Zambelli no exterior é mais transtorno para o bolsonarismo
Condenada por falsidade ideológica e invasão de sistemas, ela disse que pedirá licença do mandato: "Foi o que o Eduardo fez também"

A deputada federal Carla Zambelli (foto) afirmou nesta terça, 3, que está na Europa e vai pedir licença do seu mandato de deputada federal.
Em meados de maio, ela foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão por invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsificação de identidade.
Considerada como fonte de problemas para o bolsonarismo, principalmente depois que perseguiu um homem com arma na mão na véspera da eleição de 2022, ela pode gerar ainda mais turbulências com sua ida para o exterior.
"Foi o que o Eduardo fez também"
“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscar um tratamento médico, um tratamento que eu já fazia aqui. E agora vou pedir, inclusive, para pedir para que eu possa me afastar do cargo, tem essa possibilidade na Constituição, acho que as pessoas conhecem mais isso hoje em dia, porque foi o que o Eduardo fez também. Ele pediu uma licença não remunerada. Então eu passo a não receber mais salário e o gabinete vai ser ocupado pelo meu suplente”, disse a parlamentar à rádio Auriverde.
A comparação de Zambelli com o caso de Eduardo Bolsonaro não ajuda em nada o bolsonarismo.
Eduardo Bolsonaro não é réu, nem tampouco foi condenado.
O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou um pedido de investigação feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele, mas o caso tem sido criticado porque Eduardo não fez nada ilegal ao publicar mensagens nas redes sociais ou fazer lobby com o Congresso americano.
Acusar Eduardo de obstrução de Justiça em uma decisão soberana do governo americano de restringir vistos para estrangeiros também não faz sentido algum.
O caso de Carla Zambelli é muito diferente.
Ela foi condenada depois de uma investigação que mostrou mensagens trocadas entre ela e o hacker Walter Delgatti Neto, em que os dois preparavam juntos documentos, que depois foram inseridos no sistema do CNJ.
Entre esses documentos estava um mandado de prisão de Alexandre de Moraes, assinado pelo próprio ministro do STF.
Sobre o pedido de afastamento temporário, Eduardo Bolsonaro tem todo o direito de, terminada sua licença, voltar ao Brasil e retomar seu mandato de deputado.
Carla Zambelli foi condenada pela Justiça e, ao viajar para o exterior, pode estar tentando fugir da perspectiva de prisão.
Fuga ou viagem?
Zambelli não afirmou que sua a intenção é fugir da Justiça, mas abriu essa possibilidade.
O advogado Daniel Bialski, que defende Zambelli, emitiu um comunicado nesta terça, 3.
"Eu fui apenas comunicado pela deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde", afirmou Bialski.
Prisão preventiva?
A viagem de Carla Zambelli para a Europa ainda pode reforçar o argumento das pessoas que pedem prisão preventiva para os réus na trama golpista, dizendo que eles poderiam fugir para o exterior.
Nesta terça, 3, o deputado federal Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, divulgou um vídeo falando do medo de fuga de réus na trama golpista.
"A Carla Zambelli fugiu", disse Lindbergh.
"Eu chamo a atenção das autoridades para o risco de fuga do [Jair] Bolsonaro. Tem que haver um monitoramento. Eu já fiz pedido de prisão preventiva. Tem um cálculo ali, que agora é julgamento... Tudo bem. Mas ele tem que ser monitorado. Não tenho dúvidas. Ele já deu várias declarações de que ele também está preparando a fuga", afirmou Lindbergh.
Zambelli, que já era uma usina de problemas para o bolsonarismo, pode causar ainda mais transtornos se de fato buscar escapar da Justiça brasileira.
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