PSDBAo lado de Reinaldo Azambuja, ex-governador do MS, o mineiro colhe aplausos da militância

No poleiro do Aécio

Tucanos anunciam uma repaginação do partido, cujo principal objetivo é a reabilitação do político mineiro
31.08.23

O PSDB anunciou uma reestruturação em um evento na semana passada, em Brasília. A imagem do “mascote tucano” voltou à logomarca. Além disso, a sigla adotou como lema “Um só Brasil”, na tentativa de mostrar-se como uma alternativa à polarização entre o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas nem tudo é novidade nessa repaginação. Um dos objetivos do “novo PSDB” é conseguir a reabilitação política do deputado mineiro Aécio Neves. O tucano, que chegou ao segundo turno das eleições em 2014 contra Dilma Rousseff, quer apoio da militância e dos caciques partidários para recobrar a proeminência que já teve.

Aécio viu seu capital político se deteriorar depois de ter sido acusado em 2017 de ter recebido 2 milhões de reais em propina do empresário Joesley Batista, da J&F, para atuar como lobista da empresa como senador. Em 2022, o parlamentar foi absolvido da acusação na primeira instância. Em julho, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) confirmou a sentença que absolveu o ex-presidenciável.

A aposta em Aécio se explica, em grande parte, pela derrota tucana em São Paulo nas eleições de 2022. O estado mais rico da federação foi governado por quase três décadas pelo PSDB. Nessas circunstâncias, Minas Gerais seria a melhor alternativa para que o partido recobre musculatura.

Historicamente, tucanos paulistas e mineiros disputaram espaço na política nacional e se revezavam no comando do PSDB. Atualmente, o partido é  presidido pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O gaúcho, no entanto, já indicou que deve seguir no cargo apenas até o final deste ano, para então voltar a se dedicar ao seu estado. “Eu aceitei ser presidente do partido diante de uma situação muito específica, depois de termos tido uma redução da bancada e da perda do governo no estado de São Paulo. Isso gerou um momento de dificuldade. O partido parece ter sofrido um momento de confusão no seu pensamento político“, diz Leite.

Além do Rio Grande do Sul, atualmente o PSDB governa o estado de Pernambuco, com Raquel Lyra, e o Mato Grosso do Sul, com Eduardo Riedel. Já a bancada da sigla no Congresso Nacional conta atualmente com 13 deputados federais e apenas dois senadores. “O PSDB passa por um momento de reflexão importante. É um partido que de fato diminuiu de tamanho e que precisa se reencontrar dentro de um cenário de polarização“, diz Raquel Lyra, atual vice-presidente do partido.

No evento em Brasília, quem roubou a cena foi Aécio Neves, que foi ovacionado pela militância do partido durante o seu discurso. “Falo do lugar mais profundo do meu coração. Não esperava por essa gentileza, não esperava por esse desagravo. Eu acredito que nós vamos voltar a ser protagonistas da vida pública brasileira porque nós temos essa responsabilidade com os brasileiros“, disse Neves na ocasião.

A absolvição do mineiro foi lembrada por Eduardo Leite, que comemorou o “fim de um calvário extenso” enfrentado pelo parlamentar. “Pode seguir agora, Aécio, adiante, com a sua biografia. E além de seguir com a sua biografia, pode seguir agora com a Justiça ao seu lado”, disse o governador gaúcho.

Aécio voltou a ser mencionado como postulante ao governo de Minas Gerais. Construir sua candidatura para 2026 passou a ser um dos objetivos estratégicos do partido. O neto de Tancredo Neve já governou o estado por dois mandatos.

Nós percebemos que o partido tem uma militância muito forte no Brasil inteiro e temos a perspectiva de incentivar uma nova geração de políticos. O nome do Aécio tem sido lembrado e está havendo um chamado para que ele se apresente como candidato“, diz o deputado Paulo Abi-Ackel (MG), secretário-geral do PSDB.

O integrante da Executiva, no entanto, admite as dificuldades da sigla e pondera que a retomada do protagonismo do PSDB passa por um “processo de convencimento do eleitor“. “Claro que ainda tem uma longa etapa de convencimento do eleitor. Uma grande parte do eleitorado ainda está na tese da polarização e da radicalização“, completou Abi-Ackel. Caberá à novidade Aécio romper esse estado de coisas.

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