Arquivo Nacional/CN/Dominio PúblicoMao Tsé-Tung: as mortes causadas pelos regime comunista não são relativas

Não há nada de virtuoso em apoiar quem bate palma para ditaduras

Será mesmo que a democracia e o amor venceram, se o representante do país recebe, com um sorriso no rosto, um literal ditador?
06.07.23

“O amor venceu!”, disse uma chamada do dia 4 de novembro no site oficial do presidente Lula, após vencer as eleições de 2022. A expressão faz parte de uma narrativa já manuseada pela esquerda há tempos, porém reforçada nessa última eleição. Ela é pautada na ideia de que ser de esquerda torna uma pessoa virtuosa, empática e sensível às pautas sociais. Segundo eles, se você votou 13 na urna, isso te torna uma pessoa a favor do amor. Se você votou diferente, isso te torna uma pessoa contra o amor.

Chegamos a um estágio no qual o debate político carece de maturidade, em que acredita-se que o posicionamento político de um indivíduo determina a sua índole. Ainda que estejamos todos em busca de solucionar os problemas da sociedade por meio da política afinal, esta existe justamente para organizar a convivência em comunidade , não conseguimos entender que nossa posição no espectro político apenas irá sinalizar qual caminho acreditamos ser o mais efetivo e eficaz.

O cenário de polarização das eleições de 2022 intensificou esse debate imaturo. A banalização do termo “fascismo” foi um dos fatores que mais marcaram o embate entre os dois presidenciáveis à frente na disputa, muito utilizado pela esquerda para subestimar ou insultar os seus adversários políticos. Para além de tornar o debate político fútil, também fomenta a falta de conhecimento do eleitor médio sobre aquilo que defende ou que repugna. Os próprios historiadores encontram dificuldade em chegar a uma definição conclusiva do que significa esse termo, apontando algumas características que marcaram as experiências da história.

Claro que diante dessa conjuntura, o PT encontrou uma oportunidade irrenunciável de marketing político: todos querem se sentir pessoas boas, independentemente de suas atitudes. Se votar no candidato X faz com que eu fique no time das pessoas boas, compassivas e solidárias, então essa será a minha decisão. Levando em consideração a complexidade da política e do próprio sistema e no quanto isso afasta o interesse do brasileiro médio em entender sobre o assunto, é mais fácil confiar no “mainstream” do que, de fato, votar a partir de uma posição individual e independente.

Hoje, o que impressiona é a audácia do eleitor de Lula em se autodenominar bom, empático e virtuoso pelo fato de ter votado em um presidente que, na verdade, vem atuando contrariamente a todos esses atributos. Será mesmo que a democracia e o amor venceram, se o representante do país recebe, com um sorriso no rosto, um literal ditador? Vale lembrar que a lista de denúncias sobre crimes contra a humanidade para a ONU só vem se alargando, de modo que opositores relatam episódios de tortura física e psicológica, como espancamentos, uso de descargas elétricas, violência sexual e asfixia. Segundo relatórios do Conselho de Direitos Humanos da ONU, até mesmo execuções extrajudiciais têm ocorrido, tudo sob liderança de Maduro e do alto escalão de seu governo.

Não me parece que o amor venceu, ainda, quando Lula afirma, com orgulho no peito, que não se ofende em ser chamado de comunista fato que aconteceu no dia 29 de junho, no Foro de São Paulo. Hoje, existem registros históricos que confirmam e historiadores que estudam a fundo as mortes em massa em Estados comunistas que ocorreram ao longo da história, incluindo, por exemplo, a União Soviética, a República Popular da China e a Etiópia, no episódio do Terror Vermelho. Nesse sentido, o historiador Frank Dikötter, especializado na China moderna, afirma em seu livro A Grande Fome de Mao que o Grande Salto Adiante culminou em um dos mais letais assassinatos em massa da história humana.

Seguindo a linha de Lula em falas recentes de que “a democracia é relativa”, me parece que, para essa turma, o amor também é relativo. Pois se o amor venceu ao elegermos um presidente que apoia ditaduras e que tem orgulho em defender um regime fatal, eu não quero ser uma pessoa provida desse amor.

 

Letícia Barros é advogada e vice-presidente do LOLA Brasil

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  1. Realmente, essa história de se parecer bonzinho, amante da paz, do amor, da liberdade para aqueles que votam no PT é muito forte no Brasil. Dizer que sou de Direita automaticamente as pessoas me veem como apoiadora da ditadura Militar. A moçada das Universidade Públicas continua pensando assim, mesmo que não estejam preocupadas em se atualizar a ponto de poder julgar corretamente os rumos que a Esquerda radical está tomando.

  2. Eu espero que o povo aprenda, de uma vez por todas, que lula é um mentiroso contumaz. Mentiu tanto que conseguiu se eleger sem dar uma palavra sobre a economia e estamos no buraco por causa dele. Tudo que ele faz é torrar dinheiro público em dólar/euro. Sequer desfaz a mala quando chega e já tem outra viagem. E o mais importante: é corrupto. Não existe corrupção sem mentira.

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