Foto: Ricardo Stuckert/PRCelso Amorim com Lula: presidência do Conselho de Segurança no momento mais crítico

Anão maior não há!

Ele voltou pois, com seu nanismo exuberante, seu nanismo apoteótico, nanismo festivo, nanismo moleque, nanismo raiz de mestre-saleta e porta-bandeirola
19.10.23

Nestes últimos dias, tenho andado preocupado com um assunto sério, grave mesmo, premente até: as reformas que a ONU vai ter que fazer em sua sede para se adaptar às necessidades especiais dos anões diplomáticos. Vai ter que construir rampas, ou rampinhas. Escadas com degraus mais baixos. Pedestais, ou pedestaizinhos. Tribuninhas. Pulpitozinhos. Assentos elevados, sobre os quais porá banquinhos. Andaimes. Pernas de pau. Sapatos de solas grossas. Guindastes, gruas, até balão, drone e asa delta. E não se descartem nem mesmo os braços fortes de jovens estagiários que carreguem para lá e para cá as pequeninas águias de Nova York em suas urgências e afãs, e que as amparem em seus acessos de veemência.

Delenda Carthago! Ou melhor: cessar-fogo em Carthago! – brada o mini-Oswaldo Aranha agitando-se sobre os ombros largos de um assessor chamado Camargo, Paranhos ou Guimarães. Para os aplausos de outros pequenos colossos, nem todos os quais sabem quem é ou foi essa dona Delenda.

Isto porque, conforme Crusoé anunciou na última edição, o anão diplomático – o Brasil – voltou, e é bom facilitar-lhe a vida e os trabalhos. Voltou pois o anão (a gente aqui, distraído, nem percebeu que ele tinha ido) com seu nanismo exuberante, seu nanismo apoteótico, nanismo festivo, nanismo moleque, nanismo raiz de mestre-saleta e porta-bandeirola. Voltou e acampou com tudo isso logo na presidência do Conselho de Segurança da ONU, e logo durante a crise mais séria das últimas décadas no oriente médio, a guerra entre Israel e os terroristas do Hamas.

Enquanto a reforma não vem, anão ou não, lá se foi o Brasil lidar com os espinhos da situação. E, anão ou não, estofo para a tarefa o Brasil tem: são dois seus chanceleres, um que é e um que está; faz parte de um clube de nações que tem como membros três das eminências nem tão pardas assim do conflito, Rússia, China e Irã; seu governo, quando eleito, ganhou um “é nóis, parça!” do Hamas – Hamas, aliás, que é defendido com unhas, dentes, cabeçadas, chutes e cotoveladas por todos os membros desse mesmo governo; e seu presidente, que lá (ou cá) no Brasil já é tido e havido como o mais sublime dos homens, faz tudo o que pode para cravar no mundo as garras do seu amor e os colmilhos da sua justiça. O anão, pois, sabia direitinho no que estava se metendo.

O fracasso, portanto, era certo. E veio enquanto escrevo: os Estados Unidos, que nunca tiveram o nanismo entre seus predicados, vetaram uma resolução que o anão propôs ao Conselho de Segurança da ONU. O anão, claro, ficou meio chateado, foi chorar as pitangas para um parça, mas diz que continuará trabalhando, bem brasileiro, pelos amigos. E espera pelas reformas que o ombreiem aos de maior estatura. Aquela rampinha lá, aquele banquinho em cima da cadeira, por favor. E, se não for pedir demais, um megafone. Para que o ouçam.

* * *

Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, que foi conde no tempo do Império e fundador da Academia Brasileira de Letras, escreveu um livro chamado Por que me ufano de meu país, livro que era célebre quando havia no Brasil o hábito curioso da leitura, e do qual muitos dos que hoje vivem nunca ouviram falar. Ora, ufanar-se é orgulhar-se, envaidecer-se; temos portanto que Afonso Celso se orgulhava, se envaidecia do seu país – veja só: o Brasil – e no tal livro explicava as razões por que tinha esta terra na conta de superior às demais, ao mesmo tempo que trazia para o léxico o termo “ufanismo”, que terminou restrito ao futebol, e agora nem mais a ele.

Não sabemos se o bom conde ufanar-se-ia deste Brasil de agora, deste Brasil que aí está. Sabemos, no entanto, que o ufanista moderno é aquele cara que, quando vê o Brasil sendo chamado de anão diplomático, ergue o queixo, bate no peito e brada:

— Anão maior não há!

E o diabo é que ele tem razão.

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  1. Lula é o CEO (Chefe de Enorme Organização - criminosa) que o brazil Mata Fechada merece. Com um Ministério de notáveis idiotas (não escapa um único nome) e apoiado por sujidades que apoiam criminosos (nenhuma surpresa) e terroristas, só podia ter como Aspone para a confusa política internacional o impagável CELSO AMORAL. Sem dúvidas o calango imortal merece o Prêmio Ignobel.

  2. Nunca senti tanta vergonha de me identificar como Brasileiro. Conseguimos a duras penas afastar o estereótipo de país de prostitutas e jogadores de futebol. Dificilmente conseguiremos superar a imagem de imbecis que elegem outros. Com razão.

  3. Gostei muito porque, não lendo como o autor, fiquei sabendo desse fundador da Academia de Letras. "Porque me ufano de meu país" já não nos interessa, pois 2 séculos atrás já esquecemos tudo que lemos e ouvimos. KKKKK ou quá, quá, quá!!!

    1. Um idiota só poderia escrever idiotices e, além de tudo, sendo o mais anão dos anões que ocupam espaço na midia…se acha um “jênio”…

  4. Adoro sua coluna Tosetto. Esse cinismo combina com o que vemos diariamente. Aqui, um texto para nos deleitarmos, no Planalto, o cinismo vale mesmo é para enganarem o povo que se orgulha desses anões que envergonham os brasileiro que tem conhecimento, educação e ética.

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