para implementar medidas fracas e populistas, resultando no maior crescimento da inflação e pobreza dos últimos 20 anos. E durante a campanha o cenário é ainda pior, o termo usado pela argentina foi “campanha do medo“, já que utiliza de ameaças afirmando que os cidadãos vão perder seu direito à educação e à saúde pública se Javier for eleito. “Se assim é sua campanha, eu não consigo imaginar como seria o seu governo, pois ele é capaz de tudo para perpetuar no poder“, conclui.

Eu perguntei, então, por que Valentina decidiu se voluntariar na campanha de Milei, e esse foi o momento mais emocionante da nossa conversa. Valentina confessou que os argentinos estão sofrendo muito, especialmente desde a pandemia. A pobreza, a desigualdade e a falta de segurança são males que, segundo ela, só podem ser solucionados por meio da política. Valentina compartilhou que, desde o agravamento da situação na Venezuela, tem sido comum ver venezuelanos buscando refúgio na Argentina, fugindo do governo ditatorial e opressor liderado por Maduro. No entanto, o que a tem assustado ultimamente é perceber que parte desses venezuelanos, que outrora viam na Argentina a esperança de construir um novo lar, agora está fugindo para o Chile devido à percepção de traços semelhantes aos de seu país de origem.

Na tentativa de construir um futuro melhor para seu país, a alternativa mais sensata em sua visão foi apoiar o candidato libertário Javier Milei. Por isso, atua na causa desde março de 2022. Valentina é responsável pela coordenação da militância universitária e fiscalização eleitoral na província de Mendoza. Ela lidera esforços para garantir a transparência e a entrega rápida dos resultados percentuais de votos nos dias da votação, incluindo as primárias, o primeiro e o segundo turno. Segundo ela, a integridade das eleições é uma grande preocupação no país, e ela está empenhada em fazer tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que seja uma eleição transparente.

Apesar de Milei ter terminado a corrida em segundo lugar no primeiro turno, Valentina segue otimista. Segundo ela, as chances são altas; na última pesquisa o candidato estava com aproximadamente 50% dos votos. A ativista também conclui que, devido à forte associação de Massa com a continuidade do peronismo, o que carrega uma imagem muito negativa, boa parte dos votos de Patrícia Bullrich deve ser transferida para o candidato libertário, o que pode garantir a sua vitória. No entanto, o que a preocupa é a integridade da eleição, por isso, ela está atuando fortemente na fiscalização eleitoral.

A nós, brasileiros, resta não acreditar fielmente no que as manchetes tentam nos dizer. Mas, sempre que possível, devemos ouvir nossos hermanos e torcer para que a eleição seja um início de esperança para um país tão prejudicado. A América Latina enfrenta graves crises de democracia, e se a Argentina conseguir se libertar da hegemonia dos governos de esquerda, será uma grande vitória.

 

Anne Dias, advogada, Presidente do LOLA Brasil e Diretora do Programa de Núcleos do LOLA Internacional (Ladies of Liberty Alliance). 

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  1. Repito: Torço para que Milei faça um bom governo e ajude nossos caros hermanos da pátria de Messi e Maradona a caminharem para a prosperidade e acabar c/ a corrupção, tirar a esquerda parasita do poder e trazer os EUA, mundo ocidental, Japão, Índia, e demais democracias asiáticas para cá vai certamente prejudicar Lula e o PT, PSOL, PC do B, PSTU mas irá melhorar muito o Brasil!

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