ReproduçãoLula na Playboy fala sobre Hitler: “mesmo errado, tinha aquilo que admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer"

Lula de novo ao lado de Hitler e do Irã

A adesão do petista ao terrorismo do Hamas contra Israel ressuscitou sua devoção de 44 anos a assassinos que, para ele. protegem desassistidos
16.11.23

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou a ira da comunidade judaica no Brasil ao equiparar a reação de Israel, com violência e lembrando a lei do talião dos tempos bíblicos, ao terrorismo executado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro. “Nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana contra inocentes. Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo, o Estado de Israel também está cometendo um ato de terrorismo”, disse na live em que imitou o adversário e antecessor, Jair Bolsonaro, na segunda 13 de novembro. Na terça, 14, ele fez o que foi noticiado que faria. E, ainda tratando da chegada dos brasileiros repatriados de Gaza como vil assunto de palanque eleitoral, arrematou: “Se eu sei que está cheio de criança naquele lugar, pode ter um monstro lá dentro que eu não posso matar as crianças porque eu quero matar os monstros. Eu tenho que matar o monstro sem matar as crianças. É simples assim”.

Infelizmente, em geral, não é tão simples assim. Talvez mais simples seria empreender a tomada dos territórios da periferia da ex-Cidade Maravilhosa, cenário decrépito da comemoração do ano novo daqui um mês e meio. No entanto, o Brasil, governado por ele, Artur Lira, Cláudio Castro e Tarcísio de Freitas, nem cogita de por fim à vergonha mundial de ter metade da ex-capital do Império e da República sob domínio pleno de quadrilhas e milícias de traficantes de entorpecentes e armamentos. Uma atitude dessas talvez o incluísse no panteão dos heróis nacionais exatamente porque os “desassistidos” daqui vivem sob tensão similar à dos palestinos que atacaram Israel covardemente e estão sofrendo retaliações comparáveis, mas ainda assim questionáveis. Michel Temer interveio na segurança do estado do Rio, posta sob os canhões do Exército Nacional e o comando do general Walter Braga Neto, cuja incompetência não logrou nem sequer uma perspectiva de repor a ordem e a segurança dos remediados, pobres e miseráveis da orla do Rio, submetidos a bandidos.

Mas Lula tem um passado no mínimo discutível no tratamento de dramas do gênero. Em julho de 1979, quando brilhava surfando nas greves nas montadoras do ABC, ele próprio manifestou opiniões no mínimo deploráveis em entrevista dada a Josué Machado e publicada na revista Playboy. A parte mais polêmica da reportagem está relatada na página 101 de meu livro O que Sei de Lula, editado em 2011 pela Topbooks.

Lula incluiu entre os humanos que mais admirava o criminoso de guerra Adolf Hitler, que, segundo ele, “mesmo errado, tinha aquilo que admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer”. Quando o repórter destacou a que Adolfo, ele se referiu, corrigiu: “O que admiro é a disposição, a força, a dedicação. É diferente de admirar as ideias dele, a ideologia dele”. Claro que é diferente mesmo. Mas muito pior. As ideias, pelo austríaco proclamadas num calhamaço ilegível intitulado Minha Luta, são de leitura penosa para qualquer um. Imagine quando feita por alguém de rara inteligência, mas instrução basal. Se as ideias de Adolfo são desprezíveis, o que dizer, então, das ações delas resultantes, que ele exaltou? O réprobo tentou conquistar o mundo, ameaçou incendiar Paris e eliminou 6 milhões de judeus num genocídio denominado de Holocausto. Em 10 de fevereiro de 1980, ou seja, sete meses depois da publicação, Lula participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), que agora condena Israel e desconsidera quem abriu fogo antes. Portanto, de então até agora, o partido era inocente do sangue de 6 milhões de justos vitimados pelos nazis. Lula nunca: nem há 44 anos nem agora. Mas ele nunca se deu por vencido. Em 1994, instado a se justificar, ao disputar a Presidência em eleição direta, reportagem na Folha de S.Paulo dos repórteres Gustavo Kriger, Elvis Cesar Bonassa e Abnor Gondim registrou a seguinte reação dele à lembrança do elogio à obra do abominável canalha: “Eu desconheço que haja entrevista da Playboy em que eu falo isso”. Na mesma ocasião, ele também desautorizou declarações que dera em 1979 a respeito do aiatolá Khomeini, desumano assassino do Irã: “Eu não conheço muita coisa sobre o Irã, mas a força que o Khomeini mostrou, a determinação de acabar com aquele regime do xá, foi um negócio sério”.

Em 1979, o repórter questionara: “As pessoas que você disse que admira derrubaram ou ajudaram a derrubar governos. Mera coincidência?

Lula: “Não, não é mera coincidência, não. É que todos eles estavam ao lado dos menos favorecidos.”

Essa resposta é uma espécie de asquerosa confissão. Se foi com Hitler e os persas extremistas xiitas radicais do Irã que Lula aprendeu a ficar do lado dos desassistidos, fica mais fácil entender os índices de fome, falta de escolaridade e, sobretudo, de segurança dos desvalidos das comunidades nas grandes cidades brasileiras e dos agricultores dos sertões. E isso a uma distância muito menor do que os destinos que almeja visitar no Aerojanja pelo mundo dos abonados afora.

 

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. O mais interessante nos textos de Nêumanne são as lembranças. Em muitas matérias ele traz à tona alguns fatos que para muitos são novos e para outros servem de oxigênio para a memória. Considero essa atitude relevante, especialmente em tempos de "o que vale é a última manchete".

  2. Lula é um crápula hoje como era há 40 anos. E ainda achavam que seria esse o voto para salvar a democracia. Kkkkkkkk

  3. E Josué Machado quando entrevistou Lula para a Playboy achou que ele tinha lido "Minha Luta", de Hitler? Lula já disse que "pobre é barato" e o voto de um pobre e de um milionário na urna tem peso igual. Ele é muito esperto, um espertalhão.

  4. Do ótimo artigo só contesto a citação do nome do Tarcísio, ao lado do lura, Artur lira. Não são similares. Foi mal.

  5. E, na encenação improvisada ou mambembe de Lula, não há qualquer preocupação com coerência. Ao mesmo tempo que finge enorme preocupação com os direitos da mulher, ele exalta com entusiasmo o regime do Irã, um dos mais repressivos do mundo ao sexo feminino. Mas essa incoerência é conscientemente desprezada pela militância. Traço de personalidades muito tortas.

  6. Lula é apenas um ator. Praticamente tudo o que ele fala é apenas parte de uma peça teatral improvisada. Certamente, ele não tem qualquer preocupação com o sofrimento de eventuais crianças palestinas, mas elas servem bem aos seus propósitos sórdidos. Assistindo à série do Netflix "Toda a luz que não podemos ver", fiquei pensando na profunda inveja que o PT deve ter de todo o movimento nazista. Coisas que eles não podem copiar, felizmente, por falta de competência. Mas Flávio Dino bem que tenta.

  7. Lula é de uma ignorância impar. Chuta estatísticas, números só comentados em botequins, depois da 5ª dose de 51. Mas, o pior, aceita qualquer verdade que lhe apareça útil, e que estão claras para todos que se tratam de mentiras de ditadores. E cá estamos, sendo comandados por um descondenado graças a outro que desejamos que seja condenado.

  8. Então. Lula não mudou nada, continua o mesmo, nem melhor nem pior. Só isso já basta pra depreender o ser execrável que é.

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