Moro: “Misturar essa anistia com 1964 ou 2026 é errado”
O ex-juiz defende a anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023, alegando que os "pobres coitados" erraram ou se excederam "por paixão política"

O senador Sergio Moro (União-PR) defendeu nesta quinta-feira, 6, a anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023, alegando que os "pobres coitados" erraram ou se excederam "por paixão política", e marcou posição de forma muito sutil contra um benefício para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesse contexto.
"Sobre a anistia do 8/1: o olhar tem que ser dirigido aos manifestantes invasores que estão presos desde aquela época ou aos que estão recebendo condenações de 17 anos de prisão. Pobres coitados que erraram e se excederam por paixão política, mas não são criminosos. As penas são excessivas e há dupla punição porque uma única conduta foi enquadrada erroneamente em dois crimes (tentativa de golpe de estado e tentativa de abolição do estado de direito)", escreveu o ex-juiz da Lava Jato no X.
Para Moro, misturar essa anistia com 1964 ou 2026 é "errado".
"Há votos vencidos no STF que reconhecem o excesso e a dupla punição. Enquanto as penas não forem reduzidas sensivelmente e essas pessoas soltas, haverá clamor pela anistia. Sou e serei favorável a ela. Misturar essa anistia com 1964 ou 2026 é errado."
Moro repete Bolsonaro parcialmente
O termo "pobres coitados" que Moro usou na publicação também foi utilizado por Bolsonaro para defender os acusados pela invasão e depredação dos Três Poderes, em Brasília.
"[Busco] é uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil. Agora, nós pedimos a todos 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja justiça (sic) no nosso Brasil", disse o ex-presidente em ato realizado na avenida Paulista em 25 de fevereiro de 2024.
Considerado prioritário pela ala bolsonarista da oposição, o PL da Anistia é, além de um aceno à militância, uma espécie de vacina contra uma eventual condenação de Bolsonaro por crimes supostamente cometidos no âmbito dos atos de 8 de janeiro.
Pela manifestação desta quinta, Moro não compra essa estratégia inteira.
Hugo Motta e o PL da Anistia
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou na terça, 4, em entrevista à Globonews, que caberá ao Colégio de Líderes decidir se o projeto vai ou não ser votado.
"Vamos tratar tudo de forma muito tranquila e de maneira muito serena. Nosso trabalho será a busca de uma pacificação nacional, de harmonia, para que os Poderes constituídos tenhamos uma pauta de convergência nacional. É isso que o Brasil espera de nós."
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Comentários (4)
Sandra
2025-02-10 14:17:07Ali foram colocados todos no mesmo nível, acredito que a maioria só fez barulho, tinham que avaliar quem realmente cometeu crimes, como os vistos nas depredações e os que só se manifestaram. Ninguém deveria pagar por um crime não cometido, e muito menos por tanto tempo. Quanto ao Bolsonaro, foi mais que justo a pena, só espero que também não seja mais um descondenado no futuro
Amaury G Feitosa
2025-02-07 08:23:47ELEIÇÃO NÃO SE GANHA, SE TOMA ..... Qualquer Mané que tenha mais de dois neurônios viu com clareza que o tal "górpi" foi forjado pela ditadura hoje implantada no país que utilizou a manifestação contra as urnas que entendiam violadas, eu também entendo assim, que aproveitou e deu o passo inicial da implantação do real golpe de estado em claro curso na república violada e nação massacrada ... ditadores massacram, achacam e não perdoam suas vítimas mas nenhuma ditadura como nenhum ditador são eternos e esta escória cairá de pôdre ... e quem sobreviver verá !!! Eu idoso talvez não mas contra ela lutarei até o fim.
Marcia Elizabeth Brunetti
2025-02-06 16:51:38Concordo que as penas estão muito altas. Nem assassinos e traficantes pegam penas tão altas. Que se exaltaram, não tenho dúvidas. Uma horda de fanáticos lutaram por um idiota. Bozo merece sim punição. O triste é imaginar que será feito de tudo para tornar o Capetão elegível em 26, mas poucos se importam com esses bolsomínions que viraram criminosos por falta de educação.
Joaquim Arino Durán
2025-02-06 12:16:33Os "pobres coitados", até poderiam ter suas penas revistas. Já o incentivador dos atos e mentor de viradas de mesa, deveria estar no xadrez.