Adriano Machado/Crusoé

Maia: declarações de Bolsonaro vão no caminho contrário do que construímos

28.05.20 16:14

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (foto), criticou nesta quinta-feira, 28, a postura de Jair Bolsonaro, que elevou o tom contra o Supremo Tribunal Federal pela manhã. Na avaliação do parlamentar, as declarações do presidente “vão exatamente no caminho contrário” da busca pelo diálogo iniciada na última semana. 

Mais cedo, o chefe do Planalto atacou ministros da corte. “Não teremos outro dia igual ontem, chega”, afirmou, referindo-se às buscas e apreensões em endereços de empresários e ativistas bolsonaristas. As ações foram autorizadas por Alexandre de Moraes, que, antes, já havia determinado a intimação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para prestar depoimento. As medidas ocorrem no âmbito do inquérito que investiga ataques e ofensas ao tribunal e a difusão de notícias falsas.

Ao analisar a situação, Maia declarou que as falas de Bolsonaro são “muito ruins” e contrastam com ações do governo, uma vez que o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, usou as vias legais para tentar suspender a oitiva de Weintraub, ajuizando um habeas corpus no Supremo. Para o parlamentar, a investida deveria ter se limitado ao recurso.

“O importante é que ficasse no pedido formal e que o presidente pedisse pressa ao Supremo para decidir sobre o pleito. É legítimo. Qualquer cidadão pode, tendo uma investigação, um inquérito, operações, recorrer da decisão de qualquer ministro do Supremo. Mas tem que ser pelos caminhos legais e, não, na forma de tentar intimidar ou acuar outro Poder pelas decisões que toma”, argumentou.

Para o presidente da Câmara, Bolsonaro não pode acatar somente as decisões que lhe convém. “Tem o direito à crítica e o direito ao recurso”, pontuou. “O sistema democrático precisa ser respeitado e a sinalização aos brasileiros e também aos investidores estrangeiros é que nós vivemos numa democracia. E qualquer frase mal colocada como a de hoje pela manhã vai desgastando as relações, vai estressando as relações.”

Maia ressaltou, no entanto, que tentará manter a aproximação com o presidente. “Como eu disse, nós começamos um encaminhamento de diálogo muito produtivo. Nós não podemos, nesse momento de crise de saúde, econômica e social, desorganizar e deixar que as instituições fiquem conflitando e gerando insegurança para toda a sociedade brasileira.”

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