Reprodução - WNYWDonald Trump, um dos poucos presidentes que não conseguiram a reeleição, tentará um segundo mandato

Eleições 2024

A disputa entre Joe Biden e Donald Trump já começou, e a tradição joga a favor do democrata
27.04.23

Quando menciono, no título desta coluna, “Eleições 2024”, é claro que não me refiro às eleições municipais brasileiras.

Falo da manutenção, ou renovação, ou retorno, do ocupante da Casa Branca, escolha essa que será feita em 6 de novembro do ano que vem.

A campanha já começou. Isso porque esta semana o presidente Joe Biden anunciou que concorrerá a um segundo mandato.

Imediatamente, os adeptos mais entusiasmados começam a gritar “four more years!, four more years (mais quatro anos)!”, e os comitês de campanha e arrecadação são abertos no lado democrata (partido do burrinho e da cor azul).

Quando um incumbente, termo que não se usa no Brasil mas significa “aquele que já está no cargo”, se lança à reeleição, geralmente ganha a maioria das primárias e é escolhido por aclamação.

Ela irá acontecer no dia 19 de agosto em Chicago.

Causa um certo espanto um político se candidatar à presidência sabendo que irá tomar posse aos 82 anos de idade, o que indica que ele irá terminar o mandato aos 86, lembrando que mesmo o mítico primeiro-ministro britânico Winston Churchill renunciou ao cargo (já apresentava pequenos sinais de senilidade) quando completou 81.

O fato de ser presidente não impede Joe Biden de enfrentar oponentes nas primárias de seu partido.

Até agora, dois se apresentaram:

Robert Kennedy Jr. Apesar de ser filho do Robert Kennedy (1925/1968), que tinha tudo para se eleger presidente quando foi assassinado num evento de campanha em Los Angeles, e sobrinho de John Kennedy (que dispensa apresentações), Robert Jr. é contra vacinas e sua principal luta é pela despoluição do rio Hudson, objetivo muito provinciano para quem quer ser presidente do país mais importante do mundo.

Marlanne Willamson. Mentora de autoajuda, líder espiritual e apoiadora de Bernie Sanders nas eleições de 2020.

A não ser que aconteça algo (doença ou coisa pior) a Joe Biden, ele será o candidato democrata nas eleições do ano que vem.

Nas hostes adversárias, a do elefante e das gravatas e símbolos vermelhos (republicanos, para os não muito íntimos), lá vem Ele. Com o perdão da má palavra: Donald Trump.

Contra Trump pesam, entre dezenas de outras, as seguintes acusações:

− Suborno, através de um advogado, de uma atriz pornô (que atende pelo apelido sugestivo de Stormy Daniels), para não revelar um episódio de sexo entre os dois (essa é a menor delas, mas é a que já está mais adiantada: em julgamento por um grand jury).

− Estímulo, em 6 de janeiro de 2021, para que seus seguidores mais fanáticos fossem até o Capitólio protestar contra o resultado dos votos no Colégio Eleitoral, episódio que culminou com a morte de cinco pessoas (inclusive um integrante da polícia do Legislativo) e com a depredação de diversas dependências do Senado e da Câmara dos Representantes.

− Tentativa, através de telefonema gravado, e transmitido para o mundo inteiro, de coagir o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, de adulterar a contagem eleitoral, trocando votos democratas por republicanos.

Pois bem, Trump vai disputar as primárias republicanas e, acreditem, é o favorito para vencê-las.

Donald Trump também não é nenhum garoto. Caso conquiste a Casa Branca, terá 78 anos ao tomar posse.

O que mais impressiona nessas eleições é que os dois candidatos, caso se confirme a disputa Biden/Trump, têm opiniões e atitudes opostas sobre quase tudo, a começar pelo relacionamento com os europeus e, principalmente, com Vladimir Putin.

Na última vez que esteve em Moscou, Donald Trump criticou acidamente o FBI e a CIA. Algo parecido com o que Jair Bolsonaro, no Brasil, fez em relação ao nosso sistema eleitoral, num discurso para diplomatas estrangeiros credenciados em Brasília, deixando-os extremamente constrangidos.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, apenas Jimmy Carter, George H. W Bush (Bush pai) e o próprio Donald Trump falharam ao tentar a reeleição.

A “escrita” portanto joga em favor de Biden.

Nos Estados Unidos, parte do resultado eleitoral já é conhecido de antemão. Estou me referindo a alguns estados com grande quantidade de votos no Colégio Eleitoral.

A Califórnia dará 54 votos a Biden; Nova York, 38. Por outro lado, os 40 do Texas serão do candidato republicano.

Dois estados são importantíssimos: Flórida, porque a votação lá é sempre apertada e põe 30 eleitores no Colégio. Ohio, porque quem vence lá costuma vencer no país. Talvez o estado seja uma boa amostragem do eleitor americano, tal como acontece com Minas Gerais no Brasil.

Nos Estados Unidos, não há uma Justiça Eleitoral que controla todo o processo de votação e apuração. Lá, cada estado define seus métodos.

A votação pelo correio é um ótimo exemplo dessa discrepância. Ajuda as minorias (geralmente democratas), que ficam inibidas de preencher aquelas cédulas (ballots) anacrônicas e complicadas, sem a ajuda de terceiros.

Acho que, ao final, ganha Biden se a economia estiver bem e o republicano se houver recessão.

É a economia, estúpido”: penso que o aforismo de James Carville vai prevalecer.

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