Não há nada de virtuoso em apoiar quem bate palma para ditaduras
“O amor venceu!”, disse uma chamada do dia 4 de novembro no site oficial do presidente Lula, após vencer as eleições de 2022. A expressão faz parte de uma narrativa já manuseada pela esquerda há tempos, porém reforçada nessa última eleição. Ela é pautada na ideia de que ser de esquerda torna uma pessoa virtuosa, empática e sensível às pautas sociais. Segundo eles, se você votou 13 na urna, isso te torna uma pessoa a favor do amor. Se você votou diferente, isso te torna uma pessoa contra o amor.
Chegamos a um estágio no qual o debate político carece de maturidade, em que acredita-se que o posicionamento político de um indivíduo determina a sua índole. Ainda que estejamos todos em busca de solucionar os problemas da sociedade por meio da política – afinal, esta existe justamente para organizar a convivência em comunidade –, não conseguimos entender que nossa posição no espectro político apenas irá sinalizar qual caminho acreditamos ser o mais efetivo e eficaz.
O cenário de polarização das eleições de 2022 intensificou esse debate imaturo. A banalização do termo “fascismo” foi um dos fatores que mais marcaram o embate entre os dois presidenciáveis à frente na disputa, muito utilizado pela esquerda para subestimar ou insultar os seus adversários políticos. Para além de tornar o debate político fútil, também fomenta a falta de conhecimento do eleitor médio sobre aquilo que defende ou que repugna. Os próprios historiadores encontram dificuldade em chegar a uma definição conclusiva do que significa esse termo, apontando algumas características que marcaram as experiências da história.
Claro que diante dessa conjuntura, o PT encontrou uma oportunidade irrenunciável de marketing político: todos querem se sentir pessoas boas, independentemente de suas atitudes. Se votar no candidato X faz com que eu fique no time das pessoas boas, compassivas e solidárias, então essa será a minha decisão. Levando em consideração a complexidade da política e do próprio sistema e no quanto isso afasta o interesse do brasileiro médio em entender sobre o assunto, é mais fácil confiar no “mainstream” do que, de fato, votar a partir de uma posição individual e independente.
Hoje, o que impressiona é a audácia do eleitor de Lula em se autodenominar bom, empático e virtuoso pelo fato de ter votado em um presidente que, na verdade, vem atuando contrariamente a todos esses atributos. Será mesmo que a democracia e o amor venceram, se o representante do país recebe, com um sorriso no rosto, um literal ditador? Vale lembrar que a lista de denúncias sobre crimes contra a humanidade para a ONU só vem se alargando, de modo que opositores relatam episódios de tortura física e psicológica, como espancamentos, uso de descargas elétricas, violência sexual e asfixia. Segundo relatórios do Conselho de Direitos Humanos da ONU, até mesmo execuções extrajudiciais têm ocorrido, tudo sob liderança de Maduro e do alto escalão de seu governo.
Não me parece que o amor venceu, ainda, quando Lula afirma, com orgulho no peito, que não se ofende em ser chamado de comunista – fato que aconteceu no dia 29 de junho, no Foro de São Paulo. Hoje, existem registros históricos que confirmam e historiadores que estudam a fundo as mortes em massa em Estados comunistas que ocorreram ao longo da história, incluindo, por exemplo, a União Soviética, a República Popular da China e a Etiópia, no episódio do Terror Vermelho. Nesse sentido, o historiador Frank Dikötter, especializado na China moderna, afirma em seu livro A Grande Fome de Mao que o Grande Salto Adiante culminou em um dos mais letais assassinatos em massa da história humana.
Seguindo a linha de Lula em falas recentes de que “a democracia é relativa”, me parece que, para essa turma, o amor também é relativo. Pois se o amor venceu ao elegermos um presidente que apoia ditaduras e que tem orgulho em defender um regime fatal, eu não quero ser uma pessoa provida desse amor.
Letícia Barros é advogada e vice-presidente do LOLA Brasil
Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.
Maduro sim é que é genocida.
A retórica de " o amor venceu" é ptralha. Toda retórica ptralha é farsa.
Realmente, essa história de se parecer bonzinho, amante da paz, do amor, da liberdade para aqueles que votam no PT é muito forte no Brasil. Dizer que sou de Direita automaticamente as pessoas me veem como apoiadora da ditadura Militar. A moçada das Universidade Públicas continua pensando assim, mesmo que não estejam preocupadas em se atualizar a ponto de poder julgar corretamente os rumos que a Esquerda radical está tomando.
Eu espero que o povo aprenda, de uma vez por todas, que lula é um mentiroso contumaz. Mentiu tanto que conseguiu se eleger sem dar uma palavra sobre a economia e estamos no buraco por causa dele. Tudo que ele faz é torrar dinheiro público em dólar/euro. Sequer desfaz a mala quando chega e já tem outra viagem. E o mais importante: é corrupto. Não existe corrupção sem mentira.
Muito bom!!!