STF julga na próxima semana ações contra portaria que dificulta aborto legal
O plenário do Supremo Tribunal Federal deve iniciar na próxima semana o julgamento virtual de duas ações ajuizadas contra a portaria do governo federal que obriga médicos a notificarem a polícia sobre pacientes que peçam a interrupção de gestações decorrentes de estupro. O aborto em caso de violência sexual é permitido no Brasil há 80 anos....
O plenário do Supremo Tribunal Federal deve iniciar na próxima semana o julgamento virtual de duas ações ajuizadas contra a portaria do governo federal que obriga médicos a notificarem a polícia sobre pacientes que peçam a interrupção de gestações decorrentes de estupro. O aborto em caso de violência sexual é permitido no Brasil há 80 anos.
Assinada pelo ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, a portaria ainda elenca outras novas exigências para a realização do procedimento médico. A norma determina que profissionais informem a gestante sobre a possibilidade de ver o feto ou embrião, em ultrassonografia, e que a vítima ou o responsável legal assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que detalha uma lista de possíveis complicações do aborto.
Além disso, as novas regras exigem que a vítima narre aos médicos a violação sofrida, apontando inclusive características do criminoso, e colocam sob a responsabilidade do profissional de saúde a coleta de possíveis provas do crime de estupro.
Os processos correm na corte sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, que não publicou despachos e os encaminhou diretamente ao plenário. O julgamento virtual foi agendado para 25 de setembro. Uma ação é subscrita por PT, PCdoB, PSB, PSOL e PDT. A outra partiu do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde. As duas pedem, de forma cautelar, a suspensão da portaria e, no mérito, a declaração de inconstitucionalidade da norma.
O argumento das legendas, por exemplo, é que a portaria cria "obstáculos exorbitantes" par ao acesso ao aborto legal, atenta contra o sigilo médico-paciente e configura abuso de poder. "Não cabe ao ministro ou ao Ministério da Saúde, portanto, organizar a política pública de modo a criar novos obstáculos à fruição de direitos, ou, pior, violar direitos e criar obrigações exorbitantes a profissionais, sob o exercício de sua função administrativa", completam.
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Comentários (5)
Suzane
2020-09-17 09:16:13Gente, que absurdo é esse? Ninguém é obrigada a levar a termo uma gestação oriunda de estupro!!! Ter um filho com a cara do seu estuprador, ninguém merece! A Lei protege, está certíssima, e é direito sine qua non da vítima decidir livremente se quer ou não ter aquele filho! E ponto final! Eu sou contra o aborto, mas, nesse caso, não há o que se mudar na Lei! Isso só podia ser coisa desse governo falido e doentio... Até quando vamos suportá-lo?
Maria Goiabademinas
2020-09-16 08:32:15Este governo de aloprados ignorantes e fanáticos quer gerar mais constrangimento e humilação às vítimas de estupro. Queria ver se fosse as filhinhas mimadinhas deles. Será que agiriam do mesmo jeito?
Heraldo
2020-09-15 21:21:55A baboseira religiosa que está exacerbada nesse atual governo não pode ser imposta a quem tenha opinião diferente.
KEDMA
2020-09-15 18:27:31Não é função do médico comunicar a polícia sobre o ato de violência. A mulher que deve decidir sobre isso.
Alexander
2020-09-15 18:16:13A teocracia medieval precisa ser freada imediatamente. Essa ingerência na vida da população, atenta contra o estado laico e o livre arbítrio.