Foto: Folhapress

Serra e Alckmin pagaram R$ 113 milhões à Qualicorp em contratos sob suspeita

22.07.20 08:01

Acusada de pagar 5 milhões de reais via caixa dois ao senador José Serra, do PSDB, na eleição de 2014, a empresa Qualicorp recebeu 113 milhões de reais do governo paulista por meio de dois contratos que estão sendo questionados na Justiça de São Paulo por suspeita de fraude e pagamentos indevidos.

O primeiro contrato foi assinado no governo Serra, em 2009, e o segundo pelo sucessor dele, o também tucano Geraldo Alckmin (foto), em 2014. Ambos tinham como objeto a informatização e o suporte ao atendimento do Iamspe, o Instituto de Assistência Médica dos Servidores Estaduais, que é uma autarquia.

Os valores pagos pelos governos tucanos à Qualicorp foram levantados por Crusoé no sistema de controle de despesas da Secretaria da Fazenda. Os repasses anuais à empresa começaram com 9,3 milhões de reais em 2010 e chegaram ao auge em 2017, com 17,5 milhões de reais.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, os contratos foram direcionados pela antiga administração do Iamspe para a Qualicorp. À época do primeiro contrato, no governo Serra, o administrador da empresa era José Seripieri Filho, que foi preso na terça-feira, 21, pela Operação Paralelo 23, a terceira fase da Lava Jato Eleitoral de São Paulo.

Conhecido como Júnior, Seripieri é amigo de Alckmin e de Serra, que teve os bens bloqueados pela Justiça Eleitoral a pedido da Polícia Federal. Segundo a PF, os pagamentos ilícitos ao tucano foram feitos por meio de empresas de informática e de eventos controladas por pessoas ligadas a Serra. Tanto o empresário quanto o senador negam as irregularidades.

Em uma ação movida em 2017, a Promotoria cobra o ressarcimento de 405 milhões de reais aos cofres públicos da Qualicorp, do Iamspe e de seus ex-gestores. Segundo o MP paulista, há uma série de evidências de fraude na licitação e de não execução de serviços pagos.

No ano passado, a juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública, recebeu a ação, mas indeferiu o pedido de liminar para bloquear os bens dos acusados e suspender o contrato do governo com a Qualicorp. Apesar disso, a contratação não foi renovada em 2019.

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